abril 08, 2011

Discriminação na CP

Na viagem que fiz ontem de Lisboa para o Porto, a caminho do Dragão para ver o Ibson a ser humilhado, deparei-me com um episódio vergonhoso, envolvendo um dos revisores da CP.
Em Coimbra, um jovem passageiro de dezasseis anos entrou no comboio com a camisola do FCP vestida. O revisor só chegou junto dele depois de Aveiro e foi aí que começou a confusão. O rapaz tinha-se esquecido do Bilhete de Identidade mas tinha o cartão de aluno que comprovava que era estudante e que poderia ter o desconto que beneficiou na compra do bilhete. O revisor, dentro da lei mas demasiado escrupuloso, exigiu o BI ou outro documento que identificasse a idade do passageiro. Sem idade para ter carta de condução e sem passaporte - os únicos documentos válidos nas palavras do revisor - foram inúteis as tentativas do jovem para demover o revisor quando lhe mostrou outros cartões onde tinha a sua data de nascimento. O revisor estava determinado a cumprir a lei ao máximo. O que até pode ser respeitável, não fosse o comportamento que teve a seguir.
Na mesma carruagem viajavam vários russos, adeptos do Spartak. Um deles, bem próximo do local, tentou aliviar a tensão, gritando Spartak e pedindo ao revisor para deixar em paz o miúdo. O homem da CP virou-se para o russo e apenas disse: "eu hoje também sou do Spartak". Nesse momento, caiu-lhe a máscara. O zelo com que estava a tratar o jovem passageiro era apenas por ele ter vestida uma camisola do FCPorto. Em variadíssimas situações, os revisores da CP toleram estas situações, principalmente se os passageiros forem bem educados e civilizados, que foi o caso deste rapaz. Aliás, no meio da conversa, o passageiro recebeu um telefonema e, quando atende, o revisor ironiza de forma indecente: "não é por telefone que vai conseguir provar nada". Uma atitude lamentável que culminou em beleza.
Quando o revisor da CP estava a fazer as contas da diferença que o miúdo teria que pagar, resolve lançar esta farpa: "eu até estou a ser bonzinho, este caso é passível da coima máxima por não possuir um bilhete válido". Perante isto, o rapaz apenas questiona o homem da CP com um normalíssimo "porquê?" e é aí que o revisor finaliza a conversa: "ai está a questionar? pois estão em Campanhã vai ter a PSP à sua espera para o identificar e aí pagará a multa máxima", procedendo em seguida ao telefonema para que essa diligência fosse tomada.
Como é que se reage a isto? Com muita calma. Eu bem que tentei interceder a favor do jovem mas foi impossível falar com um anormal daqueles. Por isso, aconselhei o miúdo a sair na estação anterior a Campanhã e foi o que aconteceu: em Gaia, despistei o revisor, o rapaz vestiu outra camisola e saiu por outra porta, passando inclusivamente na plataforma junto ao revisor sem que este desse conta disso. No final, eu apenas me despedi do revisor com um sonoro "cinco a zero" e um encolher de ombros. A seguir, esse senhor terá uma reclamação formal na CP.

1 comentário:

  1. eheh grande Pedro, gostei da parte dos "cinco a zero". E a reclamaçao formal, vais ser tu a faze-la? E já agora fiquei curioso em relação à forma como despistaram o revisor para que o miudo saisse na estação anterior à da camapanhã...

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