julho 31, 2009

Bobby Robson (1933-2009)


Bobby Robson é um dos meus treinadores de coração. Os apaixonados do futebol percebem o que eu sinto. Não em relação a Robson mas a qualquer protagonista especial deste desporto. E Robson era-o para mim.

Para além de ter treinado os meus dois clubes de coração - FCPorto e Newcastle - Robson foi o "meu" primeiro treinador: o primeiro do qual tenho memória enquanto adepto portista, tinha eu uns 5 anos. Depois foi ele que me tornou do Newcastle, com a ajuda do actual treinador Alan Shearer. Foi ele que me fez vibrar imenso com uma equipa, o seu Barcelona de Ronaldo, uma verdadeira maravilha.

Quando soube da sua morte, houve imediatamente dois momentos que me vieram à cabeça. O primeiro foi uma fotografia na final da Taça de Portugal de 1994, ganha pelo FCPorto ao Sporting. Nela vê-se o inglês, levantado por vários jogadores do FCPorto, a festejar a vitória de língua de fora e com a Taça na mão, num acto de pura provocação já que, meses antes, o Sporting tinha dispensado os seus serviços. O outro momento é numa fantástica época do Newcastle em 2002/2003, em que os magpies de Robson quase foram campeões. Lutaram bravamente com os grandes e, a cerca de seis jornadas do final do campeonato, receberam o Arsenal num jogo decisivo para o título. O Newcastle perdeu esse jogo mas a forma como jogou e lutou fez com que Robson ficasse à entrada do corredor para os balneários, ainda no relvado, batendo palmas a todos os jogadores do Newcastle, gritando "Well played, well played!".

As notícias sobre a sua morte vão referir que ele era um gentlemen, um senhor do futebol, entre outras alcunhas. Para mim Robson é apenas o "meu" treinador.

julho 30, 2009

Assentamento

Chico.

Ensaio sobre a lucidez


Problemas

Um dos grandes problemas da democracia portuguesa é este. E não é só a vergonha. É também a fraqueza política da direita. E, para agravar, faz com que a esquerda seja, também ela, muito fraca. Por falta de concorrência forte e séria.

ps: antes de ler o texto de Cardoso Rosas, tinha escrito nos "rascunhos" do blogue uma coisa assim: "desde miúdo, com os meus seis, sete anos, houve sempre um facto que me intrigou. Por que é que o PSD, o tal partido da direita, tinha o mesmo nome de alguns partidos de esquerda europeus?". Não é que o texto do jornal i seja uma resposta completa e havia muito mais a dizer. Mas é uma boa "ajuda".

julho 28, 2009

Cinema e Futebol


"Rudo y Cursi" é, a meu ver, a melhor tentativa de filme sobre futebol. Apesar de alguns clichés desnecessários, este filme mexicano aproveita muito bem o futebol para criar um sólido argumento à volta dele. Poucas cenas em que a bola é protagonista, dois muito bons actores - García Bernal é fenomenal em quase tudo o faz -, os bastidores do futebol e a vida social no México conseguem fazer um bom filme sobre futebol. Não é nenhuma obra-prima, bem longe disso. Mas pelo menos é uma boa tentativa. E note-se que nos cartazes oficiais do filme não há uma única referência ao futebol ao contrário de outros filmes anedóticos.

Tour de France 2009 - rescaldo

(fotografia retirada daqui onde há mais 39 espectaculares fotografias do Tour 2009. Via Arrastão)


Neste Tour de France houve vários protagonistas.

Alberto Contador: o melhor ciclista da actualidade tem todas as condições para bater o record de Armstrong. Quer pela sua qualidade, quer pela concorrência que está a anos luz do espanhol. Nas etapas de montanha não claudicou uma única vez, mostrou sempre ser o mais forte e, se quisesse, tinha deixado a concorrência com mais de oito minutos para trás, como nos tempos de Armstrong. A forma como monta a bicicleta nas inclinações é, de facto, uma obra de arte.

Lance Armstrong: no seu regresso após mais de três anos de ausência de qualquer prática desportiva foi o que animou o Tour. Caso contrário não teria havido tanta emoçãó e tanto destaque dado a este Tour. Contador, por muito que diga que nunca admirou Lance, tem que agradecer o facto de ter brilhado mais por ter lá estado Lance. O norte-americano fez um super Tour já que ficar em terceiro lugar nestas condições e com uma concorrência forte não é para qualquer um. Já prepara o regresso em 2010 e aí poderá estar mais forte do que agora. A experiência de Lance viu-se em várias etapas. É um senhor do desporto mundial.

Mark Cavendish: os sprints são sempre desvalorizados nestas grandes Voltas porque elas não são desenhadas para eles. Mas, mesmo assim, há oportunidades para eles brilharem. E o melhor sprinter da actualidade chama-se Mark Cavendish. O homem da Ilha de Man vai tornar-se, seguramente, no melhor sprinter de sempre e, enquanto acumulará vitórias no Tour, vai ganhando clássicas importantes - a vitória este ano no Milão-San Remo foi extraordinária. Não esquecer o grande trabalho da sua equipa. a Team Columbia, que montou sempre um grande comboio de forma a proporcionar ao inglês grande vitórias, como na últipa etapa. Mas isto trabalha-se, também. Cavendish só não ganhou a camisola verde porque os comissários de prova assim não o quiseram já que o desqualificaram, a meu ver erradamente, por sprint ilegal. Assim, a camisola verde foi para Hushovd, um sprinter mais experiente - o inglês tem apenas 24 anos - e mais forte em etapas de montanha onde conseguiu acumular mais pontos. Para Hushovd foi um bom prémio depois da desilusão no Paris-Roubaix onde caiu nos últimos quilómetros quando liderava, junto a Tom Bonnen, a corrida.

A concorrência de Contador: Englobo nesta "entidade" os seguintes nomes, Andy Schleck, Bradley Wiggins e Vicenzo Nibali. O primeiro foi a confirmação de todo o potencial que tem. Os outros foram enormes surpresas. São, estes três, os únicos no panorama actual do ciclismo que podem tirar algum protagonismo no futuro a Alberto Contador.

A organização do Tour: era impensável, no final da segunda semana, os dez primeiros estarem apenas separados por pouco menos de dois minutos. E se isso aconteceu, o culpado foi quem "desenhou" o Tour 2009. Poucas etapas a terminarem no alto de forma a fazer grandes diferenças, etapas de montanha muito concentradas na terceira semana, uma segunda semana sem emoção nenhuma. A rever tudo isto.

Cadel Evans: prometia muito o australiano. Principalmente depois de um grande Dauphiné Liberé. Não teve equipa nem pernas. Para o ano, face à concorrência, dificilmente conseguirá alguma coisa.

Joana Amaral Dias

Sinceramente, não percebo tanto interesse na comentadora residente do programa "Fátima".

julho 26, 2009

Zeppelin

"Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni"
Chico Buarque, "Geni e o Zeppelin".

Avé José Augusto Marques e Jorge Baptista!

julho 25, 2009

Os Belenenses

Antes de ir viver para Lisboa sempre olhei para Os Belenenses como um clube "amigo". Ou seja, se jogassem contra o Beira-Mar, Felgueiras, Paços de Ferreira ou mesmo a União de Leiria - clubes que nunca me disseram nada, nem odeio nem simpatizo - torcia sempre pelos azuis do Restelo. Sabia-me bem olhar para Lisboa e ver algo azul, era basicamente isto que eu gostava, o azul, embora não me dissessem nada de nada.
Porém, quando cheguei a Lisboa, percebi que todas as pessoas eram d'Os Belenenses, que era um clube "simpático", com um estádio muito bonito - lá isso é - e que, como nunca incomodava ninguém, todos os lisboetas tinham um carinho por aquele clube. Ora se há coisa que eu não entendo são clubes "simpáticos". Ou se adora ou se detesta. Passei a detestar Os Belenenses.
Vem isto a propósito da fúria da direcção d'Os Belenenses devido a uma crónica musical de um jornalista do Público. Na crónica pode-se ler, entre outras coisas, isto: "Toda a gente que segue futebol com um mínimo de regularidade conhece a constante nudez quinzenal do Estádio do Restelo. O Belenenses joga e há duas dezenas de velhinhos nas bancadas, nem uma palha bule, é um sossego. Portanto a ideia de fazer um festival de música popular naquele mesmo estádio quase parece uma acção de beneficência.".
Pior do que a fúria da agremiação desportiva, só mesmo o pedido de desculpas do Público - lá está o tal carinho lisboeta. Parece que retratar fielmente a realidade já não faz parte da função de um jornalista.

julho 23, 2009

Dexter

Como só acompanho séries americanas pela RTP2 - as FOX's fazem-me confusão tal é a oferta - fiquei deliciado quando soube que aquela estação iria pôr no ar a segunda temporada de "Dexter": a melhor série, com o melhor actor, o melhor argumento, a melhor banda sonora e o melhor genérico. Para disfrutar.

Comichão

O PSD, que eu tenha dado por isso, ainda não apresentou uma única ideia para o país. Nada, nicles, zero. Já para não falar que o programa vai ser minimalista numa tentativa, mais uma, demagógica de tentar fazer ver ao eleitorado que está ali uma coisa diferente quando, na verdade, aquilo é o mesmo PSD dos últimos 7/8 anos.
Ganharam as europeias graças ao desgaste dos outros. Não se podem é esquecer de duas coisas: 1) o resultado das Europeias não dava para formar governo duradouro; 2) desta vez a cabeça-de-cartaz do partido é, já de si, uma pessoa desgastada. Se querem mesmo ser governo, acho que seria boa ideia começar a tratar disso. Ideias. Pessoas. A mim, mas pode ser que seja defeito meu, criaturas como Aguiar-Branco, Morais Sarmento ou António Borges fazem-me comichão.

Contador

Ao ver estes dias de Tour tem-me apetecido elogiar Contador. O espanhol é, de facto, um fenómeno e poderá ser daqui a uns anos considerado o melhor de sempre, não tenho dúvida. Já ganhou um Giro, uma Vuelta, dois Tours (contando já com o deste ano) e só tem 26 anos. Só falta um pormenor: manter-se nos próximos anos livre de qualquer suspeita de utilizar substâncias ilegais, uma condição aceitável face aos acontecimentos dos últimos anos - como eu vibrei com Riccò para depois desesperar. Mas sublinho: quero acreditar que aqueles arranques em cima da bicicleta são limpos. Porque são lindos!

julho 21, 2009

Razões para não gostar de Jesualdo (3)


A gestão do plantel do FCPorto nos últimos três anos tem sido desastrosa, no meu entender. É certo que o primeiro ano da era Jesualdo não é da inteira responsabilidade do técnico português já que chegou já com a pré-época feita. No entanto há pormenores que saltam à vista.

Quando falo em gestão do plantel refiro-me a apenas uma coisa: integração de todos os jogadores na equipa principal. Se é certo que nem todos podem jogar o mesmo tempo e que há naturais titulares e, por consequência, mais utilizados, este facto não contribui para que haja jogadores que tenham tido tempo de jogo inferior ao razoável. Um primeiro aspecto diz respeito às substituições. O FCPorto, nos últimos três anos tem sido uma equipa que tem ganho muitas vezes e, por isso, que se encontra a maior parte das vezes a ganhar ao longo dos 90 minutos do jogo. Pois, nessa situação - repito, a mais usual - Jesualdo tem por hábito fazer susbtituições apenas depois dos 70/75 minutos, tendo havido jogos em que a primeira substituição se efectuou aos 82minutos. Este comportamento não tem uma fase da época específica, é ao longo da época. E com consequências óbvias. De positivo tem a estabilidade e o maior conhecimento entre 11/12 jogadores. De negativo, o facto de os outros 13/14 jogadores raramente terem oportunidades entre os mais utilizados. E 15 minutos não chega para nada. Todos nós o sabemos, Jesualdo ainda melhor.

E se esta prática é negativa, mais negativa foi a gestão que Jesualdo fez na Taça de Portugal e na Taça da Liga. Ao optar por fazer equipas novas não cria rotinas. Cria uma equipa nova que nunca estará preparada para jogar junta por uma simples razão: nunca jogará junta. Podendo incluir nesses jogos três a cinco jogadores diferentes na base titular fazendo com que esses mesmos jogadores ganhassem rotinas de titulares, preparando-os para futuros jogos, Jesualdo desperdiçou nos últimos anos vários jogadores de qualidade (que serão nomeados nesta minha série mais à frente). Sem oportunidades junto do onze titular, os suplentes nunca conseguirão enquadrar-se nesse estilo defendido pelo treinador, e que já aqui elogiei. E, em momentos de suspensões, lesões, ou mesmo fracos rendimentos, foram várias as situações em que Jesualdo e a sua equipa tiveram menor rendimento face à inexistência de rotinas fundamentais.

Por último referir dois casos que me parecem relevantes. O primeiro chama-se Diogo Valente. Efectuou apenas um jogo oficial pelo FCPorto...e em Alvalade. Jesualdo lançou-o na segunda parte, o extremos correspondeu com duas ou três boas jogadas pelo flanco. Isto foi logo nas dez primeira jornadas. Foi a primeira e única convocatória de Valente com Jesualdo. Um enigma. Outro caso misterioso chama-se Edgar. Já poucos se lembram deste nome. É compreensível. O jovem avançado brasileiro jogou apenas dois jogos ao serviço do Porto na época 2007/2008. Foi a titular em Paços de Ferreira à 5ªjornada, saiu aos 60 minutos, fez um jogo muito bom para estreia, mandou uma bola ao ferro e, principalmente, revelou que poderia ser um jogador útil já que era o único avançado alto do plantel. No jogo a seguir, em Fátima para a Taça da Liga, Jesualdo deixou-o no banco e só entrou aos 70min. Nunca mais foi convocado. Dá para entender?

E, aproveitando esse jogo em Fátima, onde Jesualdo usou as chamadas reservas, vemos como o FCPorto de Jesualdo desperdiça jogadores porque não os utiliza correctamente. Jogaram nesse jogo Stepanov, Kaz, Leandro Lima, Bollati, João Paulo e Castro. Onde é que andam esse jogadores? Em empréstimo, para prejuízo do clube,

Jesus Canibal

Se o Jorge Jesus cantasse seria o Adolfo Luxúria Canibal.

Jorge Palma e a música portuguesa


Faz amanhã uma semana que assisti a um grande concerto. É verdade que não li jornais no dia a seguir mas pelo que andei a pesquisar o destaque parece ter sido nulo. Eu sei que não era Duffy, Jason Mraz, Metallica, Keane ou outros quaisquer agrupamentos paneleirosos, mas o que eu vi merecia ter tido muito, muito destaque.

O que eu vi foi o seguinte: um pedaço grande do melhor do melhor da música portuguesa dos últimos anos. O cenário era a Torre de Belém. A noite era, ainda, de Primavera. O enquadramento do concerto era o encerramento das "Festas de Lisboa", várias actividades culturais que decorreram no último mês. Festejava-se a música portuguesa. O protagonista era Jorge Palma. Os actores secundários: Sérgio Godinho, Cristina Branco, JP Simões, Rui Reininho, Marisa, Fausto, Manuel Paulo, Laurent Filipe, Adolfo Luxúria Canibal e Gaiteiros de Lisboa. Sim, é mesmo verdade. Houve um concerto, gratuito, que juntou alguns dos maiores nomes da música portuguesa. Foi, para mim, um momento grandioso. Eu sei que sou suspeito: confesso que tenho músicas no meu Ipod de todos estes artistas - todos! Por isso é fácil imaginar a minha emoção ao assistir a tão grande momento. Nem eu, à partida, estava à espera que resultasse tão bem. O cartaz apenas dizia Jorge Palma convida amigos (nomeando os músicos). Na altura pensei "deve ser bom". Não foi bom, foi óptimo.

O protagonista, Jorge Palma, é um símbolo da nossa música. Nem é o que eu mais gosto dentro daqueles que referi mas é o mais consensual, talvez, para o tipo de espectáculo que foi. Claro que a maior parte das pessoas gostam mais daqueles momentos em que ele não sabe o que diz, que fala para dentro, que se ri por tudo e por nada. Isso a mim não me interessa. Interessa-me, sim, a música. E nisso ele é imbatível. O alinhamento do concerto foi simples. Quando vinham ao palco os convidados, que apenas interpretavam uma música, ouvira-se os grandes sucessos da carreira de Palma, como "Frágil", "Estrela do Mar", "Dá-me Lume" ou "Jeremias, o Fora da Lei". Quando esteve sozinho, mais a sua banda os demitidos e o seu filho Vicente, Jorge Palma misturou um ou outro sucesso com músicas do último álbum, "Voo Nocturno" que foi bastante desprezado no seu todo pela imprensa já que "Encosta-te a mim" foi um êxito demasiado grande. Faltou "Escuridão", a minha favorita de Palma, do álbum "Norte". Mas não se pode ter tudo e, naquela noite, eu não me podia queixar.

Destaque para dois grandes momentos. O primeiro com Rui Reininho a cantar "Frágil": uma interpretação fabulosa como só Reininho sabe dar. Outro momento foi o dueto com Fauto da música "Dá-me Lume". Eu estava intrigado que música do reportório de Jorge Palma cantaria este convidado. A eleita fez todo o sentido já que poderia ter sido escrita pelo próprio Fausto.

Não sei como se divulgou tão pouco um concerto destes. Mas isso também revela o caminho que a música popular portuguesa - não confundir com a denominada "pimba" - está a tomar. É olhar para os cartazes dos grandes festivais de Verão e ver quantas são as bandas que cantam em português que vão lá actuar.

Só sei que adorei e, tal como disse Jorge Palma, "agradecer à Câmara por proporcionar uma noite tão agradável". Acrescento eu: um mês bastante agradável.
está aqui uma boa galeria de fotos do concerto enquanto não há vídeos decentes no YouTube.

Disciplinas a mais - o problema do ensino

Perante esta notícia, toda a gente vai salivar, qual cão de Pavlov, protestando contra o facilitismo instaurado na Educação em Portugal, que tudo isto é um escândalo, etc, etc, etc. Basta ver alguns comentários às notícias ou os blogues que falam sobre ela para perceber isso mesmo. No entanto, eu não me indigno nada com esse tal facilitismo. Por duas razões: 1) há nove anos atrás, no meu 6ºano, uma colega minha de turma passou de ano com 7 negativas, todas elas a disciplinas importantes; 2) há dois anos que acompanho um caso de um rapaz ainda no básico que, apesar de muito inteligente, tem bastantes problemas de aprendizagem mas os professores continuam a passá-lo como se nada fosse, como se não saber quanto é 2x7 ou conjugar o verbo estudar no pretérito mais-que-perfeito fossem apenas pormenores. E poderia dar muitos mais exemplos antigos. Assim, o facilitismo não é de agora, não é culpa deste ministério, deste governo, desta ministra. É sim de todo o sistema que vigora há anos e que, apesar de algumas tentativas, esta ministra não conseguiu mudar.
Mas o ponto que mais me interessa nesta notícia prende-se com o número de disciplinas do aluno em causa que corresponde ao aluno normal do ensino básico. Se há muitos problemas na educação, o elevado número de disciplinas IRRELEVANTES é o maior, no meu entender, e não tem havido combate ao mesmo.
A notícia aponta para 14(!!!!!!) disciplinas. Para além das básicas Português, Matemática, Ciências Naturais, Fisico-Química, História, Geografia, Inglês, Francês/Espanhol, sobram as "complementares", chamemos assim: Educação Física, Educação Visual, Formação Cívica, Estudo Acompanhado, Área de Projecto e Educação Tecnológica.
Eu que frequentei o ensino básico há relativamente pouco tempo - 6 anos - sei como as coisas funcionam. Na minha altura não tinha estas catorze disciplinas. Tinha doze. Porém, disciplinas como História, Geografia, Ciências, as línguas estrangeiras e Fisico-Químicas tinham uma carga horária de 90+45minutos. Actualmente, estas disciplinas têm um carga horária de 45+45minutos*. As aulas de 45 minutos não rendem nada, como todos os que já as vivenciaram admitem. Então como querem que um aluno aprenda alguma coisa se tem pouquíssimo tempo para obter conhecimentos e muitíssimo tempo ocupado com disciplinas ridículas e idiotas? Ainda por cima, o aproveitamento por parte dos alunos dessas disciplinas é baixíssimo, variando de professor para professor já que é este que "faz" a disciplina.
Se no meu tempo os meus professores mal conseguiam cumprir o programa da disciplina, e refiro-me a disciplinas importantes, até ao fim, imagino agora a agonia dos mesmos. E, assim, continua-se a formar cada vez pior os mais novos. Não peço que se tenha que decorar as pontes, os rios e as serras como antigamente. Mas um pouco mais de conhecimentos, daqueles a sério, ajudaria de certeza.
*a carga horária pode ser também de apenas uma aula de 90 minutos, consoante a política da escola. Referi aquela porque é, dos casos que conheço, a mais seguida.

julho 15, 2009

Razões para não gostar de Jesualdo (2)


É difícil criticar o trabalho de Jesualdo a nível táctico. O seu 4-3-3 é dos melhores que já vi. Com um lateral muito ofensivo, um trinco bem posicionado à frente dos centrais, sem número 10 dando total liberdade aos três homens da frente mas também, à vez, a um dos médios para entrar em zonas de finalização, na maior parte das vezes era Meireles. O problema táctico de Jesualdo é não ter um sistema táctico substituto. Mesmo que quisesse manter o 4-3-3, Jesualdo não pode pôr Bollati no lugar de Paulo Assunção - como muitas vezes fez, sem sucesso - exigindo ao primeiro que jogue como o segundo quando os dois têm características muito diferentes. O mesmo se passou com Tomás Costa no último ano. Jesualdo, quando faltava Lucho, tentava fazer de Tomás um Lucho careca quando Tomás não tem nem a precisão de passe, nem a experiência, nem a qualidade de pensar o jogo de Lucho. Os únicos jogos em Tomás Costa jogou bem foi a falso extremo direito, na Luz e em Alvalade. Num possível 4-4-2, Tomás encaixaria muito bem no lado direito do meio-campo.
Portanto, apesar de ser muito bom o seu 4-3-3, Jesualdo apresenta deficiência quando têm que gerir o plantel pois não tem um sistema alternativo. E é sobre gestão de plantel que me vou debruçar, para a semana, em mais um texto sobre os defeitos de Jesualdo.

Não dá para reprovar nos exames médicos?

julho 12, 2009

Elisa Ferreira




Só espero é que a terceira derrota humilhante que o PS Porto vai sofrer sirva para eliminar os cancros lá existentes.

Académicos

Se quiserem ler uma entrevista irritante, façam o favor de seguir este link. A jornalista é Maria João Avillez, a mulher mais insuportável da comunicação social a seguir à Fátima Campos Ferreira. O entrevistado é o sociólogo Manuel Villaverde Cabral. Este, que até aqui há uns meses estava escondido num daqueles gabinetes dos académicos lisboetas a investigar, sempre a investigar, relançou a sua carreira quando foi substituir a Fernanda Câncio naquele programa da TVI. Se a sua escolha tinha revelado muito, a entrevista em questão diz muito deste sociólogo. Por muito bom trabalho que a criatura faça na sua área de investigação, Villaverde Cabral corresponde, na íntegra, ao protótipo do académico português: investiga, estuda, reflecte, dá umas entrevistas e participa numas tertúlias. Mas tudo isto não resulta em nada de significativo para, sei lá, melhorar o país que estes académicos tanto detestam. A meio da entrevista ele diz que o seu maior combate é a reestruturação do sistema politico-partidário português. Sim senhora, também concordo. Mas do que este senhor não se lembra, ou não se quer lembrar, é que metade do país está-se marimbando para o sistema politico-partidário. Por isso é muito lindo reflectir, mas quando não se quer conhecer o país a coisa torna-se mais difícil.
Não sei por que é que os jornais continuam a dar voz a estas múmias dos gabinetes das universidades. Aqui há uns dias a entrevistada foi Filomena Mónica, que é outro caso paradigmático do tal académico português. Ela, nesta entrevista, admitiu que só sai de casa uma vez por semana o que é estranho para quem se está sempre a vangloriar de ser uma grande figura intelectual do país. Então como é que ela conhece o país?
Estes académicos são bastante idiotas. E ainda têm a lata de, por vezes, dizer mal ou pretender mudar o sistema dos professores dos ensinos básico e secundário quando são estes últimos que, realmente, contribuem - mesmo que mal, na sua maioria - para a educação em Portugal das novas gerações. Os académicos, as tais elites, são um cancro da nossa sociedade, por muito que eles gostem de ver o cancro noutros lados.
ps: reparem só nesta pérola de Villaverde Cabral: "Não sei se o Presidente da República não é vítima do calendário eleitoral. Mas é com certeza vítima dos nossos maus hábitos políticos... sendo ele mesmo, desde há muitos anos, um membro activo e importante desse nosso sistema." Esta criatura não deve ter vivido em Portugal entre 1995 e 2006, anos em que Cavao quase não disse nada sobre o país.

julho 11, 2009

julho 10, 2009

Touradas


A única razão para acompanhar as corridas de touros na RTP - como a que está a acontecer neste momento - chama-se Helena Coelho. Os flash interviews mais interessantes da televisão portuguesa, sem dúvida.