maio 03, 2011

Alternativa

Com o passar do tempo, Passos Coelho e o PSD não convencem ninguém. Se Ferreira Leite deveria ter ganho de forma fácil as últimas legislativas e só não o fez porque se rodeou de gente incapaz de perceber o país - Pacheco Pereira - o actual líder do maior partido da oposição também não sabe que estratégia adoptar para vencer claramente o Partido Socialista e tem à sua volta gente tremendamente incapaz como Miguel Relvas, Leite Campos, Carlos Moedas, Mendes Bota ou Marco António.

Os eleitores continuam sem conhecer o programa do PSD e isto representa duas coisas. Em primeiro lugar, a falta de preparação da actual equipa da São Caetano à Lapa. Numa altura de crise como esta seria importantíssimo o PSD mostrar que é, de facto, uma alternativa, não bastando pedir oportunidades ou caluniar o actual primeiro-ministro. É necessário mostrar que se é uma alternativa com um rumo bem definido. Isto é apenas um erro de estratégia do PSD.

A segunda coisa, e esta é bem mais grave, que nos mostra a ausência de programa político de Passos Coelho e companhia é a hipocrisia e o medo destes senhores. Se bem se lembram, a tropa liberal de Passos Coelho já foi a votos no seu partido e ganhou as eleições directas com um programa bem claro. Já enquanto líder do PSD, Passos Coelho escreveu um livro intitulado "Mudar" em que apresentava as suas propostas ao país. A colaboração com o Mais Sociedade produziu alguns resultados. Foram noticiados diversos encontros com muitas figuras ligadas à sociedade civil e não só que, segundo os relatos, serviram para recolher importantes dados e propostas para o país. Mas então o que prende Passos Coelho? Porque é que Catroga demora tanto a apresentar o tal programa de governo que anda a cozinhar vai para aí há cinco meses?

A resposta é muito simples: Passos Coelho e o PSD têm medo. Medo porque sabem que as suas propostas, as suas convicções não durariam dois dias na praça pública. Tal como aconteceu com a célebre revisão constitucional, Passos Coelho quer amenizar ao máximo as suas propostas e está convenientemente à espera que a troika internacional surja com um plano. A partir daí será fazer uma cópia quase fiel, escudando-se na inevitabilidade destes tempos de crise.

É indiscutível que há um cansaço político em relação a José Sócrates. E muitos dos seus detractores acusam-no, e com razão, de não falar verdade aos portugueses. Mas será que esta oposição por parte do PSD merece sequer chegar a ser governo quando antes de lá chegar mente descaradamente e não tem a mínima coragem para enfrentar os desafios actuais?

Quem está a ganhar com isto é Paulo Portas que, há uns meses atrás durante o plebiscito no seu partido, lançou um repto ao PSD para os dois partidos da direita irem coligados nestas eleições. Passos Coelho rejeitou a ideia e agora está a começar a colher os frutos. Descida nas sondagens, perigo até de não ganhar as eleições e um maior poder de Paulo Portas num futuro governo, super legitimado pelo voto. Falta um mês para as eleições e o PSD terá que se mexer depressa - e bem - se quiser, no mínimo, ganhar as legislativas. Tem feito tudo para que isso não aconteça.

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