janeiro 23, 2012

Descobriram o Cavaco



As polémicas declarações de Cavaco sobre a sua reforma incendiaram a opinião pública e publicada, são vários os nomes à direita que se indignaram com o presidente ("p" bem pequenino...) e até já há uma petição exigindo a sua demissão. Apesar de adorar este entusiasmo contra Cavaco e de, finalmente, a maior parte da população - a que votou nele, principalmente - estar a descobrir o ser humano que reside em Belém, não consigo deixar de pensar onde andaram estes indignados todos.

Onde é que estava a maioria da população quando Cavaco ofendeu as mulheres portuguesas?

Onde é que estava a maioria da população quando Cavaco, com aquele ar saloio em Trás-os-Montes, diz "eu adoro andar de comboio", ele que tinha contribuído para encerrar um número enorme de linhas de caminhos-de-ferro?

Onde é que estava a maioria da população quando Cavaco, sistematicamente e com aquele ar de professor sábio e superior, recusa comentar qualquer assunto?

Onde é que estava a maioria da população quando Cavaco se recusou a ir ao funeral de Saramago, o único Nobel da Literatura de língua portuguesa até então e o último Nobel português dos últimos 50 anos?

Onde é que estava a maioria da população quando Cavaco criou o caso das escutas, uma dos episódios mais degradantes da história da Presidência da República?

Onde é que estava a maioria dos portugueses quando Cavaco pediu "aos jovens o mesmo empenho que os portugueses que combateram na Guerra Colonial há 50 anos"?

Onde é que estava a maioria da população quando Cavaco, após a a sua vitória, proferiu o discurso mais mesquinho e vingativo que há memória numa vitória eleitoral em Portugal?

Onde é que estava a maioria da população quando Cavaco não soube explicar a trapalhada BPN?

E a lista poderia continuar. Enfim, é uma pena que grande parte do país e da comunicação social tenha só agora reparado na triste figura que colocou em Belém.

janeiro 21, 2012

Seu Jorge


"Músicas para churrasco, volume 1" é um disco terrível. Bem sei que as minhas expectativas em relação a Seu Jorge são elevadas. Mas nunca pensei que o músico brasileiro pudesse criar algo tão simplista e medíocre. Um disco que nem serve para música de fundo de um churrasco sem picanha. 

janeiro 15, 2012

O PS e Seguro

Para além do próprio e de mais dez militantes do Partido Socialista que o rodeiam, não há ninguém em Portugal que acredite que António José Seguro conseguirá algum dia ser 1º ministro. E para aumentar mais esta certeza, nada como se rodear das pessoas erradas.

Seguro não escolheu a bancada socialista, é certo. E, tal como Ferreira Leite em 2008 e 2009, dificilmente terá os deputados do seu lado se não cheirar a poder no Largo do Rato - que foi o que sucedeu a Passos Coelho que, sem a bancada do seu lado, beneficiou da longa espera a que já estava remetido o PSD na oposição. Porém, Seguro rodeou-se muito mal. Junqueiro, Carneiro, Galamba (António), Zorrinho, enfim, tudo gente muito enfadonha.

E, não menos importante, Tó-Zé Seguro está longe de ter a comunicação social do seu lado. Basta olhar para os programas de debate na televisão ou para os artigos de opinião nos jornais. Quem é que, neste momento, defende Seguro no espaço mediático? Ninguém. Mesmo os comentadores afectos ao PS não estão ao lado de Seguro - Assis, Galamba (João), Costa, só para citar três dos mais mediáticos. 
 

janeiro 11, 2012

Dividir para reinar



E depois das nomeações da EDP, eis que o Governo anuncia as nomeações para as Águas de Portugal. Nada disto é surpreendente. Só que, depois de uma campanha eleitoral em que o PSD e o seu líder afirmaram várias vezes - e fizeram disso bandeira - que não queriam ir para o governo para distribuir tachos pelos boys e girls do partido, estas notícias são a mostra do descaramento deste executivo.

Foram os hospitais, foi a Caixa Geral, foi a EDP, agora as Águas de Portugal, e sabe-se lá quantas mais nomeações para empresas públicas tiveram um carácter fortemente partidário. Enfim, só se surpreende quem quer e quem acreditou na bondade das palavras do PSD durante a campanha eleitoral. 

Tomás Vasques, no Facebook, recordou a frase de Passos Coelho durante uma entrevista ainda como líder da oposição: "não estamos com pressa para ir ao pote". Tanto tiveram pressa, como se estão a lambuzar.

janeiro 08, 2012

Uma semana, o espelho do país

Na primeira semana de 2012, há quatro notícias que espelham bem a realidade do país. 

1- A ida da Jerónimo Martins para a Holanda. Imitando as grandes empresas portuguesas, a empresa de Soares dos Santos fugiu para os Países Baixos à procura de melhores condições fiscais. Nada contra não fosse o seu presidente Alexandre um dos "senadores" que inundou a opinião pública portuguesa com dezenas de intervenções apelando ao trabalho, união e empenho dos portugueses para ultrapassar a crise. Ele, como a maioria dos que a toda a hora debitam disparates nos media, mostrou de que fibra é feito. Não é ilegal a acção da Jerónimo Martins mas é carregada de imoralidade dado o passado recente. E são criaturas assim que os media gostam de ouvir atentamente sobre o país. Espero que Barreto imigre juntamente com o patrão.

2- A Maçonaria. Deputados, empresários, directores de jornais, membros de serviços secretos, directores de empresas. Tudo isto junto numa sociedade secreta da qual pouco se sabe. O que tem vindo a lume é uma perigosa teia de relações entre os seus membros com todas as consequências que isto tem para a democracia. 

3- Um estudo revela que, de todos os países onde está a ser aplicada austeridade no combate à crise, Portugal é aquele que tem medidas mais gravosas para as classes mais pobres. A justificação deve ser a do costume: não se pode taxar os mais ricos porque senão eles fogem. Mas espera aí, eles já não fugiram todos na mesma?

4- Depois da privatização da EDP, Catroga será o novo chairman da empresa controlada pelo estado chinês. O homem dos pintelhos e da foto do telemóvel, que no primeiro semestre de 2011 não parou um segundo, tem agora a recompensa depois de tanto esforço. Este era o governo que ia para São Bento não para distribuir tachos pelos amigos, não era?