Durante meses e meses, com Portugal mergulhado numa grave crise económica e social, a direita política sempre foi tentando convencer os portugueses que a culpa era de Sócrates e dos seus tiques autoritários que lhe retiravam a credibilidade necessária para governar. E sempre defendendo os mercados e as suas virtudes - não tinham culpa nenhuma no que estava a acontecer.
Ferreira Leite disse uma vez no Parlamento que as mesmas medidas do governo Sócrates tomadas por outro governo com credibilidade seriam bem vistas pelos mercados, e que quem paga é quem manda.
Passos Coelho prometia mais austeridade porque era isso o que os mercados queriam. E Cavaco Silva disse em campanha eleitoral que não se devia criticar os mercados e raramente referiu que a crise portuguesa tinha origem numa crise mundial.
Pois bem, bastou um corte de rating da Moody's para a direita, actualmente no poder, se lançar contra os mercados e descobrir que afinal a crise é global. Um murro no estômago, para Passos Coelho. Incompreensível, disse Cavaco, pedindo uma resposta europeia.
Portanto, a inocência dos mercados anteriormente louvada foi rapidamente esquecida. Agora querem atirar areia para os olhos de todos nós, fingindo uma incredulidade total. Não tarda estão a defender a reestruturação da dívida. Esquecendo que houve quem, durante a campanha eleitoral, dissesse a verdade sobre a crise económica.
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