Augusto Santos Silva foi dos ministros que mais apareceu e que mais polémica criou. Um ministro dos assuntos parlamentares é, necessariamente, um bom orador e politicamente inteligente. Santos Silva reúne, em parte, estas qualidades. Mas a característica que o ministro usou mais foi a fé: a crença de que o governo socialista faz tudo bem e que Sócrates é o melhor primeiro ministro do mundo levaram Santos Silva a defender com unhas e dentes tudo o que era acusado ao governo e ao próprio PS. Declarações como "eu gosto de malhar na direita" ou "a eleição de Cavaco será um golpe de Estado constitucional" são exemplificativas do estilo de Santos Silva que foi o escolhido para ser quem lançava o corpo às balas mas que, ao mesmo tempo, disparava em todas as direcções. Na retaguarda ficavam os ministros ou mesmo Sócrates, protegidos dos ataques políticos dos adversários. Uma estratégia levada até ao limite e, diga-se, com um bom desempenho de Santos Silva.
Mas falta falar de obra feita. De um ministro dos assuntos parlamentares pouca coisa haverá a dizer. A grande obra que tem para mostrar é a cooperação entre o governo e a Assembleia. Numa maioria absoluta essa cooperação não é tão necessária como noutras situações. Porém, a reforma do parlamento, uma das bandeiras deste governo, foi um passo positivo para a melhoria do debate político naquela câmara. O primeiro-ministro passa a ir mais vezes à Assembleia e os debates são mais emocionantes de se seguir.
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