setembro 28, 2011

A esquerda está parada

Após 100 dias de governo PSD-CDS, com a troika instalada em Portugal, com aumentos de impostos, com desemprego em alta e sem crescimento económico, não deixa de ser impressionante que o 1º ministro e restante executivo tenham, nas sondagens que saíram nos últimos dias, uma taxa de aprovação muito alta.

Não foram 100 dias fáceis. Como se calculava, foram tomadas medidas contra o discurso proferido na campanha eleitoral e que afectam na pele milhões de portugueses que já têm a corda ao pescoço. Mas apesar disto, o eleitorado parece disposto a aceitar estes sacrifícios e acredita que o rumo do governo é acertado. Não é por acaso que todos os ministros quando falam aos jornalistas referem sempre o pormenor dos "85% dos eleitores que votaram em partidos que subscreveram o programa da troika". O discurso da inevitabilidade da austeridade pegou firmemente.

E a oposição? O PS está preso ao acordo e a uma liderança patética que durará dois anos, para não falar numa bancada parlamentar muito fraca e claramente comprometida com o consulado Sócrates - Seguro terá muita dificuldade em marcar a agenda política. O PCP não muda o ADN e, por isso, não se espera muito mais do que temos visto e ouvido nos últimos 25 anos. Resta o Bloco. Que, apesar de ter tido uma humilhante votação em Junho, não fez nenhuma mudança significativa na sua intervenção política. As principais figuras mantêm-se e a forma de fazer política é idêntica: ou seja, nada parece ter mudado.

Não se pode ser derrotado como o Bloco (e a esquerda) foi e não haver alterações. Pode-se contra argumentar dizendo que mais vale isso do que alterações de "fachada". Provavelmente. Mas a ideia que o Bloco dá aos seus eleitores e ao eleitorado de centro-esquerda é que é um partido meramente de protesto, incapaz de encontrar consensos e que a oposição a um governo PS é exactamente igual a um governo PSD-CDS que, como se sabe, está bem mais à direita em muitos aspectos do que o anterior executivo.

A esquerda está, portanto, fechada sobre si própria à espera que o descontentamento dos portugueses aumente e que vá cair no colo dos protestos comunistas e bloquistas. Será a melhor estratégia? Duvido.

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