A edição deste ano da Volta à França teve três momentos muito distintos. O primeiro corresponde às duas primeiras etapas onde Contador e outros importantes corredores perderam muito tempo em quedas e etapas como o contra-relógio por equipas. O segundo momento dá-se durante quase toda a edição, contemplando várias desistências importantes por lesão - Wiggins, Kloden, Vinokourov, Van den Broeck - e a subida aos Pirinéus onde ninguém fez diferenças. O terceiro momento são as três últimas etapas, duas de alta montanha nos Alpes e o contra-relógio final. Este último momento compensou o resto que estava a fazer deste Tour uma edição bastante aborrecida.
Cadel Evans: aos 34 anos, finalmente a grande vitória da sua carreira, depois de ter sido campeão do mundo em 2009. Após de quatro presenças no top-10 e dois segundos lugares, o lugar mais alto do pódio na prova francesa pertence ao azarado australiano que vence pela primeira vez uma corrida de três semanas. É uma vitória merecida para um ciclista completíssimo. Andou excepcionalmente bem na montanha, aguentando e gerindo os ataques dos adversários de forma heróica, apesar de não ter uma grande equipa ao seu lado. E no contra-relógio final, onde tinha de ganhar quase um minuto a Andy Schleck, comportou-se de forma fantástica, percebendo-se que aqueles eram os 42km mais importantes da sua vida. O eterno candidato merecia uma prova assim.
Andy Schleck: depois de três segundos lugares consecutivos, mais um para somar ao currículo. E desta vez já nem havia camisola branca para conquistar. Estaremos perante um dos grandes fenómenos do ciclismo? Quando conseguirá ganhar Andy Schleck? Uma coisa parece óbvia: tem que melhorar no contra-relógio. Mas não deixa de ser frustrante para ele ter criado uma equipa de raiz, ter levado com ele grandes ciclistas, ter-se preparado exclusivamente para o Tour e, mesmo com as dificuldades de Contador, não conseguir vencer a prova. Está a tornar-se um caso sério este enguiço de Schleck que, este ano, até teve o seu irmão sempre ao lado para o ajudar.
Contador: olha-se para a classificação final e pode-se facilmente pensar que Contador é o grande derrotado do Tour. Sem dúvida. Porém, se se tiver em conta a bela Volta a Itália que fez - e que foi indiscutivelmente mais dura e mais espectacular que o Tour 2011 - seria quase de loucos pensar numa vitória de Contador. A juntar a isto tudo, o espanhol perdeu muito tempo na primeira etapa devido a uma queda alheia, caiu pelo menos três vezes no Tour - sem consequências de maior, é certo, mas são coisas que criam mazelas - e não teve uma equipa à altura, já que apenas por alguns momentos se viu a Saxo Bank a ajudar o espanhol. Posto isto, a prestação de Contador foi honrosa apesar de ter sido derrotado. A etapa que fez do Alpe d'Huez serviu para limpar a sua imagem. Porque uma coisa é certa: Contador é o melhor ciclista da actualidade e um dos melhores de sempre. O Giro de Itália comprovou-o bem. Pena que alguns só olhem para o Tour.
Voeckler: a grande surpresa deste ano. Numa fuga deixaram-no ir à vontade e ganhar tempo suficiente para se manter na amarela quase até Paris. A forma como segurou a liderança foi heróica e, com a ajuda de uma grande promessa chamada Pierre Roland, superou-se e surpreendeu o mundo do ciclismo. E não fosse uma péssima estratégia na etapa do Alpe d'Huez e talvez Voeckler pudesse ter terminado no pódio, um sonho para os franceses. Que ficam de olho bem aberto em Rolland para futuras provas.
Samuel Sanchéz: o simpático e talentoso ciclista ganhou a camisola da montanha fruto do espectáculo que deu em ataques vários. Ele que também perdeu muito tempo no início da prova, foi recompensado pelo seu esforço.
Rui Costa: o ano passado foi Sérgio Paulinho. Este ano Rui Costa. O ciclismo português voltou a deixar a sua marca no Tour. E, para além destes dois, há outros valores portugueses a despontar por aí.
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