junho 04, 2009

MMS e MEP (2)


Vou voltar a uma tema que já me referi aqui. Por uma simples razão: parece-me ser um dos temas mais interessantes desta campanha, a entrada deste dois novos partidos e a sua comparação.

MMS e MEP não têm uma ideologia comum. Aliás, o MMS - ou será melhor dizer Eduardo Correia? - é contra a divisão esquerda/direita enquanto o MEP diz-se situar ao centro. Ambos apostam no cansaço relativamente aos outros partidos mas as estratégias de comunicação são diferentes. Basta ver os tempos de antena ou consultar os sites que se percebe que, por um lado, o MMS aposta praticamente na descredibilização dos partidos do poder e nos problemas do país, oferecendo poucas soluções. Por outro lado, o MEP, que também se mostra descontente com os actuais partidos, aposta claramente na palavra "esperança" para chegar aos eleitores, fazendo propostas muito concretas, com um discurso positivo e construtivo.


O facto de voltar a este assunto é simples: nos últimos dias cruzei-me com as campanhas dos dois partidos. E a diferença é abismal. Já expliquei aqui que a escolha de Laurinda Alves é muito melhor que a de Carlos Gomes. Mas, no contacto com os portugueses, o MEP ganha por goleada. A comitiva do MMS é apenas Carlos Gomes e Eduardo Correia, o líder do partido, mais dois ou três apoiantes. Nada mais. Têm uns panfletos pequeninos, não têm grandes símbolos logo a sua identificação rápida é muito difícil. A prova disso foi o Jamor, no último domingo, dia da final da Taça. No final do jogo, a sair do estádio, deparo-me com um Carlos Gomes de t-shirt e calções de praia a distribuir uns papéis. Ele e mais uma criatura qualquer. Ninguém prestava atenção, Carlos Gomes nem interagia com as pessoas. Fraco, muito fraco.


Já o MEP é visível à distância. Aquele verde é forte, têm uma camioneta enorme, bandeiras que não passam despercebidas a ninguém, ou seja, para partido novo é fantástico ver esta estrutura montada. Vê-se que apostam forte nesta eleições e isso percebe-se nos panfletos que recebi: querem eleger dois a quatro deputados já nas próximas legislativas. Se continuarem com esta dinâmica, podem a aspirar a muito.


Interessante é também o envolvimento dos presidentes deste dois partidos. Não foram (e bem) escolhidos para cabeças-de-lista mas o seu envolvimento é distinto. Se Rui Marques está sempre presente mas parece não querer tirar protagonismo a Laurinda Alves, já Eduardo Correia assume-se como o chefe da campanha. Estive num debate organizado pela Associação de Estudantes do ISCTE e pelo Núcleo de Alunos de Ciência Política em que Eduardo Correia participou e a sua prepotência e desejo de protagonismo vieram ao de cima. Não apresentaram propostas, não mostraram um discurso construtivo. Estava mais preocupado com a imagem, "coloquem-me bem à frente, por favor, para as pessoas me verem muito bem", ouvi da boca dele. Para além de ter levado a sua claque - alunos seus no ISCTE - que, a cada intervenção sua, aplaudiam como se estivéssemos perante um grande vulto da política portuguesa.


Estes elogios que fiz ao MEP não os faço como eleitor. Não me identifico nada com as suas propostas muito menos com a sua cabeça-de-lista. Mas isso não me impede de dizer que o MEP é a grande surpresa desta campanha. Dificilmente elegerão algum deputado. Mas estou a torcer para que tenham um bom resultado e duvido que fiquem atrás do MMS, podendo ser o MEP a sexta força política mais votada, o que acontecer, tal como Cristina Ferreira disse, "te[rei] que rever algumas ideias-feitas que tenho sobre os portugueses". Era um excelente prémio para esta campanha. Já o MMS, aposto que desaparecerá dentro de dois anos, máximo. Muita parra, pouca uva.


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