maio 11, 2009

Igual aos outros

De repente, o país esqueceu a crise. Não que ela tenha deixado de ser falada. Mas apenas na campanha política. Tal como se esperava, a partir do momento em que começassem as eleições os media iriam apenas centrar-se nas lutas políticas. A gripe lá do México veio também ajudar a entreter o pessoal e, agora, os confrontos na Bela Vista abrem os telejornais.
Surgiu, entretanto, o mito do Bloco Central para alegria dos jornalistas que, a cada entrevista que dão, seja a um político, a um empresário ou mesmo a um taxista, perguntam pelo tal Bloco Central (que já existe, reafirmo!). Portanto, se aqui há dois meses, ainda longe destas andanças eleitorais, estávamos todos à beira do abismo, isto de 2009 é que ia ser um ano mau, etc, etc, etc, em pleno mês de Maio a crise parece estar esquecida e fala-se de tudo menos dela. E soluções? E ideias? E rumo para este país que este ano tem três eleições para entreter o pessoal?
E é aqui que entra Cavaco em cena. O presidente lá vai lançando uns recados meios esquisitos, muito ambíguos, difíceis de traduzir. Já apelou à unidade, ao bom-senso nas contas num momento de crise, à discussão sobre temas importantes. Ou seja, parece que Cavaco é o único interessado em que se discuta o país. Puro engano. O presidente podia ter feito uma coisa muito simples. Marcar as eleições legislativas para agora, junto às europeias. Só havia boas razões para o fazer: fazia com que a abstenção eleitoral nas europeias, sempre menos concorridas, subisse; o novo governo teria mais que tempo para preparar o Orçamento de Estado de 2010 (importantíssimo). Assim, mantendo as legislativas lá para o último terço do ano, num acto meramente político, tentando favorecer o seu partido e a líder Ferreira Leite, Cavaco revelou-se igual aos outros. E é responsável directo por estarmos no meio de uma crise a discutir Maizenas. Quando, a partir de Junho, poderia o país estar a preparar-se para um novo ciclo político. Temos o que merecemos.

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