junho 30, 2009

Pacheco Pereira

O novo programa de Pacheco Pereira da SIC-Notícias tem feito correr muita tinta. Desde logo porque surge a três meses de eleições e porque Pacheco tem um ódio a Sócrates demasiado grande para ficar apenas expresso pelo seu Abrupto. Portanto, toca a ter um espaço só para ele em horário nobre.
Eu vi o programa e achei-o entediante. Não que a ideia não seja boa mas a figura de Pacheco é, toda ela, impeditiva de seguir o programa. Eu sei que ele avisa que ali só se faz opinião. O problema é que a opinião de Pacheco não é parcial, é uma espécie de hooliganismo da opinião em Portugal. Estou curioso para ver se o Ponto Contra Ponto continua depois das eleições.
Muita gente escreveu sobre este tema. Aqui ficam alguns exemplos.
O primeiro é a crónica de Ferreira Fernandes. Na íntegra:
"Pacheco Pereira tem um novo programa, sobre opinião - Ponto Contra Ponto, na SIC Notícias. Um programa de "opinião, opinião, opinião." A minha opinião: nenhuma opinião vale mais, em Portugal, que a de PP. Alguém que lembra a importância da hesitação no discurso televisivo de Vitorino Nemésio (a quem PP dedicou o seu programa) deve ser escutado. É uma luta necessária, a de PP, contra o "demasiado espectáculo e a pouca razão" na Comunicação Social portuguesa. Mais uma razão para o criticar. No primeiro Ponto Contra Ponto, PP abriu as páginas de procura de emprego do Correio da Manhã, de 26/06/2009, para concluir sobre os maus tempos em que vivemos. Fui ver esse CM: havia 52 anúncios de procura de emprego. Há 15 anos, o CM de 27/06/94 (não escolhi o de 26 porque foi domingo) tinha 104 procuras de emprego. Julgo que seria pouco razoável - PP até diria mais: situacionista! - alguém dizer, à luz dos anúncios do CM, que ao fim de nove anos de Governos de Cavaco (1985-1994) havia o dobro de desemprego que temos hoje... Conclusão: em televisão, abanar as páginas de anúncios de um jornal é demasiado espectáculo. Nemésio hesitaria, pensava e não o faria."
[é deliciosa a forma como Ferreira Fernandes reduz Pacheco a PP e não a JPP como ele próprio tanto gosta]
Bruno Sena Martins escreve um texto mais analista e bem imparcial:
Já o Val descreve da melhor forma o grande momento do programa de Pacheco:
"E na abertura do Correio da Manhã esteve o grande acontecimento deste primeiro programa. Porque lhe deu para falar do putedo. Coisa de homem, e de homem na crise de ser homem. Então, anunciou aos telespectadores que vai para aí um putedo que faxavor. Desemprego, hipotecas e putedo, eis o retrato do Portugal de Sócrates visto da Marmeleira. E eu levantei os braços e gritei alarmado, a ponto de ter assustado a vizinha do 4º andar, quando ele disse que tinha sido só por causa da feitura do Ponto Contraponto que reparou no fenómeno de haver tantos anúncios de serviços sexuais nos jornais. É que se o Pacheco não sabia disso até finais de Junho de 2009, eu tenho agora a certeza de vivermos tempos infames onde a liberdade é algo só ao alcance de quem se prestar a fazer um programa de televisão, nem que para isso tenha de juntar mais uns trocos aos seus rendimentos."

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