agosto 27, 2009

Vuelta a España 2009


A edição 2009 da Vuelta promete ser emocionante. Desde logo pelo percurso. Com um começo longínquo na Holanda - no magnífico circuito de Assen já no sábado a não perder -, a Vuelta nas primeira 4 etapas vai percorrer os traçados de algumas clássicas emocionantes da Primavera, como a Amstel Gold Race ou o Liège-Bastogne-Liège. Nestes primeiros dias, os sprinters e alguns dos especialistas em clássicas - as etapas também serão longas - terão o protagonismo. A Vuelta passará por Holanda, Alemanha e Bélgica. Chegados a Espanha os ciclistas enfrentarão duras etapas. O sprinters, até final, terão cerca de três a quatro etapas no máximo para brilhar porque a maioria das chegadas serão no alto. Mesmo que as subidas finais sejam curtas, e algumas serão, a tendência será para ver ciclistas mais fortes na montanha a ganharem etapas. Quanto à alta montanha, vai ser muita, seja ainda na Catalunha, na Andalucía ou às portas de Madrid. Ao contrário do Tour deste ano, a maioria das etapas de montanha terminam no alto, o que garante mais espectáculo e emoção. Por fim, falar dos contra-relógios. Não há contra-relógios colectivos para alívio de muitos corredores que não têm uma equipa vocacionada para este tipo de prova. O primeiro contra-relógio será um prólogo, a tal primeira etapa no circuito de Assen. Os outros dois têm características semelhantes porque não abordam praticamente nenhuma montanha. Ou seja, serão etapas para os verdadeiros especialistas. O segundo contra-relógio será em Valência, no traçado do circuito citadino que recebeu no último fim de semana o Grande Prémio de Fórmula1.

Passando aos ciclistas, este não é o lehor pelotão da actualidade. Mas tem atletas que poderão dar muita emoção à prova. No papel de favoritos temos Valverde à cabeça. O espanhol quer fazer uma boa prova depois de ter sido impedido de participar no Tour. Este ano não há nem Contador nem Sastre e, por isso, as atenções espanholas estarão centradas em Valverde que tem um percurso bastante bom para ele, principalmente as chegadas ao alto em etapas não muito montanhosas - ele é um especialista em clássicas. Mas Samuel Sanchéz, medalha de ouro em Pequim, é também um especialista e quer fazer a melhor Vuelta possível.

Para além de Valverde, não é possível deixar de falar do regresso de Vinoukorouv, o vencedor de 2006. Não estará na melhor forma competitiva mas a experiência do cazaque não pode ser desprezada. Ele que foi inscrito à última hora substituindo um outro favorito, Andreas Klöden.

Há outros nomes de relevo. Cadel Evans estará aqui para apagar a má imagem do Tour. A Lampre leva Ballan, o campeão do mundo, e Cunego que esteve na Volta a Portugal. O primeiro poderá aproveitar esta bela prova para treinar para os mundiais de final de Setembro - Bettini fê-lo muitas vezes. Já Cunego, se tiver na melhor forma, e eu acredito que sim depois de um Giro decepcionante, poderá ser um sério candidato a um top-10, pelo menos. Na Liquigas há um Ivan Basso à procura do sucesso de há uns anos atrás. Fez um Giro razoável e estará aqui como chefe de fila, com sérias intenções. Mas nesta equipa há um Kreuziger que demonstrou esta época ser um dos valores seguros do ciclismo. Na Rabobank Robert Gesink, depois da desistência precoce no Tour, tem aqui uma oportunidade para brilhar. Se nada lhe acontecer acredito que esteja no top-15, para não dizer top-10 ou mesmo top-5.

Falta falar da Saxo Bank. Os irmãos Schleck estarão presentes e serão uma dupla a temer. E se estiverem como no Tour - o que é difícil - serão grandes favoritos. Mas se eles não estiverem no seu melhor, há que contar com Cancellara. Bem sei que terá em mente os Mundiais mas o facto de haver contra-relógios à sua medida e um traçado que não será assim tão mau para ele poderão fazer do suiço uma surpresa. Mas é preciso ele querer.

Destaque final para alguns ciclistas que poderão animar etapas mas que não são candidatos à geral: Oscar Freire, Tom Bonnen, Tyler Farrar ou Ciolek.

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