outubro 20, 2011

Cavaco - o próximo primeiro-ministro?


Cavaco não é sonso. É político há demasiado tempo e conhece bem os meandros da nossa praça. Para além disso, é um calculista e as suas declarações após o 5 de Outubro revelam bem isso.

Cavaco tem disparado para todo o lado. De uma forma totalmente incoerente, é ele que tem dominado a opinião pública e publicada, seja para o atacar, seja para o defender. E o que é curioso é que, em quinze dias, consegue que as mesmas pessoas o defendam e o ataquem veementemente.

Primeiro foi a culpa da Europa. Disse cobras e lagartos dos dirigentes europeus e responsabilizou-os pela crise das dívidas soberanas. Depois, e perante o Orçamento de Estado, vem pôr a maioria e o seu PSD em alvoroço. Para quem andou tanto tempo calado, desde a tomada de posse do novo governo até agora, parece plausível pensar que o homem aguentou até ao limite pela melhor altura para marcar a sua agenda.

E ela qual é: Cavaco quer ser ele a dominar o combate à crise. Já percebeu, e bem, que este Governo não está a conseguir enfrentar os problemas, que a maioria que o sustenta não é assim tão forte e que a oposição não existe.

Cavaco quer, à força toda, ser primeiro-ministro. E está a fazer tudo por tudo para que isso aconteça. Nem que para isso seja preciso derrubar o governo.

outubro 15, 2011

Marcelo Camelo



Depois de "Sou/Nós" - um excelente álbum de estreia a solo - Marcelo Camelo confirma toda a sua qualidade com o álbum "Toque dela". Letras simples, concisas e que encaixam de forma exemplar em melodias doces e suaves. Citando João Gilberto a propósito de Caetano Veloso, Marcelo Camelo "é o futuro".

outubro 13, 2011

Crescimento económico

Nos últimos dias, a opinião pública e publicada não tem falado de outra coisa senão crescimento económico. Vemos e ouvimos várias personalidades afirmarem que, além da austeridade, é preciso que a economia cresça e que o governo se esforce por fazer por isso. Mas, recuando uns meses e avaliando o que foi a campanha eleitoral, quem é que falou de crescimento económico? Quem é que disse até à exaustão que a austeridade e o acordo com a troika só nos conduziriam a uma recessão sem retorno? Pois.

outubro 10, 2011

As eleições na Madeira

O acto de eleitoral de ontem resume-se facilmente assim.

João Jardim e seus companheiros conseguiram renovar a maioria absoluta habitual mas com o pior resultado da sua história, o que apenas significa um aviso pequenino - a forma de governar será igual, agora com menos dinheiro mas com outras artimanhas. Daqui a 4 anos analisaremos mais uma maioria absoluta do PSD.

O CDS-PP conseguiu o resultado perfeito: ficar em segundo, humilhando o PS, aumentando muito o seu número de deputados e não tirando a maioria a Jardim. Caso isso acontecesse, seriam quatro anos extremamente difíceis de gerir. O seu presidente, apesar do bom trabalho, já anunciou que renuncia ao mandato regional para ficar em Lisboa. É tão bonito quando vemos o amor à causa regional morrer em menos de vinte e quatro horas.

O PS vai-se afundando. Um candidato regional muito fraquinho e um líder nacional que não soube capitalizar o seu estado de graça interno (se é que o teve ou terá alguma vez). Em resumo: um descalabro.

A esquerda, CDU e BE, quase que desaparecem, sobrando apenas um deputado comunista. O Bloco chegou ao ridículo de ser o único partido dos 9 na corrida eleitoral a não ter nenhum mandato. Um ano terrível para Louçã e para o seu partido que, diga-se, na Madeira nunca foi e dificilmente será oposição.

Depois, as sobras. As palhaçadas de José Manuel Coelho que, com um estilo jardinista de fazer campanha, conseguiu três deputados, um deles a filha. Enfim. Nova Democracia, Partido da Terra e Partido dos animais conseguiram, graças ao sistema eleitoral madeirense, um mandato cada e têm uma legislatura para provar aos madeirenses que podem ser representar alguma diferença. Principalmente o PAN, que nas legislativas teve uma votação surpreendente, e que roubou muitos votos ao Bloco. Agora voltou a fazer o mesmo e veremos como é que o seu deputado poderá trazer visibilidade para o partido a nível nacional.


outubro 02, 2011

A estratégia do Governo face à mobilização social

Soube-se hoje que a PSP e as secretas portuguesas estão à espera dos maiores tumultos desde o PREC. Um dia depois de uma boa mobilização nas ruas e completamente serena, não deixa de ser estranha esta notícia. Mas, no contexto, ela encaixa-se na estratégia de comunicação que o Governo tem vindo a construir desde que chegou ao poder. Vejamos:

- vários ministros, principalmente o Passos Coelho, já sublinharam múltiplas vezes que maiores dificuldades estão a caminho e que os portugueses têm que enfrentar ainda mais sacrifícios nos próximos anos;

- quase todos os responsáveis políticos ligados à maioria insistem em sublinhar que o objectivo português é não ser a Grécia e que é esse sinal que temos que mandar para o exterior;

- todos os ministros, quando têm que justificar medidas, remetem para o acordo com a troika da seguinte forma: "85% dos portugueses subscreveram o memorando";

- Quer governo, quer Cavaco, em cada intervenção, insistem na união nacional, no consenso, no "temos que remar todos para o mesmo lado".

Ou seja, a estratégia passa por repetir até à exaustão que o pior ainda está para vir, que temos que nos comportar muito bem porque na Grécia é tudo uma cambada de insurrectos e que a larga maioria dos portugueses concorda com tudo o que o Governo faz.

O que o Governo quer, por outras palavras, é isolar os descontentes, pondo-os, em último caso, contra o resto do país, fazendo com que a sua luta seja desprezada e ignorada.