março 31, 2011

Coligações

Nas últimas semanas, todos os dias, há sempre uma figura importante das nossas elites que aparece com grande destaque na comunicação social a defender a necessidade imperial de uma "coligação alargada". Este fenómeno começou com os resultados das legislativas de 2009 mas acentuou-se com a iminência da crise política. E, de facto, esta ideia da necessidade de haver uma coligação, seja qual for o resultado das eleições, já entrou no quotidiano das pessoas.

Mas vamos lá ver uma coisa: como é que partidos tão pouco responsáveis como os nossos se vão entender depois de uma campanha eleitoral que será extremamente conflituosa? Como é que partidos - todos - que provocaram uma crise política idiota se vão coligar? Se o PSD e o CDS não se entendem em questões mínimas já antes da pré-campanha, conseguirão formar uma coligação governativa sólida? E como é que o PSD poderá trazer o PS para um possível governo quando os socialistas estão todos unidos à volta de Sócrates e passarão os próximos dois meses a atacar violentamente o partido de Passos Coelho?

março 29, 2011

No fundo é isto (retrato)

Então é assim:

1- O PS impôs as medidas de austeridade que nos levarão à recessão e é com elas que vai à luta, defendendo que são inevitáveis (se a Merkel e Bruxelas o dizem...) e que os partidos da oposição não deixaram o executivo governar.

2- O PSD foi na provocação de Sócrates, disse que já chegava de austeridade e mal o primeiro-ministro se demite chovem declarações de dirigentes e do seu líder a favor de aumentos de impostos, pacotes de austeridade ainda mais duros e garantias a Cavaco e a Bruxelas de que o plano actual é para seguir.

3- O CDS-PP também já disse que a austeridade do governo não serve, a deles é que é boa. Tudo porque não gostam muito do Sócrates. De resto, austeridade é que é o caminho, venha ela e mais recessão.

4- Os banqueiros e grandes empresários apelam à austeridade, apelam à união partidária entre os partidos que defendem a recessão e que asseguram os direitos e regalias dos tais empresários e banqueiros que, em plena crise, aumentam de forma considerável a sua fortuna.

5- A Grécia, que passou por planos de austeridade, está afundada numa grande recessão, a viver uma crise social e económica e não se vislumbra que saia rapidamente desta situação.

6- Portugal, com um grave problema de crescimento económico, vai, através da recessão, seguir o exemplo grego.

7- Há dois terços dos eleitores portugueses que estão dispostos a seguir esta via. Não há forma de os convencer de que este não é o rumo?

março 26, 2011

Fórmula 1 - antevisão da época 2011

Começa esta madrugada mais um campeonato de Fórmula1. Depois do emocionante ano de 2010, 2011 promete muito espectáculo. Com algumas mudanças técnicas importantes - regresso da Pirelli em exclusivo, p.e. - o divertimento pode ser elevado apesar de cada vez mais as pistas serem bastante monótonas. Esperemos que a estratégia possa trazer mais tensão às corridas já que se antevê que os Pirelli aguentem menos tempo em pista. Deixo aqui algumas notas:

1- Vettel e a Red Bull parecem os mais fortes. Mas o ano passado estes falharam gravemente em algumas corridas. São os grandes favoritos e Webber quer também ter maior preponderância na discussão das corridas. São grande pilotos e os favoritos.

2- A Ferrari falhou escandalosamente o ano passado o título de pilotos na última corrida. Este ano Alonso quer voltar aos títulos mas resta saber como andará o carro. E esta é a última oportunidade para Massa se mostrar como um piloto a sério já que tem sido um verdadeiro fiasco.

3- Hamilton e Button são fortes concorrentes mas o carro poderá não ter o nível dos seus pilotos. Assim, tudo dependerá da fiabilidade do carro.

4- Schumacher: mais um ano para esquecer? Tudo indica que sim. Um grande piloto a acabar a carreira da pior forma. Um dos piores regressos de sempre na história do desporto.

5- Dificilmente haverá alguém a intrometer-se na luta entre os Red Bull, os Ferrari e os McLaren. Heidfeld e Petrov com os Renault e Rosberg com o Mercedes são os únicos outsiders.

O PSD

Bastaram três dias para pôr a nu a fragilidade deste PSD. Contradições atrás de contradições - IVA e auditoria às contas públicas - e ter pessoas como Pedro Duarte a fazerem de porta-vozes demonstra como este partido não está preparado para ser governo, apesar de Passos Coelho estar à frente do partido há um ano. Acho que não estou preocupado. Estou assustado.

março 24, 2011

Dois pesos e duas medidas: a actuação do presidente

Em Agosto e Setembro do ano passado o país viveu mergulhado num irresponsável clima de crise política. Passos Coelho lançou o tabu da não aprovação do Orçamento para 2011, Sócrates ameaçou a demissão e o país andou mais de mês e meio na expectativa de entrar numa crise política. O que é que Cavaco fez? Resolveu agir, invocando o interesse nacional, lançando Catroga para negociar com o governo o tal Orçamento.

Em Março de 2011 o país viveu durante uma semana e meio mergulhado num clima de crise política. O PEC que o governo apresentou não contava com o apoio do PSD que já tinha viabilizado os anteriores. Sócrates ameaçou a demissão, Passos Coelho mostrou-se irredutível. O que é que Cavaco fez? Rigorosamente nada.

Caiu

E pronto, ao fim de pouco mais de uma semana de conjecturas e previsões, o governo caiu. Sócrates arranjou uma estratégia para cair atribuindo a responsabilidade à oposição. Passos Coelho fartou-se de dançar o tango e nem quer saber dos mercados nem dos avisos de Bruxelas, apenas quer o poder. Cavaco diz que ficou sem margem de manobra - pudera!, depois daquele discurso e de tão pouca habilidade política.
Caiu, portanto, mais um governo de maioria relativa. Apenas um em Portugal durou até ao fim, o primeiro de Guterres. E isto merece alguma reflexão.

março 20, 2011

Beco (com saída)

Já chega. O país entrou, definitivamente, no caos político e só eleições antecipadas resolvem o problema. Por um simples razão: já ninguém está a pensar no país e nos portugueses, apenas nos seus interesses políticos e partidários.
Cavaco optou por estar cinco anos de acordo com o Governo e a fomentar Orçamentos de austeridade para, mal pôde, lançar chamas sobre o cenário político.
O PSD e Passos Coelho, que se comprometeram com toda a austeridade possível e que, se fossem governo, estariam a adoptar medidas bem piores, estão agora muito indignados e a vontade de chegar ao Governo é tanta que a estratégia inicial de deixar queimar Sócrates em lume brando foi por água a baixo. Mas ainda não conseguiram informar que rumo pretendem dar ao país já que estão demasiado preocupados em perceber a melhor forma de "atacar o pote" como sugeriu Passos Coelho.
O Governo PS e o seu líder, Sócrates, também já desistiram de pensar no país. Numa jogada táctica que teve sucesso, apresentaram o PEC 4 sem dar cavaco a ninguém - apenas a Merkel e seus muchachos - e geraram quase um crise institucional. Por uma simples razão: Sócrates sabe que esta é a melhor altura para sair e tentar um bom resultado eleitoral. Os outros é que ficam com a responsabilidade da crise política, ele e o governo, coitados!, estavam só a cuidar dos interesses do país. Não há governo e não há rumo. E invocar a legitimidade eleitoral quando na campanha de 2009 prometeram todo o contrário do que andam a praticar é apenas ter muita cara de pau. Nada que já não estamos habituados no actual 1º ministro.
O CDS continua a girar à volta de Paulo Portas, apesar do crescente número de figuras de relevo que o rodeiam e que são bastante promovidas pelo seu líder. Mesmo assim, é Portas que controla tudo e erguem bem alto a bandeira do "fomos nós os primeiros a pedir que o chefe do governo saísse". Também sedentos de poder, já esboçaram todos os cenários de coligação possível: com o PSD, com o PSD e PS, e com estes dois mais o PCP. Ou seja, Portas quer ser poder custe o que custar. Mas toda a gente sabe que por detrás daquilo há o mesmo caminho seguido na política económica, portanto, austeridade e mais austeridade. Porém, há que dar mérito à forma como fazem oposição ao governo.
O PCP e o Bloco continuam iguais a si próprios. Devido à sua génese, não conseguem ser vistos pela opinião pública como uma alternativa credível. Apesar das ideias e do combate sério às políticas governativas, uma das soluções seria um entendimento alargado entre os dois partidos que mostrasse ao país que, à esquerda, há uma alternativa. Mas estes dois partidos estão demasiado entretidos a ver quem é mais de esquerda e quem é que fica à frente um do outro, enquanto o PS está morto e moribundo no que respeita a políticas de esquerda. Mas ainda vão a tempo.

E é assim: mergulhados numa grave crise económica e social, o país assiste - já não impávido e sereno, como nos provam as duas manifestações nos dois últimos sábados - às tácticas dos partidos, aos comentários dos opinion makers na TV e nos jornais, à espera de alguma solução. A meu ver só há uma: ir já para eleições para que cada um diga ao que vai e que saia legitimado da urnas. Só assim poderá haver quem pense o país sem pensar primeiro em si próprio.

março 16, 2011

A personalização da política


A evolução da política tem privilegiado uma maior personalização. As campanhas eleitorais enfatizam o carácter dos líderes, a discussão ideológica esvazia-se profundamente e os eleitores têm mais tendência a votar em pessoas do que em partidos. É apenas uma tendência e, apesar da importância dos partidos, cada vez mais os seus líderes têm um maior peso na hora de votar.
Em Portugal esta personalização parece estar a acentuar-se. Basta auscultar as pessoas para se percebe que a maior causa de desgaste deste governo chama-se José Sócrates. O primeiro-ministro, desde que foi eleito, puxou para si voluntariamente todo o protagonismo nas políticas governativas. Empenhou-se em quase todas as lutas políticas, deixando para trás quase todos os seus ministros - a ausência de ministros politicamente fortes, à excepção de Silva Pereira e Santos Silva, diz muito sobre a personalização do governo. As consequências eleitorais que poderá sofrer na pele não se devem a uma questão ideológica - é necessário lembrar que Sócrates foi eleito prometendo todo o contrário da política económica que anda a praticar? - mas devem-se a uma questão pessoal.
Se olharmos para as sondagens vemos que a alternativa a este governo que tem praticado austeridade é ainda mais austeridade. O PSD, embora ainda não seja claro o que Passos Coelho quer, chegará ao governo e fará tudo aquilo que Sócrates está a fazer. Quanto a isto não há dúvidas. E a maioria dos portugueses votou recentemente em Cavaco Silva, um político que vê na subserviência aos mercados e na austeridade o caminho correcto para o país.
O problema em Portugal é uma questão de credibilidade. Sócrates já não é bem visto por grande parte do seu eleitorado e, mesmo que a solução passe por mais do mesmo a nível das políticas praticadas, os portugueses parecem preferir uma outra cara. A próxima campanha eleitoral, que se avizinha cada vez mais, vai ser muito interessante de se seguir. Até porque não é de descartar que o próprio Sócrates consiga ganhar algum capital político devido à instabilidade do seu maior adversário.

Uma vergonha


“Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar”.

Cavaco é repugnante. Se quem ainda tinha dúvidas do pensamento mesquinho e conservador do presidente, esta declaração é a prova dos nove. Fazer a propaganda do Estado Novo em pleno século XXI é um ataque à democracia. Ter algum respeito por esta personagem torna-se cada vez mais difícil. Mais cinco anos a aturar isto, nesta época, é um cenário catastrófico.

março 13, 2011

Demagogia

Os comentadores habituais da nossa praça não gostaram da iniciativa da manifestação da geração à rasca, acusando a organização e a participação de demagogia porque não apresentavam soluções. Ontem, confrontados com os números impressionantes da participação na rua, esses mesmos comentadores foram rápidos a questionar onde é que estavam aquelas pessoas na hora de votar, quando não podem de forma alguma assegurar que os participantes na manifestação são habituais abstencionistas. Onde é que está a demagogia, agora?

março 11, 2011

A Europa


Este vídeo é particularmente interessante nos tempos que correm. Pouco mais de três anos passaram desde que Sócrates e Barroso lutaram pelo tratado de Lisboa. Nessa altura, afirmavam que era o tratado da Europa "unida e solidária" e que a União estava, a partir daí, "com os olhos postos no futuro". Depois, Sócrates pediu que "acordassem" os detractores do tratado e aqueles que na altura tinham dúvidas sobre a capacidade da Europa, jurando o nosso primeiro ministro que a Europa, com aquele tratado, estava "mais forte". E disse mais. Que a Europa era democrática e, por isso, deixava cada país decidir a melhor forma de ratificação do tratado.

Estas palavras, ouvidas hoje em dia, só dão para rir e para comprovar a fraqueza dos actuais protagonistas políticos europeus. Onde está Rompuy? Onde está Ashton?

A manif - razões para ir para a rua gritar


A manifestação que se realiza amanhã por todo o país que se intitula "Geração à Rasca" é um marco cívico na vida deste país. Desde o início dos anos 90, em pleno cavaquismo, que os jovens não se uniam massivamente por alguma coisa. Durante estes anos, inundados em promessas e numa globalização que fomenta um estilo de vida cada vez mais individualizado, os jovens - e o resto da população, já agora - alhearam-se da vida política e cívica. Porém, no meio desta crise económica e social em que vivemos há algo que faz mover os jovens. Sim, há a precariedade. Sim, há os estágios não remunerados. Sim, há o desemprego dos recém-licenciados. Mas há, sobretudo, uma insatisfação geral com o rumo que isto está a levar.
Não há aqui nenhuma antipatia para com os mais velhos. Não há inveja das gerações anteriores, por muito que elas possam ter vivido melhor do que a actual viverá. Não há um sentimento anti-partidário e anti-sistema em que se culpa exclusivamente os políticos e os donos do dinheiro pela precariedade dos jovens. Já não há quem queira um emprego para a vida. O que está em causa com esta manifestação é bem diferente.
O protesto das dezenas de milhares de jovens que se esperam que saiam à rua amanhã é apenas um grito, um aviso de como quem diz: "estamos aqui, queremos ajudar a mudar, mas têm que contar connosco e olhar para nós como parte activa do processo político e social". Em suma, esta manifestação pretende sinalizar o desencanto dos jovens com a evolução das coisas, seja das políticas que lhes apenas dizem respeito como também das outras, da austeridade, da política pouca aberta à sociedade ou subserviência para com as leis dos mercados e para com chanceleres de outros países. Mas também pretende dar um sinal claríssimo de que os jovens não estão adormecidos, sentados no sofá ou em frente ao computador à espera que tratem do futuro deles.
É assim que eu vejo a manifestação e é por isso que estarei amanhã na rua.

ps: a manif da geração à rasca tem sido abusivamente aproveitada para ser confundida com outras coisas, desde a manifestações de grupos anti-partidos até a grupos de extrema-direita. Muito dos nossos "distintos" comentadores atiraram-se aos participantes na manif de amanhã. Já nos apelidaram de tudo. Estão com medo, é a única coisa que posso concluir. Isso e ignorância, já que se tirassem cinco minutos do seu tempo e fossem ler o manifesto do protesto da Geração à Rasca perceberiam perfeitamente o que está em causa. Mas isso é pedir de mais a quem gosta de debitar banalidades.

março 10, 2011

O discurso de Cavaco


Cavaco entrou no segundo mandato da forma que anunciou: activo. Um discurso político, fortemente centrado nas questões económicas e cheio de referências estatísticas, um momento para sinalizar a sua nova forma de intervenção. Ninguém duvida de que Cavaco pensa mesmo aquilo e que o inquieta fortemente o rumo que o país está a tomar. Mas sobram algumas questões.

1- Onde é que esteve este Cavaco que, como 1º ministro, optou pelos caminhos que agora parece detestar? Falo das obras públicas, das parcerias público-privadas, da pouca transparência nos negócios.

2- Onde é que esteve este Cavaco durante os últimos cinco anos em que foi presidente da República, em que raramente se pronunciou sobre o rumo do país? Sim, disse que estávamos a entrar numa situação explosiva numa mensagem de Ano Novo. Mas qualquer um concorda que o discurso de ontem teve muito mais força e relevância do que esse. Onde é que esteve Cavaco na altura de promulgar os Orçamentos da austeridade que patrocinou através do seu fiel Catroga? Quantas mensagens à Assembleia mandou? Quantas vezes parou o país para alertar sobre o rumo deste? Pois, nenhuma. E ontem queixou-se da austeridade.

3- Lembram-se do discurso de tomada de posse de Cavaco em 2006? Pois aí, o presidente traçou também ele um diagnóstico e apontou o caminho a seguir. Falou em "convergência estratégica" e disse que ia "acompanhar com exigência" o exercício do governo. Apontou ainda cinco desafios: a) políticas para o desemprego e crescimento económico, b) recuperação dos atrasos em matéria de qualificação dos recursos humanos, c) reforço da credibilidade e eficência do sistema de justiça, d) a sustentabilidade do sistema de segurança social e f) a credibilização do sistema político. Passados cinco anos, como está o país nestes cinco aspectos? O que fez Cavaco para inverter a situação? O que fez pela Justiça? Pois, estamos conversados (não sei como é que nenhum candidato presidencial pegou neste discurso).

4- Cavaco apelou ontem à juventude para se mobilizar na luta por um país melhor. Eu sou novo mas lembro-me bem quando os jovens se manifestaram durante o seu consulado em São Bento e sei muito bem como foram recebidos: à pancada. Na altura, Cavaco pouco se importou com os jovens. Que legitimidade tem agora para vir apelar a mobilizações dos que sempre desprezou?

5- O discurso de Cavaco centrou-se, claramente, nas questões económicas. Voltamos a observar um presidente da República que não tem qualquer ideia para a Europa, nada que não seria de esperar, mas que envergonha sempre.

A estas questões junta-se uma outra que tem a ver com o cargo de presidente e os seus moldes. Já aqui várias vezes defendi que considero a existência de dois mandatos presidenciais um erro do nosso sistema político. Ao olharmos para os poderes que são atribuídos ao chefe de Estado, não é compreensível que ele tenha direito a ver renovados esses poderes porque o cargo de presidente da República em Portugal não tem um cariz político acentuado, logo deve ter uma postura de interesse nacional, sem nunca esquecer os seus ideais políticos, mas igualmente sem ser movido por quaisquer tácticas eleitorais.
Permitir a sua reeleição possibilita o que sempre temos observado: um primeiro mandato mais contido e sempre baseado num calculismo eleitoral; um segundo mandato sem qualquer constrangimento daquele tipo. Cavaco mostrou ontem que a tradição é para manter.

março 09, 2011

Social Network


Só há um par de dias pude ver o filme "Rede Social". Brilhante, muito bom mesmo. Jesse Eisenberg faz um grande papel, o argumento é genial, muito bem filmado e uma banda sonora espectacular. Só não percebo como é que o soporífero Discurso do Rei ganhou alguns óscares a este filme de David Fincher.

março 08, 2011

Os Homens da Luta


Primeiro foram os Deolinda com o seu sucesso musical "Parva que sou". Agora os "Homens da Luta" ganham o festival da canção de forma inesperada e através do voto dos telespectadores, contrariando a tendência dos votos dos júris da RTP (quem são?). E assim, de repente, gera-se à direita (nem tanto) e à esquerda - uma certa esquerda, como diz bem o Filipe Moura na caixa de comentários deste texto - uma revolta incompreensível para com este movimento musical de protesto.

Nos blogues e nas colunas de opinião, muitas vozes "respeitadas" da nossa praça insurgem-se contra as novas músicas de protesto, ora invocando a música dos anos 70 - essa sim, a verdadeira música de protesto! - ora alertando o bom cidadão para não entrar em revoluções, que isto não vai lá com a força da rua nem com cantorias. O ideal, para estas criaturas, é ficar em casa sentadinho, a ver o nosso primeiro de cócoras perante Merkel e os mercados, assistindo placidamente às tricas partidárias de PS, PSD e CDS (os outros são uns irresponsáveis, certo?) que nos levam sistematicamente ao desemprego, à precariedade, enfim, os autores destas músicas e os que as aplaudem são uns chatos, uns anti-democratas - Soares no seu melhor, esse grande vulto democrata, não é? - uns revolucionários, sem ideias na cabeça, que não gostam de políticos nem da política, que querem partir montras de bancos. O melhor mesmo é seguir os conselhos destes homens da opinião "livre" na comunicação social, que eles estão sempre certos, não é? E têm sempre contraditório, não é? Lá isso é (ups!, meti o Sérgio Godinho ao barulho).


ps: onde é que já se viu uns tipos como aqueles ganharem o festival? O melhor seria mandar outra vez o Rui Bandeira, a Anabela ou os Nevada, esses sim verdadeiros representantes do povo português no concurso da eurovisão. E já agora, se não gostam da música dos Homens da Luta, gostam de qual? Havia ali melhor música? Ou as pimbalhadas do costume misturadas com aquele toque techno meio fashion e com versos arrepiantes são melhores para agradar aos senhores da Eurovisão? Alto, esperem lá. Na Eurovisão é o voto do povo que decide. Teremos nova surpresa na Alemanha? Isso, sim, é que seria lindo.

março 04, 2011

Rui Rio e a mudança de regime


Está mais do que visto: Passos Coelho não consegue cativar o baronato do PSD e todos têm sonhos molhados com Rui Rio, Cavaco incluído. A sua postura na CMPorto é muito elogiada por Lisboa por ter posto "as contas em ordem" e o "Pinto da Costa no lugar". Rio é, de facto, o candidato preferido de muita gente, mesmo de votantes habituais do PS, e há uma vontade grande de tentar conciliar a agenda política para que Passos Coelho nunca chegue a ser 1ºministro. O futuro nos dirá se esses barões conseguirão o que querem mas vamo-nos centrar em Rui Rio.

Ontem, o presidente da CMPorto, lançou uma pequena bomba para dentro do partido: "Se houvesse eleições antecipadas, não haveria uma mudança de regime, mas uma mudança no Governo. Isto é de tal forma grave que uma simples troca de Governo é insuficiente". Rio quer, portanto, mudar muita coisa incluindo o regime. Como? Não sabemos. Quem pensa que Rui Rio é um homem com alguma visão política engana-se redondamente. Dono de um pensamento mesquinho, basta perceber como a cidade do Porto se tem dinamizado. Através da iniciativa privada, sem qualquer ajuda da autarquia que não está ali para dar esmolas a "intelectuais que fazem coisas esquisitas", o Porto tem melhorado na qualidade vida, mas ainda muito longe das possibilidades que pode oferecer. O que Rui Rio tem a oferecer ao país é mais do mesmo, não lhe conhecemos uma única ideia que possa contribuir para a tal "mudança de regime".

Mas o mais curioso é que o presidente da CMPorto teceu estas declarações na apresentação dum ciclo de debates intitulado "Grandes debates do regime". Olha-se para o painel de convidados e só vemos os grandes protagonistas deste regime. Estamos conversados sobre as intenções de Rui Rio, não estamos?

Ironia do destino

Portugal, com o lugar que conquistou no Conselho de Segurança da ONU, ganhou algum peso na diplomacia internacional. Com a crise na Líbia, o Conselho parece determinado em impor sanções ao país de Khadafi. Ora quem é que vai ser o país que vai presidir ao comité de sanções à Líbia? Pois, Portugal, um dos países que nos últimos anos mais batalhou para fortalecer os laços económicos com aquele regime ditatorial. O que dirá agora Luis Amado?