maio 13, 2009

MMS e MEP

A Antena 1 está a fazer um bom trabalho de serviço público ao entrevistar durante esta duas semanas todos os candidatos às eleições europeias. Não entrando em loucuras como a da RTP que decidiu juntar 13 pessoas para um debate, Maria Flôr Pedroso faz uma entrevista curta (cerca de 15 minutos) em que o candidato tem a oportunidade de falar de si e, obviamente, da campanha em que está envolvido. As entrevistas estão aqui.
Estive a ouvir as entrevistas dos candidatos dos mais recentes partidos portugueses. Do lado do Movimento Esperança Portugal (MEP), Laurinda Alves, uma conhecida jornalista "de causas e do terreno". Do Movimento Mérito e Sociedade (MMS), Carlos Gomes, gestor comercial, administrador da Fiat do sul da Europa.
Faz sentido analisar estas duas candidaturas em conjunto por se tratarem de partidos muito recentes e por serem estas eleições europeias o primeiro teste aos mesmos. Desde logo, convém notar que nenhum deles escolheu o seu líder para encabeçar a lista às Europeias. Ao contrário de Manuel Monteiro e do Partido Nova Democracia, estes dois novos partidos pretendem transmitir ao eleitorado que o partido não pertence a ninguém em particular (talvez o mair erro de Monteiro). São, como ambos afirmam, um movimento de cidadãos cansados dos actuais actores políticos, que decidiram unir esforços.
Mas se decidiram ambos (e bem) não apostar no líder, não se pode dizer que tenham optado pela mesma estratégia na escolha do candidato. Enquanto Laurinda Alves é bastante conhecida do eleitorado português, Carlos Gomes é uma figura que poucos portugueses conhecerão. E se Laurinda Alves (e o MEP) aposta(m) nestas eleições como a rampa de lançamento para o partido, já o MMS parece quer ir mais devagar na consolidação política do movimento. Isto a julgar pelas declarações dos candidatos. Vejamos.
Carlos Gaspar admite que só vai estar no país a tempo inteiro - trabalha no estrangeiro - nos últimos 12 dias de campanha. Laurinda Alves afirma andar há 5 meses em campanha pelo país. Para um partido novo, pouco divulgado pela comunicação social, é difícil ter um bom resultado se não chegam às pessoas. Principalmente se estes dois partidos apostam no descontentamento dos cidadãos com os partidos do sistema.
Quanto às ideias programáticas, MMS e MEP diferem um pouco. Tal como o nome indica, o MMS quer fazer do mérito um conceito mais determinante na nossa sociedade. Defendem a Europa e um aumento do salário mínimo para 650€. Têm as democracias do norte da Europa como exemplo. Portanto, apostam um pouco na mudança das mentalidades. Já o MEP é um partido mais humanista, "por uma europa de rosto humano", pode-se ler nos cartazes afixados. À data da sua criação foi-lhes criado o rótulo de católicos, muito por culpa do seu líder Rui Marques. Mas Laurinda Alves garante que dentro do MEP o que sobressai é a diferença: crentes, descrentes, de esquerda, de direita. E depois há a mensagem positiva: o apelo à união das pessoas. Para isso Laurinda Alves é a pessoa perfeita já que, nos últimos anos ao serviço do jornalismo, sempre foi uma grande embaixadora do voluntariado e de outras causas.
Para concluir: dificilmente algum destes partidos elegerá um deputado nestas eleições europeias. Mas se tivesse que apostar, o MEP leva clara vantagem. Não só pela notoriedade da candidata mas também pelo seu empenho. O MMS está a arriscar-se a ser mais um fracasso no que respeita a movimentos de cidadãos. A escolha é fraca - basta ouvir a entrevista para perceber que não há ali, em nenhum momento, uma dedicação a estas eleições por parte de Carlos Gomes, ao contrário de Laurinda Alves - e o próprio candidato não admite a possibilidade de eleição, afirmando que o MMS está em contrução. Já a sua adversária - poder-se-á considerar Laurinda Alves adversária do MMS? julgo que sim - diz que "tem a certeza que pode ser eleita". São posturas diferentes. Será interessante ver como o eleitorado julgará estes dois novos partidos.

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