setembro 29, 2010

Especialistas

Uma das áreas mais contamindas pelo pensamento único é o jornalismo económico na imprensa e televisão generalistas. Veja-se este exemplo do jornal Público.

Dia quente

Hoje o dia é especialmente agitado em Espanha (greve geral) e em Itália (moção de confiança ao governo Berlusconi). Para acompanhar até ao fim do dia.

setembro 23, 2010

À deriva

Cavaco, na sua atarefada pré-campanha presidencial, já não sabe mais o que dizer. Sobre os assuntos importantes, quase nada: só sabemos que quer a aprovação do orçamento para não haver problemas durante a corrida a Belém e sobre a revisão constitucional alertou os portugueses que só se deve mudar para melhor - o "princípio da melhoria incontestável" penso que foi esta a expressão que usou, mais uma das muitas bizarras declarações com que Cavaco costuma brindar os portugueses. Fora isto, o presidente vai andando pelo país e, deparando-se com um problema, faz uma declaração solene em que expõe problemas graves que assolam Portugal. Na terça-feira, o alerta para a deficiente exploração económica do mar. Na quarta, um pedido ao governo para que olhe para o interior do país. Nitidamente à deriva e sem nenhum peso na consciência.

setembro 21, 2010

Carrilho


A saída de Carrilho da UNESCO é reveladora da atitude do PS. Abstenho-me de mais comentários, sugerindo algumas leituras:




e, porque não, Manuel Maria Carrilho.

A guerra


"A guerra nunca partiu, filho. As guerras são como as estações do ano: ficam suspensas, a amadurecer no ódio da gente miúda".

setembro 17, 2010

Vergonha

Revisões

Se, como disse ontem, Passos Coelho está "cada vez mais convencido" que o governo não cumprirá a legislatura até ao fim, a forma como o PSD se tem apresentado ao país através da revisão da Constituição revela apenas uma péssima estratégia. Nem me refiro ao seu conteúdo mas sim ao pouco interesse que tem na opinião pública. Sugiro a Passos Coelho uma coisa: rever - um verbo muito querido no seu partido - a pré-campanha de Sócrates e do PS enquanto o governo Santana ia morrendo devagarinho. Lembram-se do que aconteceu a seguir? Pois, Passos Coelho também já teve nas sondagens a maioria absoluta. Mas a revisão constitucional fez voltar tudo à estaca zero.

Parado

Nos últimos dias, à semelhança do que aconteceu no primeiro semestre deste ano, surgiram novos alertas em relação à economia e finanças portuguesas. Nova Grécia, intervenção do FMI, alarmes por todo o lado. Parece que, de facto, a coisa está preta. Mas ninguém quer resolver já que o país político está parado desde o início do ano 2009.
O calculismo eleitoral está em toda a parte - governo, oposição e presidente - e ninguém tem coragem para tomar decisões. O governo vai cumprindo serviços mínimos, com alguns ministérios parados, outros enfrentando problemas ocasionais. A oposição vai contestando as políticas do governo sem mostrar grande alternativa, principalmente o PSD que se amarrou à revisão constitucional e a umas ameaças de não aprovação do Orçamento. BE, PCP e CDS vão fazendo o seu trabalho mas sempre com a calculadora na mão - o primeiro só agora é que está a recuperar do facto de o resultado das legislativas não lhe ter a possibilidade de condicionar o governo, Paulo Portas e companhia vão berrando para tentar manter o óptimo resultado do ano passado, sem se comprometerem demasiado com o governo de forma a que, numas próximas eleições, sejam a muleta necessária de Passos Coelho e do PSD.
Por fim, o presidente já anda em campanha há muito tempo, ou seja, tudo o que possa beliscar a imagem de Cavaco para Janeiro não sai de Belém.
E é assim: temos o país parado politicamente.

setembro 12, 2010

Nadal


Daqui a pouco o espanhol jogará a sua primeira final do US Open. Mas este já não é o Nadal que começou a despontar em Paris e no pó-de-tijolo. É, desde há uns dois anos, um jogador completo em todos as superfícies e com um ténis a roçar a perfeição, embora diferente da mesma perfeição que Federer exibe. O espanhol é mentalmente mais forte e isso, junto com a sua forte pancada, permite-lhe muitas vitórias. Fora do campo, contrariando aquela figura competitiva dentro do court, é capaz de dizer coisas destas, de deixar de rastos qualquer amante de Federer.

Confesso: ainda não me conformei com a quebra (natural) de Federer. Ainda sonho com mais um ou dois Slams. Mas hoje vou torcer pelo Nadal. Por duas razões: porque é contra o tenista mais irritante do circuito - a juntar ao seu staff - e porque o espanhol é o melhor do mundo da actualidade.

setembro 11, 2010

O caso Farewell


Kusturica em grande como...actor. Depois de o vermos como um grande realizador e como um excelente músico, em "O caso Farewell" o sérvio mostra que pode ser um belíssimo actor. E, para além disso, o filme é muito bom, baseado numa história real no início da década de 80 em plena Moscovo durante a Guerra Fria.

setembro 10, 2010

Televisão portuguesa


No início de Setembro não se assiste só a habitual reentré política. As principais cadeias de televisão anunciam com pompa e circustância as novidades nas suas grelhas de programação. Infelizmente, Setembro de 2010 não volta a trazer novidades nenhumas, num cenário semelhante aos últimos anos. Focando apenas as televisões que emitem em sinal aberto - as mais vistas pelos portugueses - é fácil concluir algumas coisas. E não é preciso grande conhecimento para se tirar uma radiografia da televisão em Portugal na medida em que a programação não varia quase nada de estação para estação.

A TVI parece ter encontrado a sua fórmula de sucesso há uns anos atrás. Novelas, novelas e mais novelas, para de vez em quando aparecerem conteúdos informativos - telejornais na sua grande maioria - e os talk shows de baixo nível que todos conhecemos, com Goucha e Júlia Pinheiro como estrelas. Agora com a novidade Fátima Lopes a prometer dinheiro aos portugueses - espera-se o pior - a TVI reforça o sensacionalismo que nos tem habituado. E teremos também mais um Big Brother. Os portugueses gostam, a TVI continua a oferecer a mediocridade.

Já a SIC, sempre na busca da liderança das audiências, tem uma tendência para imitar a rival TVI. Por isso, com uma programação idêntica, a estação de Carnaxide tem pouco para oferecer de novo. Uma nova novela, depois do fracasso de uma outra, é nos anunciada como a "novela da nossa gente", mais um daqueles slogans ridículos que enchem outdoors. O "ídolos", que vai tendo espectadores, volta ao ecrã mas a outra boa-nova da SIC é a mudança de Conceição Lino para os programas de "entretenimento" da tarde. Resta saber o que traz esta mudança: dificilmente algo de novo até porque o "Nós por cá" era já um triste programa, muito próximo do populismo básico dos outros que vai substituir. Assim, a SIC continua a apostar em mais do mesmo.

Por último, a RTP1 - a rtp2 é um caso diferente - que, apesar de ter uma grelha diferente dos outros canais, continua a mostrar uma fraca capacidade para se reinventar. Há anos que a forma é a mesma - Bom dia Portugal, Praça da Alegria, Jornal da Tarde, novela brasileira de fraquíssima qualidade, portugal no coração, portugal em directo, peso certo, telejornal, concurso de cultura geral. Por vezes temos em horário nobre uma série histórica ou um filme mas não é suficiente. Já a programação de fim-de-semana é igualmente formatada desde há muito tempo, em que a lógica de serviço público - dava um outro debate - é completamente esquecida.

Uma nota final para a televisão em Agosto: se já não espero nada das televisões privadas, da estação pública espera-se sempre mais alguma coisa. A programação de Verão da RTP1 revelou a constante falta de respeito dos seus responsáveis para com os espectadores: repetições de repetições de séries, filmes já vistos e revistos e nada de novo.

setembro 09, 2010

Carlos Cruz e a RTP


Durante a azáfama que tem sido o processo Casa Pia nos órgãos de comunicação social, Carlos Cruz tem falado bastante. É a figura mais mediática e a sua condenação não é ignorada pelos media. Porém, o comportamento da RTP neste processo tem sido vergonhoso: o tempo de antena que Cruz tem tido na estação pública roça o nível máximo do compadrio e da indecência. Ora é entrevistas nos telejornais, ora é nos "especiais informação", ora é no Prós e Contras, ora é numa entrevista individual a Judite Sousa. O que é demais é erro e a RTP tem tomado um partido - o condenado Cruz - tentanto contaminar de todas as formas a opinião pública, mais parecendo um tribunal popular. Já chega.


ps: sobre o processo Casa Pia e a sua sentença ler o Daniel Oliveira duas vezes: aqui e aqui.