julho 09, 2009

Exames Nacionais

Quem já fez exames nacionais sabe que são uma farsa. Os maus alunos são beneficiados e os maus prejudicados. Acontece isto sistematicamente, em quase todas as disciplinas. As razões são várias: critérios de correcção, os próprios professores correctores, a própria estrutura do exame.
Lembro-me perfeitamente do meu exame de Português do 12ºano, ainda o saudoso Português A onde, de facto, os alunos de Humanidades entravam em contacto com vários autores portugueses - agora todos os alunos aprendem meia-dúzia de coisas e já é suficiente para esses grandes gurus dos programas lectivos. Nesse exame, metade da minha turma tinha tido um corrector. A outra metade, outro. Nessas duas metades havia, em ambas, alunos médios, alunos bons e alunos maus. O que é que aconteceu: a primeira metade da turma teve notas acima de 15 - mesmo alunos com média de 9 ao longo dos três (!!!) anos de secundário - e a outra metade não teve notas acima de 15, mesmo tendo alunos com média de secundário acima de 16. Justíssimo, não acham? Não sei qual é o critério para se ser corrector mas sei que, a nível do secundário, são os professores a pedirem essa função e recebem bastante bem por isso. Não deveria haver uma prova para saber se os professores sabem ou não corrigir?
Este é apenas um pequeníssimo exemplo do que se passa com os exames nacionais. Tudo o que se ouve na comunicação social é apenas ruído. Eu sou favorável a exames nacionais. Mas não a estes. E atenção, os exames nacionais são apenas o espelho dos problemas do ensino em Portugal: programas, cargas horárias lectivas, avaliação de professores...

6 comentários:

  1. Embora possas ter razão em tudo o que dizes, é impossível num exame nacional o próprio professor que dá a disciplina ser o corrector dos exames dos seus alunos. Normalmente nem sequer da mesma escola são. Além disso, os critérios de correcção são os mesmos para todos e estão disponíveis ao público em geral, por isso não pode ser também por aí que a coisa falha, a não ser que quem os corrija os aplique mal, e aí é caso para pedir revisão!

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  2. Mais, acrescento que ao contrário do que dizes não são os professores a propor-se para corrigir exames nacionais! E ganham MUITO mal por esse serviço!

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  3. Fred,

    não disse que tinham que ser os professores dos alunos a corrigir. Nem acho que tem que ser assim. Acho é que têm que ser feitas bastantes alterações nestes exames da treta, porque o são. E nem comento o facto de serem fáceis ou difícis, não é por isso que surgem os problemas que referi.

    Quanto aos professores: tinha mesmo a ideia que eram eles, no secundário, que se candidatavam a ser correctores. Sei que para as provas de aferição assim não acontece.
    Não sei o que quer dizer ganhar "muito mal"...Lembro-me de uma vez uma professore minha referir números que eu considerei interessantes (não me lembro ao certo).

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  4. Desculpa, quando disseste "os próprios professores correctores" percebi isso.

    Também não te sei dizer ao certo. Mas feitas as contas deve andar à volta dos 2€ por exame, nem tanto. E não pagam as deslocações (sim, porque os exames não vão ter às respectivas escolas).

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  5. Mas já agora: sabes qual é o critério para dar a professores a responsabilidade de corrigir os exames? É que, se tal como tu dizes, não são eles que se candidatam, como é que eles escolhem?

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