Realizam-se no próximo domingo eleições regionais em Itália. 13 de 20 regiões vão a votos e a campanha eleitoral tem sido marcada por alguns escândalos, ou não estivéssemos a falar de Itália. O atraso na entrega das listas nas regiões da Lombardia e da Lázio por parte do partido de Berlusconi, il Popolo della Libertà (PdL), foi o grande caso da campanha. Nesta não tem havido uma discussão séria dos problemas do país e das regiões já que os ataques pessoais e as acusações estão sempre presentes, quer da parte da esquerda quer da direita. Não há volta a dar: o debate político italiano está confinado a isto. As secções do jornais chamam-se, por alguma razão, "Política e justiça".
Ontem, o PdL foi à rua. Um grande comício organizado em Roma marcou o dia, Berlusconi foi o grande protagonista. Um discurso empolgante de mais de 30minutos perante milhares de pessoas - a contagem do número de apoiantes presentes em Roma é a nova discussão do fim-de-semana político aqui em Itália - provou que Il Cavaliere continua igual. Ataques à esquerda, pouco conteúdo sobre questões políticas, uma valorização das emoções. Isso mesmo estava patente no slogan do enorme palco do comício: "O amor vence sempre sobre a inveja e o ódio". A matriz do discurso de Berlusconi foi a valorização da liberdade, a paixão pelo país, a dedicação à causa pública, características apenas presentes no PdL e que a esquerda desdenha, segundo o presidente do conselho, porque só se interessam pelo ataque pessoal e pelo ódio ao seu governo e ao povo italiano que vota nele.
O comício teve outros pontos altos. A presença de Umberto Bossi, líder da Lega Nord - extrema-direita - junto a Il Cavaliere foi um momento alto, motivou rasgados elogios do premier italiano e enorme entusiasmo na rua. A coligação parece estar para durar, apesar de algumas críticas de Bossi há umas semanas atrás depois da confusão das listas. Outro grande momento foi a presença da maior parte dos candidatos regionais no palco. Chamados um a um por Berlusconi, num acto de vassalagem ao líder pouco visto nos nossos dias, os candidatos apenas sorriam perante os elogios do líder, beijavam-no e diziam "grazzie mille". Em seguida, foram convidados a ler uma espécie de juramento político, em sintonia, perante a grande satisfação de Berlusconi. Um espectáculo grandioso, bem ao jeito de Il Cavaliere.
As eleições regionais em Itália deverão ser ganhas pelo Partido Democrático (Pd) - na senda de 2005 - na medida em que vencerão um maior número de regiões. No entanto, o PdL deverá ter o maior número de votos. Mas neste aspecto se verá como está a popularidade do governo do PdL e da Lega. As sondagens dão um quebra de confiança em Berlusconi desde os escândalos sexuais de há uns meses, agravados pela polémica das listas, passando ainda por mais acusações da justiça a Il Cavaliere por abuso de poder. Por isso Berlusconi está tão empenhado nas eleições regionais de 28 e 29 de Março.
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