O debate entre Paulo Rangel e Vital Moreira, que se realizou hoje na SIC, é capaz de ser o mais entediante de todos que haverá. A razão? Porque ambos representam PS e PSD que, na prática, defendem praticamente o mesmo apesar de os candidatos se esforçarem (mal) por mostrar o contrário. Neste debate não se falou de Tratado de Lisboa nem das suas implicações, não se falou da Turquia, não se falou no QREN, não se falou das relações europeias com outros continentes, nada, nicles, zero. Preferiu-se discutir o "combate à crise". Mais uma vez Vital defendeu as políticas do governo, Rangel atacou as políticas do Governo. Quanto à moderação de Clara de Sousa, péssima e ineficaz.
Nota final para a postura de Rangel. Terminou bem, apesar de demagógico, atacando Vital no ponto forte: Durão. Mesmo assim, penso que não terá hipóteses com qualquer outro candidato. A muito louvada capacidade argumentativa e de diálogo só resulta com o comprometido Vital. Com os outros duvido. Rangel, mais uma vez, voltou a tratar Vital como "o candidato Vital" (não o fará com os outros) e a acusar o cabeça de lista de falta de educação por este último ter dito que, um dos argumentos de Rangel, provava que o representante do PSD não conhecia o país. A resposta de Rangel é toda ela um programa e forma de ser: "eu não entro nos debates atacando gratuita e pessoalmente o adversário". Um segundo depois: "eu garanto-lhe que conheço melhor o país que o candidato Vital Moreira".
nota1: já no debate a 5, no Prós e Contras, Rangel disse que não ia enverdar pelo insulto, que ia "manter o nível do debate". Cinco minutos volvidos, "o candidato Vital tem tiques estalinistas", "não venha para aqui com a sua moral de pacotilha". Exemplar.
nota2: não sei se se vão realizar mais debates entre estes dois protagonistas. Caso a resposta seja negativa, o calendário favoreceu o PS e Vital. Não sei as audiências, nem me interessa. Mas, na véspera do 25 de Abril, numa semana em que Sócrates dá uma entrevista, não estou a ver que o debate tenha tido grande impacto.
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