outubro 02, 2011

A estratégia do Governo face à mobilização social

Soube-se hoje que a PSP e as secretas portuguesas estão à espera dos maiores tumultos desde o PREC. Um dia depois de uma boa mobilização nas ruas e completamente serena, não deixa de ser estranha esta notícia. Mas, no contexto, ela encaixa-se na estratégia de comunicação que o Governo tem vindo a construir desde que chegou ao poder. Vejamos:

- vários ministros, principalmente o Passos Coelho, já sublinharam múltiplas vezes que maiores dificuldades estão a caminho e que os portugueses têm que enfrentar ainda mais sacrifícios nos próximos anos;

- quase todos os responsáveis políticos ligados à maioria insistem em sublinhar que o objectivo português é não ser a Grécia e que é esse sinal que temos que mandar para o exterior;

- todos os ministros, quando têm que justificar medidas, remetem para o acordo com a troika da seguinte forma: "85% dos portugueses subscreveram o memorando";

- Quer governo, quer Cavaco, em cada intervenção, insistem na união nacional, no consenso, no "temos que remar todos para o mesmo lado".

Ou seja, a estratégia passa por repetir até à exaustão que o pior ainda está para vir, que temos que nos comportar muito bem porque na Grécia é tudo uma cambada de insurrectos e que a larga maioria dos portugueses concorda com tudo o que o Governo faz.

O que o Governo quer, por outras palavras, é isolar os descontentes, pondo-os, em último caso, contra o resto do país, fazendo com que a sua luta seja desprezada e ignorada.

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