O dia da votação do nome de Fernando Nobre para presidente da Assembleia da República vai ficar marcado na história como um dos mais patéticos de sempre da política portuguesa porque foi o culminar de todo um processo mal conduzido por parte de Nobre e, sobretudo, Passos Coelho.
Tudo começou num convite que Passos Coelho fez mas que sabia que não poderia cumprir caso não tivesse maioria absoluta e na aceitação do mesmo por Fernando Nobre quando dois meses antes jurava a pés juntos que não ia aceitar nenhum cargo político-partidário. O imbróglio foi sério e Nobre teve que abdicar do seu pensamento – alguém ouviu alguma declaração de Nobre durante a pré-campanha e a campanha eleitoral?
Passos Coelho arriscou demasiado ao propor alguém que não é ele que elege – mas sim os deputados por voto secreto – mas mais grave foi propor um nome que, meses antes numa campanha presidencial, declarou todo o seu ódio à classe política, com os deputados em particular destaque. Lembram-se num debate com Francisco Lopes em que Nobre acusou o seu adversário de ser também ele culpado da crise porque era deputado?!
O Parlamento chumbou, e bem, o nome de Nobre. Aquela instituição jamais poderá ser presidida por um cidadão que é um populista bacoco e demagogo, que usa o discurso anti-políticos como bomba de oxigénio mas que se aproveita da classe política para passear na praça pública o seu nome e o seu trabalho. E não se trata aqui de eleger ou não independentes, como argumentou Passos Coelho. A independência de Fernando Nobre acaba onde começa: no seu umbigo. Para tal basta ter visto a forma como ainda quis ir a uma segunda volta, não pensando no vexame que estavam a sofrer o líder do partido que o acolheu e a bancada parlamentar onde se senta.
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