Antes de ir viver para Lisboa sempre olhei para Os Belenenses como um clube "amigo". Ou seja, se jogassem contra o Beira-Mar, Felgueiras, Paços de Ferreira ou mesmo a União de Leiria - clubes que nunca me disseram nada, nem odeio nem simpatizo - torcia sempre pelos azuis do Restelo. Sabia-me bem olhar para Lisboa e ver algo azul, era basicamente isto que eu gostava, o azul, embora não me dissessem nada de nada.
Porém, quando cheguei a Lisboa, percebi que todas as pessoas eram d'Os Belenenses, que era um clube "simpático", com um estádio muito bonito - lá isso é - e que, como nunca incomodava ninguém, todos os lisboetas tinham um carinho por aquele clube. Ora se há coisa que eu não entendo são clubes "simpáticos". Ou se adora ou se detesta. Passei a detestar Os Belenenses.
Vem isto a propósito da fúria da direcção d'Os Belenenses devido a uma crónica musical de um jornalista do Público. Na crónica pode-se ler, entre outras coisas, isto: "Toda a gente que segue futebol com um mínimo de regularidade conhece a constante nudez quinzenal do Estádio do Restelo. O Belenenses joga e há duas dezenas de velhinhos nas bancadas, nem uma palha bule, é um sossego. Portanto a ideia de fazer um festival de música popular naquele mesmo estádio quase parece uma acção de beneficência.".
Pior do que a fúria da agremiação desportiva, só mesmo o pedido de desculpas do Público - lá está o tal carinho lisboeta. Parece que retratar fielmente a realidade já não faz parte da função de um jornalista.
Dois símbolos da cidade que caíram no ridiculo - um clube e um festival - e se Os Belenenses a mim não me dizem nada, o SBSR já me diz. Fiquei feliz, mas mesmo feliz com todos os fracassos que abalaram este festival. Espero que percebam que as merdices introduzidas à força por editoras carregadas de dinheiro na cena musical apenas têm sucesso na MTV e no Top +. Público nem vê-lo, apenas um bando de adolescentes idiotas e sem consciência das bestas ignorantes que são, a fazerem figuras de pitas histéricas por uns anormais que mal sabem tocar os seus instrumentos.
ResponderEliminarO SBSR teve dois anos estupendos, com espectáulos e alfuências dignos de um país culturalmente desenvolvido, mas logo no ano a seguir ao melhor momento do festival deu-se um festival terrível em termos de organização (quem la foi ver Slayer o ano passado sabe do que falo)mas a bilheteira rendeu, este ano nem isso.
Bem desculpa lá Pedro mas tive mesmo que escrever isto.
Eu acho a crónica em causa absolutamente parva em tudo o que foi dito. Acho uma besteira de todo o tamanho. Quanto à questão do belenenses que nela é referida parece-me secundária e apenas o constatar duma realidade, embora fosse perfeitamente escusada.
ResponderEliminarT.Ribeiro, não vi fracasso nenhum! Estive lá e vi um relvado completamente cheio de gente e as bancadas relativamente bem preenchidas. Não sei onde está o fracasso nisso. Aconselho a não formarem opiniões baseadas apenas no que um jornalista (bem parvo, por sinal) diz. Aliás, basta ler uma pequena amostra da carrada de comentários à crónica para perceber que 90% está contra o que foi escrito porque lá esteve.
Pedro, permite-em citar um comentário dessa notícia a este propósito:
22.07.2009 - 13h09 - Carlos Azevedo, Lisboa
João Bonifácio empregado do Público, Público propriedade da Sonae, Sonae maior accionista da Sonaecom, Sonaecom=Optimus, Optimus maior sponsor do Optimus Alive. Encomenda? Hummmm. Só não percebo como é que num momento em que está a ser negociado o despedimento colectivo dos jornalistas do Público, ainda há um João Bonifácio a vender-se aos patrõezinhos... Lindo!!
Acho que isto explica muita coisa...
Pedro desculpa-me o desvio do assunto principal, se não achares bem faz o favor de apagar ;)
Eu não fiz o meu comentário baseado no que disse o jornalista do Público, fi-lo baseado nas opiniões que me foram dadas por amigos que la foram e também la tinham ido nos anos anteriores,por pessoas que habitualmente frequentam festivais e deixam as suas impressões em fóruns, e em comparação foi um fracasso. Que o recinto esteve relativamente bem composto VI eu, no entanto relativamente bem composto, tratando-se de um recinto de tamanho médio é mau. Além disso não vi nenhuns comentários, headlines, opiniões em fóruns de música (naqueles que fequento habitualmente) que falassem de um festival memorável, como vi em anos anteriores. Juntar uns tantos milhares de pessoas para verem um espéctaculo mediano é a meu ver um fracasso, mas é só uma opinião.
ResponderEliminarMeus caros, vou contribuir um pouco para a discussão.
ResponderEliminarComecemos pelo insucesso. Estamos perante duas pessoas que têm visões completamente distintas de um coisa: a música. Logo será difícil chegar a um consenso entre vocês do que é insucesso ou não. Quem foi e gostou não vê insucesso nenhum. Quem não gosta nem um bocadinho das bandas que lá foram e, como o Tiago, tem um espírito musical mais próximo do que foram as primeira edições do festival, consegue ver um insucesso enorme.
E este ponto é importante. Fred, tu não achas - por muito que até gostes dos "The Killers" ou Duffy - que o cartaz do SBSR, em Lisboa e no Porto, foi um pouco fraco este ano quando compararmos com outras edições? Eu, no que respeita a este estilo de música, sou bastante ignorante mas, mesmo assim, consigo ver um pouco de falta de qualidade.
Tiago, não achas que para um fã dos The Killers ou da Duffy - y que los hay, los hay - o concerto posso ter sido memorável?
Quanto à polémica em torno da crónica:
Fazer crítica musical, cinematográfica ou lietrária é sempre complicado. Por muito que se seja jornalista, há que imprimir um tom mais pessoal. Paga-se a uma pessoa que, supostamente, percebe do assunto para criticar, positiva ou negativamente, uma determinada coisa. Foi isso que fez João Bonifácio. Eu não acho que ele seja parvo, Fred. Até acho que fez uma boa descrição do Estádio do Restelo em dias de jogo - já lá fui ver quatro no último ano e aquilo é mesmo assim. A um crítico há que dar bastante liberdade. Com limites, é certo. Mas não acho que os tenha excedido. No que respeita ao Belenenses, claro. Quanto à música, acho que fez uma boa crónica, podendo eu concordar ou não com ela. Mas acho que está bem escrita, coerente. O que faltou no Público terá sido o contraditório. Ou seja, fazer como na secção dos filmes ou discos, em que, geralmente, existem dois críticos que abordam o mesmo tema, apresentando visões diferentes podendo o leitor "escolher".
Como não tenho simpatia nenhuma por aquele clube, torno-me parcial neste assunto, claro. Mas não vi nenhuma ofensa grave à instituição.
E o pedido de desculpas do Público foi um acto de submissão ao Belenenes e a Luiz Montez da Música no Coração. Sobre isto ler este texto que eu concordo integralmente: http://arrastao.org/sem-categoria/como-aquilo-dos-cartoons-era-la-longe-defendiamos-a-liberdade-de-expressao-aqui-na-redaccao-impera-o-respeitinho-pelo-bom-nome-da-cruz-de-cristo/
Parece-me que está tudo dito ;)
ResponderEliminarDevias seguir carreira como Dr. Phill português, pensa nisso:P
Concordo que o cartaz possa ter estado mais fraco do que em anos anteriores. De facto, o cartaz de Lisboa resumia-se a The Killers, já que a Duffy ainda não tem dimensão suficiente para arrastar consigo um público a que possa chamar exclusivamente seu. No caso do Porto, Depeche Mode também se destacavam francamente face às restantes bandas.
ResponderEliminarOu seja: sim, o SBSR este ano possivelmente esteve mais fraco do que em anos anteriores em que não tínhamos uma banda principal e outras para "encher chouriços", antes tínhamos vários cabeças de cartaz. Este ano o SBSR em Lisboa e no Porto eram basicamente um concerto de The Killers com muitas bandas a fazer a "primeira parte" + a Duffy, que não é nenhum colosso mas tem alguma dimensão mediática; e o mesmo no Porto com os Depeche Mode.
No entanto, nada disso invalida que o concerto possa ter sido bom. Compreendo perfeitamente que para quem não goste possa ter sido mau, mas também acho difícil para quem não goste de determinado género de música achar bom um concerto desse tipo.
Eu confesso que só lá fui por The Killers, e acredito que muita gente tenha feito o mesmo, na linha do que referi há pouco. A primeira vez que vi o nome The Walkmen foi quando olhei para o bilhete. Brandi Carlile só conhecia da Supr Bock. Mando Diao só tinha ouvido falar. Duffy sempre é melhor que uma Britney Spears ou uma Christina Aguilera, mas dispensava-se. The Killers era a razão de eu lá estar presente.
Porém, The Walkmen pareceu-me bastante agradável. Brandi Carlile optou por uma série de covers de bom gosto que me animaram. Mando Diao surpreenderam-me largamente, espalhando uma energia imensa em palco, como eu nunca tinha visto (e não me refiro a berrar até perder a voz, desses já vi). Duffy sofreu na pele o facto de ser a última antes de The Killers: o público estava farto de esperar, pouco entusiasmado com a sua música, e raramente respondeu quando a cantora tentou interagir, o que levou a que terminasse o concerto antes do previsto, possivelmente um pouco chateada. The Killers correspondeu ou superou as expectativas.
Saí de lá satisfeito porque para além de ter gostado de The Killers, houve um conjunto de bandas "menores" que contribuiram para o espectáculo e fizeram com que as 6h de espera não fossem assim tão más.
Quanto ao Belenenses, eu não disse que era mentira o que o João Bonifácio disse. Apenas acho escusada a brincadeira numa crónica que se pretende que seja de música. A indignação também foi, certamente, exagerada. Mas foi resultado duma provocação desnecessária.