Domingo o voto reveste-se da maior importância porque nas urnas os portugueses julgarão quem nos trouxe até aqui e escolherão que modelo querem para o futuro do país. E perante isto, eu não tenho dúvidas em castigar o modelo de governação política que nos acompanha há 30 anos e escolher um caminho diferente para o futuro.
E desengane-se quem pensa que uma simples mudança de cara na chefia do executivo alterará o nosso futuro. Quer o PSD, super encostado à direita e com um programa radical sem um pingo de preocupação com a crise social que atravessamos, quer o CDS, com um líder que é um camaleão político, sem qualquer ideia e ideologia, e que quando se encontrar no poder será um perigo tal é a gelatina de que é feito, estes dois partidos, portanto, não alterarão nada ao rumo que temos vindo a trilhar no que respeita à subserviência económica perante os grandes interesses empresariais e perante a União Europeia.
Sim, foi esta subserviência que o PS praticou nestes últimos 16 anos. Apesar de algumas bandeiras importantes e de terem contribuído para um progresso nalgumas áreas – modernização administrativa, ciência e tecnologia, as chamadas “causas fracturantes” – e mesmo tendo alguma consideração por valores de esquerda na defesa (e nem tanto no desenvolvimento) de princípios básicos como a Educação, a Saúde ou a Segurança Social, a verdade é que vivemos uma crise social gravíssima com a qual o último governo pouco se preocupou. E o actual 1º ministro, novamente candidato ao cargo, é um político pouco digno – mentiras, não cumprimento de promessas, por exemplo - e que tem demonstrado pouca capacidade para atacar os problemas do país, apesar do mérito da persistência e da mestria comunicacional. Sócrates é um homem que vive consoante o momento e o que nós nestes tempos não precisamos é de um governante que é Keynesiano às segundas, quartas e sextas e liberal às terças, quintas e sábados. E escusam de pôr as culpas na crise internacional. Sim, a crise desencadeou tudo mas as respostas à crise que o PS pretende dar são impostas por quem provocou a crise. E isso é inaceitável.
Perante um cenário em que o partido de centro-esquerda se encontra na fase mais à direita da sua história, o meu voto, um voto de um eleitor convictamente de esquerda, nunca poderia ir para um PS moribundo, sem debate, sem personalidades fortes e que defendam a esquerda. Sobram, portanto, duas alternativas.
Uma delas, o PCP, nunca terá o meu voto enquanto estiver coligado com esse embuste chamado Partido Ecologista os Verdes, que ninguém sabe o que é, o que defende e o que pretende para o país. Aliado a este facto, o Partido Comunista é uma associação fechada sobre si e com poucas personalidades capazes de liderarem um projecto nacional.
Por exclusão de partes, o meu voto será no Bloco. Mas não pensem que voto Bloco como um mal menor. Voto no Bloco por convicção. Este partido teve a minha confiança em 2009 e defraudou-me um pouco as expectativas devido à sua acção no Parlamento. Pensava eu que Louçã e companhia estavam preparados para assumirem maior responsabilidade no que toca decisões políticas. Principalmente porque não tiveram a força eleitoral para, juntamente com o PS, aprovar leis no Parlamento, o Bloco não quis tomar as rédeas da responsabilidade e, tacticamente, resguardou-se na oposição pura e dura. No meu entender sofrerá com isso nas urnas no domingo. Porém, será isto suficiente para não depositar a minha confiança no Bloco?
Julgo que não. Principalmente pelo discurso e pelo programa, o Bloco de Esquerda terá o meu voto porque é o único partido que defende os valores da esquerda, da justiça social, do emprego, da igualdade e não pactua com a subserviência mencionada acima. E, talvez a maior razão, ao votar o Bloco não terei surpresas consoante a época política do momento. Revejo-me no programa, nos seus valores, nas suas propostas.
Domingo votarei Bloco. Votarei à esquerda. Votarei contra o FMI, contra a União Europeia, contra o caminho que nos querem impor e que nos guiará a mais recessão e a mais desemprego.
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