A crer nas sondagens, o Bloco terá uma queda brutal no número de votos e no número de deputados. O que se afigura muito estranho já que se vivem tempos propícios ao aumento da força eleitoral da esquerda: crise económica, crise social, PS mais à direita da sua história, crise da identidade europeia. Mas então porque razão o Bloco não cresce e não aparece nas sondagens com valores idênticos ou superiores ao CDS-PP, por exemplo?
À primeira vista, parece prevalecer o voto útil no PS, apesar do enorme desgaste de Sócrates. E é o próprio PS que tem tentado, ao máximo, passar a mensagem de que a direita é o bicho papão e que se chegarem ao poder será o fim do Estado Social, etc, etc. A estratégia de Sócrates é boa e tem tido resultados. Porém, o Bloco alinha no mesmo diapasão e faz tantas ou mais críticas a Passos Coelho e a Paulo Portas do que os ataques políticos que disfere a Sócrates.
Nesse sentido, na perspectiva do eleitor de centro-esquerda, mesmo que esteja cansado do actual executivo, encontra eco das palavras do PS no discurso do Bloco (e da CDU), apontando a direita como o grande inimigo. Se o voto útil já era fomentado pelo PS, o Bloco de Esquerda, em vez de se concentrar unicamente no ataque ao governo que tem feito coisas terríveis ao Estado Social, muitas vezes desvia as atenções para a direita.
E, a somar a isto, juntam-se alguns actos políticos falhados do Bloco que, na perspectiva do eleitor de centro-esquerda, não são vistos positivamente: presidenciais, moção de censura ou não reunião com a troika.
O insucesso do Bloco, a dar-se, ficará a dever-se única e exclusivamente à estratégia do partido nos últimos seis meses. E terá que haver uma reflexão profunda dentro do partido pois este seria um tempo de oportunidade para um grande resultado eleitoral.
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