Perante esta notícia, toda a gente vai salivar, qual cão de Pavlov, protestando contra o facilitismo instaurado na Educação em Portugal, que tudo isto é um escândalo, etc, etc, etc. Basta ver alguns comentários às notícias ou os blogues que falam sobre ela para perceber isso mesmo. No entanto, eu não me indigno nada com esse tal facilitismo. Por duas razões: 1) há nove anos atrás, no meu 6ºano, uma colega minha de turma passou de ano com 7 negativas, todas elas a disciplinas importantes; 2) há dois anos que acompanho um caso de um rapaz ainda no básico que, apesar de muito inteligente, tem bastantes problemas de aprendizagem mas os professores continuam a passá-lo como se nada fosse, como se não saber quanto é 2x7 ou conjugar o verbo estudar no pretérito mais-que-perfeito fossem apenas pormenores. E poderia dar muitos mais exemplos antigos. Assim, o facilitismo não é de agora, não é culpa deste ministério, deste governo, desta ministra. É sim de todo o sistema que vigora há anos e que, apesar de algumas tentativas, esta ministra não conseguiu mudar.
Mas o ponto que mais me interessa nesta notícia prende-se com o número de disciplinas do aluno em causa que corresponde ao aluno normal do ensino básico. Se há muitos problemas na educação, o elevado número de disciplinas IRRELEVANTES é o maior, no meu entender, e não tem havido combate ao mesmo.
A notícia aponta para 14(!!!!!!) disciplinas. Para além das básicas Português, Matemática, Ciências Naturais, Fisico-Química, História, Geografia, Inglês, Francês/Espanhol, sobram as "complementares", chamemos assim: Educação Física, Educação Visual, Formação Cívica, Estudo Acompanhado, Área de Projecto e Educação Tecnológica.
Eu que frequentei o ensino básico há relativamente pouco tempo - 6 anos - sei como as coisas funcionam. Na minha altura não tinha estas catorze disciplinas. Tinha doze. Porém, disciplinas como História, Geografia, Ciências, as línguas estrangeiras e Fisico-Químicas tinham uma carga horária de 90+45minutos. Actualmente, estas disciplinas têm um carga horária de 45+45minutos*. As aulas de 45 minutos não rendem nada, como todos os que já as vivenciaram admitem. Então como querem que um aluno aprenda alguma coisa se tem pouquíssimo tempo para obter conhecimentos e muitíssimo tempo ocupado com disciplinas ridículas e idiotas? Ainda por cima, o aproveitamento por parte dos alunos dessas disciplinas é baixíssimo, variando de professor para professor já que é este que "faz" a disciplina.
Se no meu tempo os meus professores mal conseguiam cumprir o programa da disciplina, e refiro-me a disciplinas importantes, até ao fim, imagino agora a agonia dos mesmos. E, assim, continua-se a formar cada vez pior os mais novos. Não peço que se tenha que decorar as pontes, os rios e as serras como antigamente. Mas um pouco mais de conhecimentos, daqueles a sério, ajudaria de certeza.
*a carga horária pode ser também de apenas uma aula de 90 minutos, consoante a política da escola. Referi aquela porque é, dos casos que conheço, a mais seguida.
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