novembro 08, 2011

O caos europeu


Lembram-se do sucesso da presidência portuguesa da União Europeia? O Tratado de Lisboa, o "porreiro pá", o desfile de líderes europeus sorridentes com o anfitrião Sócrates, as promessas de uma Europa "mais justa, mais próxima, mais próspera"? Lembram-se de quanto era importante para Portugal ter associado ao seu nome o Tratado que iria pôr fim aos problemas europeus, que traria estabilidade entre nações, que todos iriam poder fazer sentir a sua voz? Lembram-se do fogo de artifício na Torre de Belém comemorando a nova Europa?

Como 2007 não foi assim há tanto tempo, todos devem estar lembrados destes episódios. Era a Europa no seu auge, toda unida e pronta para combater qualquer obstáculo. Quatro anos depois, a Europa está a desmoronar-se. Perante uma crise financeira e económica bastante forte, a Europa política ficou de mãos atadas e anda, há quase dois anos, a tentar encontrar soluções. Até agora foram tendo bodes expiatórios: os malandros do gregos ou os preguiçosos de Portugal. Foram, de cimeira em cimeira, empurrando o problema com a barriga, tomando decisões a conta-gotas, sem nunca resolverem os problemas de fundo da União. Merkel e Sarkozy, juntamente com muitos outros chefes de governo e com Trichet e Juncker, nunca quiseram encontrar soluções para ultrapassar a crise optando pelo calculismo eleitoral interno de cada um deles e pelo calculismo dos grande grupos económicos alemães e franceses.

Quatro anos depois do Tratado de Lisboa e dois anos após o eclodir da crise da zona euro, a Europa vive dias aflitivos, sem rumo, sem líderes, sem plano, dando para fora uma imagem de instabilidade e de desorganização assustadora, como se viu na última cimeira do G-20 em que nem foram precisos manifestantes anti-globalização para desestabilizar a cimeira: bastou o primeiro-ministro grego acenar com a hipótese de um referendo para que os líderes europeus tremessem por todo o lado. A democracia é uma coisa chata para Bruxelas e, pelos vistos, já não faz parte dos ideais europeus.

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