A Irlanda, que se encontra mergulhada numa grave crise financeira, foi a votos no último fim-de-semana e, sem surpresa, o partido do governo - Fianna Fáil - foi estrondosamente derrotado nas urnas. Este partido de direita, à muitos anos à frente dos destinos do país, teve o pior resultado de sempre: perdeu 59 deputados (em 166) e passou de 41,6% dos votos para 17,4%, números que exemplificam muito bem a derrota deste partido e de toda a sua política económica ao longo das últimas duas décadas.
Mas o partido vitorioso destas eleições legislativas não foi um partido de esquerda. O segundo maior partido irlandês é, também ele, de direita: o Fine Gael. Embora mais centrista que o Fianna Fáil, não é grande a diferença ideológica entre os dois. Mesmo assim, sentam-se em diferentes grupos partidários no Parlamento Europeu. O Fianna Fáil ao lado dos liberais, o Fine Gael tem lugar no Partido Popular Europeu.
Nos resultados das eleições, o Fine Gael não conseguiu a maioria absoluta, apesar da vitória. 70 deputados e 36,1% dos votos não chegaram para que este partido pudesse, a partir de agora, tomar conta sozinho dos destinos do país. Terá que encontrar um parceiro de coligação mas, por agora, a grande pergunta que se coloca é se a Irlanda irá mesmo mudar de rumo e se essa mudança será definitivamente diferente da que tem sido seguida até agora e que foi numerosas vezes elogiada por todo o lado, inclusivé em Portugal.
Quanto aos países da esquerda irlandesa, os Trabalhistas passaram para segunda força política com 19,4% dos votos (aproximadamente mais 10% do que tiveram, em média, nas últimas três legislativas, regressando a valores de 1992) e 36 deputados, o que representa um aumento de 16 em relação às legislativas de 2007 e 2002 onde foram eleitos 20 deputados trabalhistas. Um resultado muito bom, dada a história eleitoral, mas que, mesmo à distância, nos permite dizer que na Irlanda as políticas de esquerda não ganham a força necessária para serem alternativa mesmo com uma crise económica e financeira provocada, quase em exclusividade, pelas políticas neo-liberais verificadas naquela ilha. Contudo, é um resultado que permite, segundo a imprensa, serem o aliado preferencial do partido vencedor, embora as duas votações somadas não cheguem para formarem uma maioria absoluta - faltam ainda conhecer o destino de 12 mandatos parlamentares, em consequência de na Irlanda haver o sistema de voto único transferível, muito complexo mas que permite aos cidadãos uma escolha mais directa dosn seus representantes.
Uma nota final para o Sinn Féin, o partido com origens na Irlanda do Norte e com ligações ao IRA, agora já desfeitas. O partido de Gerry Adams, à frente do partido desde o início da década de 80, foi pela primeira vez eleito como quarta força política na Irlanda e passou de 4 deputados e 6,9% dos votos em 2007 para 13 deputados e 9,9%.
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