novembro 09, 2011

O fim de Berlusconi?

Berlusconi, acossado com pela crise da zona euro, foi obrigado a abandonar o barco, tendo anunciado a sua demissão para as próximas semanas depois de aprovadas uma série de leis orçamentais. Mas será que esta sua saída significará mesmo o fim de Il Cavaliere na política italiana?

As pessoas que conheçam minimamente a história política italiana dos últimos anos dificilmente podem acreditar nisso. Ele já esclareceu que não se recandidata mas Napolitano, o presidente da República, está a ano e meio do fim do mandato e há quem acredite que Berlusconi tem o desejo de passar para o Quirinale. Esta não é uma hipótese assim tão descabida: a nomeação é feita no Parlamento e basta uma maioria simples após a primeira votação.

Mas esqueçamos esta questão e olhemos para o futuro imediato da política italiana. A demissão do primeiro-ministro implica, conforme o próprio explicou, a convocação de eleições antecipadas. Neste cenário mais provável é difícil fazer prognósticos. Porém, e apesar das derrotas nos referendos deste ano e nas municipais, em Milão por exemplo, os partidos da direita - PdL e Lega Nord - não têm assegurada nas urnas uma derrota. Bem pelo contrário, já que o centro-esquerda italiano vive uma crise profunda e os seus responsáveis não conseguem colher o entusiasmo de boa parte dos italianos em parte porque são incapazes de apresentar soluções credíveis e alternativas para o futuro do país.

Nesse sentido, e mesmo contando com a fissura que Fini abriu no PdL, a direita tem boas hipóteses de continuar no poder. E esta direita é toda ela constituía por discípulos de Berlusconi. Poucos ou nenhum terão o carisma de Il Cavaliere mas as práticas políticas são idênticas. E é isso que me faz temer que a saída de Berlusconi não signifique assim tanto para a política italiana.

Da última vez que a esquerda teve no poder, em 2006 quando Prodi ganhou a Berlusconi, a maioria que suportava o governo era constituída por diversos partidos, numa fragmentação insustentável. Durou quase dois anos e depois voltou Berlusconi. Os vários escândalos sexuais e judiciais, juntamente com o desastre económico das suas políticas, foram as principais causas da queda de Berlusconi. Se fosse só pela oposição - e refiro-me principalmente ao Partido Democrático - nada disto aconteceria.

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