janeiro 28, 2011

Escolas privadas com contrato de associação

Professores, alunos e directores de escolas privadas com contratos de associação, apoiados pelo reformado Cavaco Silva, andam a dar um vergonhoso - para não dizer pior - espectáculo ao país. Reúno aqui no blogue uma selecção dos melhores textos sobre o tema.


"Ensino privado, dinheiro público", Manuel António Pina: O Governo entende, e bem, que o Estado não deve financiar os colégios privados com contrato de associação (onde o ensino é, como nas escolas públicas, pago pelos contribuintes) com valores superiores àqueles com que financia as escolas públicas. Mas os colégios querem mais, e, ontem, dirigentes de alguns deles, arrastando consigo pais e crianças (há notícia de casos em que as crianças que não foram a essa e a outras manifestações promovidas pelos colégios tiveram falta), depositaram caixões junto do ME, querendo com isso simbolizar a "morte" do ensino privado... por ter que viver com o mesmo com que vive o ensino público. É a "iniciativa privada" no seu melhor: sempre a clamar contra o Estado e, ao mesmo tempo, sempre a exigir subsídios e apoios. (...) Mas talvez esta fosse boa altura para, finalmente, o ME ir mais fundo e apurar o destino que é dado em alguns desses colégios aos dinheiros públicos. Saber, por exemplo, se todas as verbas destinadas aos professores chegarão ao seu destino ou se, em certos casos, o Estado não andará a financiar, afrontando a Constituição, um ensino abusivamente selectivo e confessional, onde os professores têm, de novo só por exemplo, que "participar na oração da manhã na Capela".



Com todo o indevido respeito, maradona: Segundo parece, as "escolas privadas" correm o risco de fechar. E então, qual é o problema? Se uma padaria dá prejuízo, fecha; se uma fábrica de moldes dá prejuízo, fecha; se uma fábrica de componentes de automóveis dá prejuízo, fecha. E quem não tem dinheiro, não tem luxos. Se uns paizinhos deixam de ter dinheiro para pôr o iFilhinho numa escola privada porque, sem o despudorado apoio do Estado, a propina passa de 600 para 1200 euros, ponha-o numa escola pública, que o que não faltam por aí são exemplos de professores engenheiros doutores de sucesso criados na escola pública. Não é isto o capitalismo? O que dá prejuizo, acaba, e quem não tem dinheiro, não compra. Ou as leis da oferta e da procura são só para os pobres? (...) Gostava tanto de ser eleito Primeiro-ministro por uns meses: eu cá não me punha com paneleirices como "renegociar contratos de associação"; eu, pura e simplesmente, eliminava-os até ao último cêntimo (ai a "escola é longe"? fique com a tia, como o meu pai ficou, filhos da puta); e depois rezava a cada uma das santas padroeiras destes colégios todos orgulhosos da sua moral cristã que me fizessem uma manifestação com caixões ainda mais grossos que desta última vez, para que o Corpo de Intervenção da PSP, devidamente instruido por mim, os enfiassem pelo cuzinho daqueles pais acima.









Um apontamentozito, Ana Matos Pires: Ao ler a "programação sos" prevista para hoje detive-me, perplexa, na "nota importante" que transcrevo: "Professores e pessoal não docente podem em alternativa não assumir os seus postos de trabalho, ficando com os alunos na rua. Na certeza porém, que isso lhes custará uma falta não justificada…..ou não, podem em alternativa apresentar posteriormente um atestado médico alegando impossibilidade laboral por motivos de ordem psicológica." (os sublinhados são meus). ah, valentes! Gente séria. Assim sendo, e quando tanto se fala de baixas fraudulentas, espero que haja a coragem política de averiguar estas eventuais situações e, já agora, a dignidade pessoal e de cidadania correspondente, quer da parte do "doente" quer da parte do médico certificador da "incapacidade", em assumir as consequências que daí resultem. Isto é grave, meus senhores, haja dignidade e vergonha. (links no texto).



White noise, Miguel Cardina: O protesto de pais e directores dos colégios privados, contra o corte no valor do subsídio estatal que usufruem, tem sido capaz de camuflar a questão que verdadeiramente importa discutir: a lógica dos contratos de associação e a sua reavaliação, caso a caso. Podíamos começar por aí, não?


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