outubro 22, 2010

Vítor Baía


As declarações polémicas de Baía a uns miúdos de uma escola qualquer no Porto mostram bem que o antigo guarda-redes nunca poderá ser um bom presidente do FCPorto. Nem está realmente em causa o que ele disse - também está mas já lá vou. A forma descontraída com que tem tecido considerações sobre o clube e o futebol português, o conteúdo vazio e meramente opinativo do seu discurso mostram um homem sem carácter forte para alguma vez liderar um projecto como aqueles a que se "propõe". Uma escolinha de jogadores ou as actividades da sua fundação são já um trabalho muito exigente para Baía. Presidir a um clube - que não é só futebol -, uma tarefa hercúlea.

Vamos então às declarações. Que os profissionais do FCPorto que têm grande sucesso não são reconhecidos da mesma forma que os dos outros clubes, é uma verdade. Porém, Baía não disse só isso. Disse que o clube era muito fechado e que perdeu uma grande oportunidade para se abrir ao mundo depois das conquistas europeias de 2003 e 2004. A crítica até pode ser legítima mas eu pergunto: que trabalho se reconhece a Vítor Baía como director das relações externas do clube? Por que é que nunca explicou a sua saída do cargo? Poderá o ex-guarda-redes confirmar que se tratou de uma simples birra por não ter tido um cargo mais importante na estrutura do clube? E questiono ainda: o FCPorto de 1989, dois anos depois de ter sido pela primeira vez campeão europeu e quando Baía começou a jogar pelo clube, é igual ao FCPorto de 2007, quando Baía o abandonou como jogador? Não me parece.

Vítor Baía deve TUDO ao clube. Por isso, e apesar de não estar invalidado de fazer qualquer crítica, tem que reconhecer que, por um lado, se tivesse sido jogador do Benfica ou do Sporting, nunca teria tido o mesmo sucesso; por outro, já teve responsabilidades no clube. Muitos poderão dizer que o cargo de Baía era folclórico - então porque é que o aceitou?

Antes de terminar, duas notas. Em primeiro lugar, dizer que o FCPorto tem ainda muitos defeitos. Que não serão, com certeza, a falta de abertura ao mundo ou mesmo a integração no clube das antigas glórias, outra das críticas de Baía. Baste ver as equipas técnicas dos diversos plantéis das camadas jovens nos últimos 15 anos para se encontrarem nelas muitos antigos jogadores, ao lado de profissionais competentes vindos do exterior. Um dos defeitos do clube será, porventura, a política de contratação de jogadores e todo o esquema à volta disso. Mas com isto Baía está plenamente de acordo.

Segundo, Baía é um dos melhores jogadores de sempre do clube, o melhor guarda-redes português de sempre e, por isso, um ídolo para mim. Mas dentro dos relvados. Fora deles, um desastre.

2 comentários:

  1. Infelizmente tenho mesmo que concordar contigo. Sempre fui acérrima defensora do Vítor Baía, desde sempre até à sua "desavença" com Scolari. Mas desde aí só desilusões. Que é que ele queria? Ser o Rui Costa ou o Costinha? Vê-se bem o bem que eles têm feito aos seus clubes e Vítor Baía, da maneira como se comporta fora do campo, provavelmente seguiria o mesmo caminho. Entre Vítor Baía e Pedro Emanuel, dois jogadores que se retiraram na mesma altura vai uma diferença de humildade muito grande. Mas também isso seja apenas um reflexo do nível que tiveram como jogadores. Um muito bom, outro mediano; depois das chuteiras dependuradas (e luvas descalçadas) o contrário...

    Ana Luísa

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  2. É exactamente isso, Ana Luísa. Sabes, eu acho que ele ouviu dizer várias vezes que podia ser o substituto de Pinto de Costa. E inchou de tanta vaidade.

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