No meio do entusiasmo patriótico do Euro 2004, Durão Barroso negociou a sua ida para Bruxelas. O povo, quase de férias de Verão e completamente focado na bola, deixou que Sampaio não fizesse nada, que Santana chegasse ao governo e que entrássemos num dos períodos políticos mais cómicos – para não dizer trágicos – dos últimos anos.
Voltando a Barroso, a sua ida para a presidência da Comissão Europeia chegou a ser argumentada positiva para o interesse nacional – “ ter um português no topo de Bruxelas é bom porque pode cuidar dos nossos interesses”. O pensamento pequenino e subserviente em relação à Europa instalou-se e os partidos do arco da governação, PS, PSD e CDS, sempre acarinharam, de diferentes formas, Durão Barroso.
Passados sete anos, o cherne engordou. Está balofo, anafado, quase rebenta pelas costuras. O stress de ser um cão de fila de Sarkozy, Merkel ou Trichet deve ser enorme. Passados sete anos, e com a Europa a afundar-se, Barroso fica indubitavelmente ligado à crise da União. Um político fraco, sem ideias nem ideais, Durão é uma vergonha nacional. Até porque, enquanto o país se afundou devido à ganância dos mercados e passividade europeia, Durão e sus muchachos da Comissão não mexerem uma palha para inverter a situação ou, sequer, para chamar a atenção para tal.
Ontem, deu uma entrevista na RTP1. Não vi. Mas também não precisava para saber que apenas debitou banalidades. O homem forte de uma União em plena crise deveria ter o bom senso e a lucidez de se demitir e reconhecer os gravíssimos erros que cometeu. Deveria ter a coragem de, perante o povo português, admitir que fracassou e nunca mais voltar ao combate político. Mas não. Como estamos perante um político medíocre, ele lá se vai gabando do seu trabalho como boneco de plástico de quem, de facto, manda na União. Aliás, foi essa a condição para a sua nomeação. Falhadas algumas tentativas, teve que se arranjar um badameco qualquer que cumprisse o papel de porta-voz franco-alemão e que não incomodasse ninguém. Enquanto os cidadãos não tiverem um palavra democrática no papel da União, o resultado é este: Durão Barroso.
Depois de, milagre dos milagres, quase todos reconhecerem que se vive um problema europeu, pode ser que daqui a uns meses haja algum consenso: Durão Barroso ajudou a destruir a Europa.
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