Se quiserem ler uma entrevista irritante, façam o favor de seguir este link. A jornalista é Maria João Avillez, a mulher mais insuportável da comunicação social a seguir à Fátima Campos Ferreira. O entrevistado é o sociólogo Manuel Villaverde Cabral. Este, que até aqui há uns meses estava escondido num daqueles gabinetes dos académicos lisboetas a investigar, sempre a investigar, relançou a sua carreira quando foi substituir a Fernanda Câncio naquele programa da TVI. Se a sua escolha tinha revelado muito, a entrevista em questão diz muito deste sociólogo. Por muito bom trabalho que a criatura faça na sua área de investigação, Villaverde Cabral corresponde, na íntegra, ao protótipo do académico português: investiga, estuda, reflecte, dá umas entrevistas e participa numas tertúlias. Mas tudo isto não resulta em nada de significativo para, sei lá, melhorar o país que estes académicos tanto detestam. A meio da entrevista ele diz que o seu maior combate é a reestruturação do sistema politico-partidário português. Sim senhora, também concordo. Mas do que este senhor não se lembra, ou não se quer lembrar, é que metade do país está-se marimbando para o sistema politico-partidário. Por isso é muito lindo reflectir, mas quando não se quer conhecer o país a coisa torna-se mais difícil.
Não sei por que é que os jornais continuam a dar voz a estas múmias dos gabinetes das universidades. Aqui há uns dias a entrevistada foi Filomena Mónica, que é outro caso paradigmático do tal académico português. Ela, nesta entrevista, admitiu que só sai de casa uma vez por semana o que é estranho para quem se está sempre a vangloriar de ser uma grande figura intelectual do país. Então como é que ela conhece o país?
Estes académicos são bastante idiotas. E ainda têm a lata de, por vezes, dizer mal ou pretender mudar o sistema dos professores dos ensinos básico e secundário quando são estes últimos que, realmente, contribuem - mesmo que mal, na sua maioria - para a educação em Portugal das novas gerações. Os académicos, as tais elites, são um cancro da nossa sociedade, por muito que eles gostem de ver o cancro noutros lados.
ps: reparem só nesta pérola de Villaverde Cabral: "Não sei se o Presidente da República não é vítima do calendário eleitoral. Mas é com certeza vítima dos nossos maus hábitos políticos... sendo ele mesmo, desde há muitos anos, um membro activo e importante desse nosso sistema." Esta criatura não deve ter vivido em Portugal entre 1995 e 2006, anos em que Cavao quase não disse nada sobre o país.
Eiii que mau... Calma aí, que os académicos servem para alguma coisa e o seu trabalho está muito longe de ser inútil. Aliás, é extremamente útil, se o poder político não o sabe aproveitar é outro problema!
ResponderEliminarTambém não sou a favor do isolamento académico, mas tens que compreender que é preciso manter um certo distanciamento face à sociedade civil. Isso não é sinónimo de desprezo ou qualquer outra coisa negativa, é uma forma de preservar a cientificidade do conhecimento.
Quanto à Filomena Mónica, a produção dela está MUITO abaixo do que já teve. Se não sai de casa dúvido que seja por estar a trabalhar.
Não vejo os académicos como um cancro, pelo contrário, acho que dão um contributo fundamental para a sociedade e para a sua compreensão e que muitas vezes o seu trabalho é ignorado quando se tomam decisões importantes para o país em áreas de sua especialização. O trabalho destes académicos deve ser mais aproveitado do que é. A sua função não é mudar o país, é fornecer os meios necessários para quem decide fazer uma escolha mais reflectida, consciente e sustentada, tendo em conta o conhecimento científico que existe na matéria.
Acho que até é dada pouca voz aos académicos - aos verdadeiros académicos.
Fred, tens inteira razão. Não critico os académicos em geral, como posso ter dado a entender no texto. Mas critico, e muito, os académicos mais antigos, os chamados dinossauros dos gabinetes. Foi só esses que quis visar - ainda são bastantes -, os outros não.
ResponderEliminarAliás, eu até estou integrado num projecto de investigação que acho bastante benéfico para o estudo de algumas realidades políticas, e trabalho com académicos. Sei o trabalho que muitos académicos de nova geração - muitos do ISCTE, como deves saber, mas também muito criticados - tem sido importante nalgumas reformas que este governo tem implementado (Seg.Social, p.e.), mal ou bem não interessa. Por exemplo, o PS não ignora tanto estes "activos" como o faz o PSD - por tradição ideológica, também - por isso também a minha estranheza pela entrevista do Villaverde. Activos que são, obviamente ignorados por todos mas que são fundamentais, disso não tenho a mínima dúvida.
Ou seja, há muitos bons académicos que, realmente, contribuem, para a melhor compreensão do país. E também concordo contigo quando dizes que o trabalho destes deve ser melhor aproveitado. Sem dúvida. Mas estas "cabeças pensantes" como Mena Mónica ou Villaverde são claros exemplos do que não deve ser um académico, no meu entender. O tal distanciamento que falas da sociedade civil, estes dois (e muitos outros) estão demasiado distanciados da realidade. É que nem aulas dão, praticamente. Não são, como dizes, verdadeiros académicos.
Ah, sim. Assim concordo inteiramente.
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