setembro 10, 2010

Televisão portuguesa


No início de Setembro não se assiste só a habitual reentré política. As principais cadeias de televisão anunciam com pompa e circustância as novidades nas suas grelhas de programação. Infelizmente, Setembro de 2010 não volta a trazer novidades nenhumas, num cenário semelhante aos últimos anos. Focando apenas as televisões que emitem em sinal aberto - as mais vistas pelos portugueses - é fácil concluir algumas coisas. E não é preciso grande conhecimento para se tirar uma radiografia da televisão em Portugal na medida em que a programação não varia quase nada de estação para estação.

A TVI parece ter encontrado a sua fórmula de sucesso há uns anos atrás. Novelas, novelas e mais novelas, para de vez em quando aparecerem conteúdos informativos - telejornais na sua grande maioria - e os talk shows de baixo nível que todos conhecemos, com Goucha e Júlia Pinheiro como estrelas. Agora com a novidade Fátima Lopes a prometer dinheiro aos portugueses - espera-se o pior - a TVI reforça o sensacionalismo que nos tem habituado. E teremos também mais um Big Brother. Os portugueses gostam, a TVI continua a oferecer a mediocridade.

Já a SIC, sempre na busca da liderança das audiências, tem uma tendência para imitar a rival TVI. Por isso, com uma programação idêntica, a estação de Carnaxide tem pouco para oferecer de novo. Uma nova novela, depois do fracasso de uma outra, é nos anunciada como a "novela da nossa gente", mais um daqueles slogans ridículos que enchem outdoors. O "ídolos", que vai tendo espectadores, volta ao ecrã mas a outra boa-nova da SIC é a mudança de Conceição Lino para os programas de "entretenimento" da tarde. Resta saber o que traz esta mudança: dificilmente algo de novo até porque o "Nós por cá" era já um triste programa, muito próximo do populismo básico dos outros que vai substituir. Assim, a SIC continua a apostar em mais do mesmo.

Por último, a RTP1 - a rtp2 é um caso diferente - que, apesar de ter uma grelha diferente dos outros canais, continua a mostrar uma fraca capacidade para se reinventar. Há anos que a forma é a mesma - Bom dia Portugal, Praça da Alegria, Jornal da Tarde, novela brasileira de fraquíssima qualidade, portugal no coração, portugal em directo, peso certo, telejornal, concurso de cultura geral. Por vezes temos em horário nobre uma série histórica ou um filme mas não é suficiente. Já a programação de fim-de-semana é igualmente formatada desde há muito tempo, em que a lógica de serviço público - dava um outro debate - é completamente esquecida.

Uma nota final para a televisão em Agosto: se já não espero nada das televisões privadas, da estação pública espera-se sempre mais alguma coisa. A programação de Verão da RTP1 revelou a constante falta de respeito dos seus responsáveis para com os espectadores: repetições de repetições de séries, filmes já vistos e revistos e nada de novo.

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