março 20, 2011

Beco (com saída)

Já chega. O país entrou, definitivamente, no caos político e só eleições antecipadas resolvem o problema. Por um simples razão: já ninguém está a pensar no país e nos portugueses, apenas nos seus interesses políticos e partidários.
Cavaco optou por estar cinco anos de acordo com o Governo e a fomentar Orçamentos de austeridade para, mal pôde, lançar chamas sobre o cenário político.
O PSD e Passos Coelho, que se comprometeram com toda a austeridade possível e que, se fossem governo, estariam a adoptar medidas bem piores, estão agora muito indignados e a vontade de chegar ao Governo é tanta que a estratégia inicial de deixar queimar Sócrates em lume brando foi por água a baixo. Mas ainda não conseguiram informar que rumo pretendem dar ao país já que estão demasiado preocupados em perceber a melhor forma de "atacar o pote" como sugeriu Passos Coelho.
O Governo PS e o seu líder, Sócrates, também já desistiram de pensar no país. Numa jogada táctica que teve sucesso, apresentaram o PEC 4 sem dar cavaco a ninguém - apenas a Merkel e seus muchachos - e geraram quase um crise institucional. Por uma simples razão: Sócrates sabe que esta é a melhor altura para sair e tentar um bom resultado eleitoral. Os outros é que ficam com a responsabilidade da crise política, ele e o governo, coitados!, estavam só a cuidar dos interesses do país. Não há governo e não há rumo. E invocar a legitimidade eleitoral quando na campanha de 2009 prometeram todo o contrário do que andam a praticar é apenas ter muita cara de pau. Nada que já não estamos habituados no actual 1º ministro.
O CDS continua a girar à volta de Paulo Portas, apesar do crescente número de figuras de relevo que o rodeiam e que são bastante promovidas pelo seu líder. Mesmo assim, é Portas que controla tudo e erguem bem alto a bandeira do "fomos nós os primeiros a pedir que o chefe do governo saísse". Também sedentos de poder, já esboçaram todos os cenários de coligação possível: com o PSD, com o PSD e PS, e com estes dois mais o PCP. Ou seja, Portas quer ser poder custe o que custar. Mas toda a gente sabe que por detrás daquilo há o mesmo caminho seguido na política económica, portanto, austeridade e mais austeridade. Porém, há que dar mérito à forma como fazem oposição ao governo.
O PCP e o Bloco continuam iguais a si próprios. Devido à sua génese, não conseguem ser vistos pela opinião pública como uma alternativa credível. Apesar das ideias e do combate sério às políticas governativas, uma das soluções seria um entendimento alargado entre os dois partidos que mostrasse ao país que, à esquerda, há uma alternativa. Mas estes dois partidos estão demasiado entretidos a ver quem é mais de esquerda e quem é que fica à frente um do outro, enquanto o PS está morto e moribundo no que respeita a políticas de esquerda. Mas ainda vão a tempo.

E é assim: mergulhados numa grave crise económica e social, o país assiste - já não impávido e sereno, como nos provam as duas manifestações nos dois últimos sábados - às tácticas dos partidos, aos comentários dos opinion makers na TV e nos jornais, à espera de alguma solução. A meu ver só há uma: ir já para eleições para que cada um diga ao que vai e que saia legitimado da urnas. Só assim poderá haver quem pense o país sem pensar primeiro em si próprio.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Construções