Um dos argumentos mais usados por Cavaco é o da sua (suposta) neutralidade política - "estou acima de qualquer luta partidária", "fui e serei um presidente isento". O mais grave é que o próprio acredita no que diz e deriva de um pensamento enraizado em Portugal nos últimos anos: a economia não tem ideologia. Nos últimos meses, e isso é facilmente comprovado através da visualização da nossa comunicação social, o discurso financeiro e económico entrou no quotidiano das pessoas. Contudo, apenas uma visão do mundo económico é destacada e colocada aos olhos dos cidadãos como única - os debates sobre austeridade são apenas entre a necessidade desta ou medidas ainda mais duras do ponto de vista económico. Não há espaço para especialistas que defendem o contrário do caminho seguido e, assim, é fácil criar um ambiente em que a maioria acredite que só há uma solução possível.
E, voltando a Cavaco, o actual presidente assume-se sempre como economista fiável, experiente - logo, isento - e recorre variadíssimas vezes aos gurus do costume e que contaminam o debate público para destacar a importância que é ter um presidente com estas características dada a situação que o país vive.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Construções