outubro 02, 2010

Austeridade


O mês de Setembro acaba com o anúncio do Governo de um plano de austeridade "a sério", citando os economistas do costume. Sócrates e o PS tiveram um mês para se prepararem para isto, com Casa Pia, caso Queiróz e revisão constitucional para entreter o povo e os media. Mas, na quarta-feira, era inevitável anunciar ao país que estamos mal e que precisamos, novamente, de apertar o cinto - o terceiro ou quarto nos últimos anos. Medidas difíceis que provocaram um "aperto no coração" do primeiro-ministro e "felicidade" em Almeida Santos por ter um Governo com coragem suficiente para as tomar. Em obedecer à opinião dominante dos media, à OCDE, à Comissão Europeia e ao PSD não vislumbro coragem mas sim falta de estratégia.

As medidas, que nos últimos meses têm sido apregoadas pelos habituais especialistas, provocaram uma curiosa reacção desses mesmos especialistas: parece que é pouco. Contaminaram a opinião pública com um discurso de contenção, que se devia cortar na despesa e mais e mais, e quando o Governo anuncia o corte na despesa parece que não é suficiente, que os dois milhões de pobres em Portugal, coitados, têm ainda demasiado dinheiro para sobreviver ao quotidiano de crise instalado no país há quase dez anos. Salgueiros, Medinas, Duques, Césares das Neves, entre outros que o PSD ouviu antes de ir à aula com o prof.Cavaco, são directamente responsáveis pelo estado em que o país se encontra economica e financeiramente. Mas não têm o pudor suficiente para não aparecer constantemente a emitir diagnósticos e soluções para o que criaram.

O PSD continua sem rumo. Meteu-se na revisão, exigiu corte na despesa e, agora que a única coisa que o distancia do orçamento é o aumento do IVA, está de mãos atadas. Miguel Macedo, líder parlamentar, bem como o líder e os conselheiros económicos, vão alertando que o Governo escondeu problemas e não agiu a tempo para os solucionar. Porém, quem andou a brincar às revisões não foi o PS nem qualquer outro partido. Tivessem investido no combate diário à política governamental e agora estariam numa posição bem mais confortável. Vão aprovar o orçamento e vão ter que esperar pelas presidenciais para redifinir estratégias. É que já não podem rezar pelo insucesso das medidas de austeridade propostas pelo Governo: estão tão ligadas a elas como Sócrates e Teixeira dos Santos.

O facto de virem aí presidenciais poderá dar algum descanso ao Governo. No entanto, estas medidas terão que se aproveitadas pelos restantes partidos de oposição. À esquerda, pede-se algo novo no combate ao governo. O povo não é parvo e estará um pouco farto desta falta de assunção de alguma responsabilidade política. Se o PCP e, principalmente, o Bloco querem ter um papel decisivo, apenas com uma mudança poderão conseguir resultados. Já o CDS estará a ponderar se aprova o Orçamento. Isso, e divertir-se com os tiros no pé do PSD.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Construções