julho 31, 2009

Bobby Robson (1933-2009)


Bobby Robson é um dos meus treinadores de coração. Os apaixonados do futebol percebem o que eu sinto. Não em relação a Robson mas a qualquer protagonista especial deste desporto. E Robson era-o para mim.

Para além de ter treinado os meus dois clubes de coração - FCPorto e Newcastle - Robson foi o "meu" primeiro treinador: o primeiro do qual tenho memória enquanto adepto portista, tinha eu uns 5 anos. Depois foi ele que me tornou do Newcastle, com a ajuda do actual treinador Alan Shearer. Foi ele que me fez vibrar imenso com uma equipa, o seu Barcelona de Ronaldo, uma verdadeira maravilha.

Quando soube da sua morte, houve imediatamente dois momentos que me vieram à cabeça. O primeiro foi uma fotografia na final da Taça de Portugal de 1994, ganha pelo FCPorto ao Sporting. Nela vê-se o inglês, levantado por vários jogadores do FCPorto, a festejar a vitória de língua de fora e com a Taça na mão, num acto de pura provocação já que, meses antes, o Sporting tinha dispensado os seus serviços. O outro momento é numa fantástica época do Newcastle em 2002/2003, em que os magpies de Robson quase foram campeões. Lutaram bravamente com os grandes e, a cerca de seis jornadas do final do campeonato, receberam o Arsenal num jogo decisivo para o título. O Newcastle perdeu esse jogo mas a forma como jogou e lutou fez com que Robson ficasse à entrada do corredor para os balneários, ainda no relvado, batendo palmas a todos os jogadores do Newcastle, gritando "Well played, well played!".

As notícias sobre a sua morte vão referir que ele era um gentlemen, um senhor do futebol, entre outras alcunhas. Para mim Robson é apenas o "meu" treinador.

julho 30, 2009

Assentamento

Chico.

Ensaio sobre a lucidez


Problemas

Um dos grandes problemas da democracia portuguesa é este. E não é só a vergonha. É também a fraqueza política da direita. E, para agravar, faz com que a esquerda seja, também ela, muito fraca. Por falta de concorrência forte e séria.

ps: antes de ler o texto de Cardoso Rosas, tinha escrito nos "rascunhos" do blogue uma coisa assim: "desde miúdo, com os meus seis, sete anos, houve sempre um facto que me intrigou. Por que é que o PSD, o tal partido da direita, tinha o mesmo nome de alguns partidos de esquerda europeus?". Não é que o texto do jornal i seja uma resposta completa e havia muito mais a dizer. Mas é uma boa "ajuda".

julho 28, 2009

Cinema e Futebol


"Rudo y Cursi" é, a meu ver, a melhor tentativa de filme sobre futebol. Apesar de alguns clichés desnecessários, este filme mexicano aproveita muito bem o futebol para criar um sólido argumento à volta dele. Poucas cenas em que a bola é protagonista, dois muito bons actores - García Bernal é fenomenal em quase tudo o faz -, os bastidores do futebol e a vida social no México conseguem fazer um bom filme sobre futebol. Não é nenhuma obra-prima, bem longe disso. Mas pelo menos é uma boa tentativa. E note-se que nos cartazes oficiais do filme não há uma única referência ao futebol ao contrário de outros filmes anedóticos.

Tour de France 2009 - rescaldo

(fotografia retirada daqui onde há mais 39 espectaculares fotografias do Tour 2009. Via Arrastão)


Neste Tour de France houve vários protagonistas.

Alberto Contador: o melhor ciclista da actualidade tem todas as condições para bater o record de Armstrong. Quer pela sua qualidade, quer pela concorrência que está a anos luz do espanhol. Nas etapas de montanha não claudicou uma única vez, mostrou sempre ser o mais forte e, se quisesse, tinha deixado a concorrência com mais de oito minutos para trás, como nos tempos de Armstrong. A forma como monta a bicicleta nas inclinações é, de facto, uma obra de arte.

Lance Armstrong: no seu regresso após mais de três anos de ausência de qualquer prática desportiva foi o que animou o Tour. Caso contrário não teria havido tanta emoçãó e tanto destaque dado a este Tour. Contador, por muito que diga que nunca admirou Lance, tem que agradecer o facto de ter brilhado mais por ter lá estado Lance. O norte-americano fez um super Tour já que ficar em terceiro lugar nestas condições e com uma concorrência forte não é para qualquer um. Já prepara o regresso em 2010 e aí poderá estar mais forte do que agora. A experiência de Lance viu-se em várias etapas. É um senhor do desporto mundial.

Mark Cavendish: os sprints são sempre desvalorizados nestas grandes Voltas porque elas não são desenhadas para eles. Mas, mesmo assim, há oportunidades para eles brilharem. E o melhor sprinter da actualidade chama-se Mark Cavendish. O homem da Ilha de Man vai tornar-se, seguramente, no melhor sprinter de sempre e, enquanto acumulará vitórias no Tour, vai ganhando clássicas importantes - a vitória este ano no Milão-San Remo foi extraordinária. Não esquecer o grande trabalho da sua equipa. a Team Columbia, que montou sempre um grande comboio de forma a proporcionar ao inglês grande vitórias, como na últipa etapa. Mas isto trabalha-se, também. Cavendish só não ganhou a camisola verde porque os comissários de prova assim não o quiseram já que o desqualificaram, a meu ver erradamente, por sprint ilegal. Assim, a camisola verde foi para Hushovd, um sprinter mais experiente - o inglês tem apenas 24 anos - e mais forte em etapas de montanha onde conseguiu acumular mais pontos. Para Hushovd foi um bom prémio depois da desilusão no Paris-Roubaix onde caiu nos últimos quilómetros quando liderava, junto a Tom Bonnen, a corrida.

A concorrência de Contador: Englobo nesta "entidade" os seguintes nomes, Andy Schleck, Bradley Wiggins e Vicenzo Nibali. O primeiro foi a confirmação de todo o potencial que tem. Os outros foram enormes surpresas. São, estes três, os únicos no panorama actual do ciclismo que podem tirar algum protagonismo no futuro a Alberto Contador.

A organização do Tour: era impensável, no final da segunda semana, os dez primeiros estarem apenas separados por pouco menos de dois minutos. E se isso aconteceu, o culpado foi quem "desenhou" o Tour 2009. Poucas etapas a terminarem no alto de forma a fazer grandes diferenças, etapas de montanha muito concentradas na terceira semana, uma segunda semana sem emoção nenhuma. A rever tudo isto.

Cadel Evans: prometia muito o australiano. Principalmente depois de um grande Dauphiné Liberé. Não teve equipa nem pernas. Para o ano, face à concorrência, dificilmente conseguirá alguma coisa.

Joana Amaral Dias

Sinceramente, não percebo tanto interesse na comentadora residente do programa "Fátima".

julho 26, 2009

Zeppelin

"Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni"
Chico Buarque, "Geni e o Zeppelin".

Avé José Augusto Marques e Jorge Baptista!

julho 25, 2009

Os Belenenses

Antes de ir viver para Lisboa sempre olhei para Os Belenenses como um clube "amigo". Ou seja, se jogassem contra o Beira-Mar, Felgueiras, Paços de Ferreira ou mesmo a União de Leiria - clubes que nunca me disseram nada, nem odeio nem simpatizo - torcia sempre pelos azuis do Restelo. Sabia-me bem olhar para Lisboa e ver algo azul, era basicamente isto que eu gostava, o azul, embora não me dissessem nada de nada.
Porém, quando cheguei a Lisboa, percebi que todas as pessoas eram d'Os Belenenses, que era um clube "simpático", com um estádio muito bonito - lá isso é - e que, como nunca incomodava ninguém, todos os lisboetas tinham um carinho por aquele clube. Ora se há coisa que eu não entendo são clubes "simpáticos". Ou se adora ou se detesta. Passei a detestar Os Belenenses.
Vem isto a propósito da fúria da direcção d'Os Belenenses devido a uma crónica musical de um jornalista do Público. Na crónica pode-se ler, entre outras coisas, isto: "Toda a gente que segue futebol com um mínimo de regularidade conhece a constante nudez quinzenal do Estádio do Restelo. O Belenenses joga e há duas dezenas de velhinhos nas bancadas, nem uma palha bule, é um sossego. Portanto a ideia de fazer um festival de música popular naquele mesmo estádio quase parece uma acção de beneficência.".
Pior do que a fúria da agremiação desportiva, só mesmo o pedido de desculpas do Público - lá está o tal carinho lisboeta. Parece que retratar fielmente a realidade já não faz parte da função de um jornalista.

julho 23, 2009

Dexter

Como só acompanho séries americanas pela RTP2 - as FOX's fazem-me confusão tal é a oferta - fiquei deliciado quando soube que aquela estação iria pôr no ar a segunda temporada de "Dexter": a melhor série, com o melhor actor, o melhor argumento, a melhor banda sonora e o melhor genérico. Para disfrutar.

Comichão

O PSD, que eu tenha dado por isso, ainda não apresentou uma única ideia para o país. Nada, nicles, zero. Já para não falar que o programa vai ser minimalista numa tentativa, mais uma, demagógica de tentar fazer ver ao eleitorado que está ali uma coisa diferente quando, na verdade, aquilo é o mesmo PSD dos últimos 7/8 anos.
Ganharam as europeias graças ao desgaste dos outros. Não se podem é esquecer de duas coisas: 1) o resultado das Europeias não dava para formar governo duradouro; 2) desta vez a cabeça-de-cartaz do partido é, já de si, uma pessoa desgastada. Se querem mesmo ser governo, acho que seria boa ideia começar a tratar disso. Ideias. Pessoas. A mim, mas pode ser que seja defeito meu, criaturas como Aguiar-Branco, Morais Sarmento ou António Borges fazem-me comichão.

Contador

Ao ver estes dias de Tour tem-me apetecido elogiar Contador. O espanhol é, de facto, um fenómeno e poderá ser daqui a uns anos considerado o melhor de sempre, não tenho dúvida. Já ganhou um Giro, uma Vuelta, dois Tours (contando já com o deste ano) e só tem 26 anos. Só falta um pormenor: manter-se nos próximos anos livre de qualquer suspeita de utilizar substâncias ilegais, uma condição aceitável face aos acontecimentos dos últimos anos - como eu vibrei com Riccò para depois desesperar. Mas sublinho: quero acreditar que aqueles arranques em cima da bicicleta são limpos. Porque são lindos!

julho 21, 2009

Razões para não gostar de Jesualdo (3)


A gestão do plantel do FCPorto nos últimos três anos tem sido desastrosa, no meu entender. É certo que o primeiro ano da era Jesualdo não é da inteira responsabilidade do técnico português já que chegou já com a pré-época feita. No entanto há pormenores que saltam à vista.

Quando falo em gestão do plantel refiro-me a apenas uma coisa: integração de todos os jogadores na equipa principal. Se é certo que nem todos podem jogar o mesmo tempo e que há naturais titulares e, por consequência, mais utilizados, este facto não contribui para que haja jogadores que tenham tido tempo de jogo inferior ao razoável. Um primeiro aspecto diz respeito às substituições. O FCPorto, nos últimos três anos tem sido uma equipa que tem ganho muitas vezes e, por isso, que se encontra a maior parte das vezes a ganhar ao longo dos 90 minutos do jogo. Pois, nessa situação - repito, a mais usual - Jesualdo tem por hábito fazer susbtituições apenas depois dos 70/75 minutos, tendo havido jogos em que a primeira substituição se efectuou aos 82minutos. Este comportamento não tem uma fase da época específica, é ao longo da época. E com consequências óbvias. De positivo tem a estabilidade e o maior conhecimento entre 11/12 jogadores. De negativo, o facto de os outros 13/14 jogadores raramente terem oportunidades entre os mais utilizados. E 15 minutos não chega para nada. Todos nós o sabemos, Jesualdo ainda melhor.

E se esta prática é negativa, mais negativa foi a gestão que Jesualdo fez na Taça de Portugal e na Taça da Liga. Ao optar por fazer equipas novas não cria rotinas. Cria uma equipa nova que nunca estará preparada para jogar junta por uma simples razão: nunca jogará junta. Podendo incluir nesses jogos três a cinco jogadores diferentes na base titular fazendo com que esses mesmos jogadores ganhassem rotinas de titulares, preparando-os para futuros jogos, Jesualdo desperdiçou nos últimos anos vários jogadores de qualidade (que serão nomeados nesta minha série mais à frente). Sem oportunidades junto do onze titular, os suplentes nunca conseguirão enquadrar-se nesse estilo defendido pelo treinador, e que já aqui elogiei. E, em momentos de suspensões, lesões, ou mesmo fracos rendimentos, foram várias as situações em que Jesualdo e a sua equipa tiveram menor rendimento face à inexistência de rotinas fundamentais.

Por último referir dois casos que me parecem relevantes. O primeiro chama-se Diogo Valente. Efectuou apenas um jogo oficial pelo FCPorto...e em Alvalade. Jesualdo lançou-o na segunda parte, o extremos correspondeu com duas ou três boas jogadas pelo flanco. Isto foi logo nas dez primeira jornadas. Foi a primeira e única convocatória de Valente com Jesualdo. Um enigma. Outro caso misterioso chama-se Edgar. Já poucos se lembram deste nome. É compreensível. O jovem avançado brasileiro jogou apenas dois jogos ao serviço do Porto na época 2007/2008. Foi a titular em Paços de Ferreira à 5ªjornada, saiu aos 60 minutos, fez um jogo muito bom para estreia, mandou uma bola ao ferro e, principalmente, revelou que poderia ser um jogador útil já que era o único avançado alto do plantel. No jogo a seguir, em Fátima para a Taça da Liga, Jesualdo deixou-o no banco e só entrou aos 70min. Nunca mais foi convocado. Dá para entender?

E, aproveitando esse jogo em Fátima, onde Jesualdo usou as chamadas reservas, vemos como o FCPorto de Jesualdo desperdiça jogadores porque não os utiliza correctamente. Jogaram nesse jogo Stepanov, Kaz, Leandro Lima, Bollati, João Paulo e Castro. Onde é que andam esse jogadores? Em empréstimo, para prejuízo do clube,

Jesus Canibal

Se o Jorge Jesus cantasse seria o Adolfo Luxúria Canibal.

Jorge Palma e a música portuguesa


Faz amanhã uma semana que assisti a um grande concerto. É verdade que não li jornais no dia a seguir mas pelo que andei a pesquisar o destaque parece ter sido nulo. Eu sei que não era Duffy, Jason Mraz, Metallica, Keane ou outros quaisquer agrupamentos paneleirosos, mas o que eu vi merecia ter tido muito, muito destaque.

O que eu vi foi o seguinte: um pedaço grande do melhor do melhor da música portuguesa dos últimos anos. O cenário era a Torre de Belém. A noite era, ainda, de Primavera. O enquadramento do concerto era o encerramento das "Festas de Lisboa", várias actividades culturais que decorreram no último mês. Festejava-se a música portuguesa. O protagonista era Jorge Palma. Os actores secundários: Sérgio Godinho, Cristina Branco, JP Simões, Rui Reininho, Marisa, Fausto, Manuel Paulo, Laurent Filipe, Adolfo Luxúria Canibal e Gaiteiros de Lisboa. Sim, é mesmo verdade. Houve um concerto, gratuito, que juntou alguns dos maiores nomes da música portuguesa. Foi, para mim, um momento grandioso. Eu sei que sou suspeito: confesso que tenho músicas no meu Ipod de todos estes artistas - todos! Por isso é fácil imaginar a minha emoção ao assistir a tão grande momento. Nem eu, à partida, estava à espera que resultasse tão bem. O cartaz apenas dizia Jorge Palma convida amigos (nomeando os músicos). Na altura pensei "deve ser bom". Não foi bom, foi óptimo.

O protagonista, Jorge Palma, é um símbolo da nossa música. Nem é o que eu mais gosto dentro daqueles que referi mas é o mais consensual, talvez, para o tipo de espectáculo que foi. Claro que a maior parte das pessoas gostam mais daqueles momentos em que ele não sabe o que diz, que fala para dentro, que se ri por tudo e por nada. Isso a mim não me interessa. Interessa-me, sim, a música. E nisso ele é imbatível. O alinhamento do concerto foi simples. Quando vinham ao palco os convidados, que apenas interpretavam uma música, ouvira-se os grandes sucessos da carreira de Palma, como "Frágil", "Estrela do Mar", "Dá-me Lume" ou "Jeremias, o Fora da Lei". Quando esteve sozinho, mais a sua banda os demitidos e o seu filho Vicente, Jorge Palma misturou um ou outro sucesso com músicas do último álbum, "Voo Nocturno" que foi bastante desprezado no seu todo pela imprensa já que "Encosta-te a mim" foi um êxito demasiado grande. Faltou "Escuridão", a minha favorita de Palma, do álbum "Norte". Mas não se pode ter tudo e, naquela noite, eu não me podia queixar.

Destaque para dois grandes momentos. O primeiro com Rui Reininho a cantar "Frágil": uma interpretação fabulosa como só Reininho sabe dar. Outro momento foi o dueto com Fauto da música "Dá-me Lume". Eu estava intrigado que música do reportório de Jorge Palma cantaria este convidado. A eleita fez todo o sentido já que poderia ter sido escrita pelo próprio Fausto.

Não sei como se divulgou tão pouco um concerto destes. Mas isso também revela o caminho que a música popular portuguesa - não confundir com a denominada "pimba" - está a tomar. É olhar para os cartazes dos grandes festivais de Verão e ver quantas são as bandas que cantam em português que vão lá actuar.

Só sei que adorei e, tal como disse Jorge Palma, "agradecer à Câmara por proporcionar uma noite tão agradável". Acrescento eu: um mês bastante agradável.
está aqui uma boa galeria de fotos do concerto enquanto não há vídeos decentes no YouTube.

Disciplinas a mais - o problema do ensino

Perante esta notícia, toda a gente vai salivar, qual cão de Pavlov, protestando contra o facilitismo instaurado na Educação em Portugal, que tudo isto é um escândalo, etc, etc, etc. Basta ver alguns comentários às notícias ou os blogues que falam sobre ela para perceber isso mesmo. No entanto, eu não me indigno nada com esse tal facilitismo. Por duas razões: 1) há nove anos atrás, no meu 6ºano, uma colega minha de turma passou de ano com 7 negativas, todas elas a disciplinas importantes; 2) há dois anos que acompanho um caso de um rapaz ainda no básico que, apesar de muito inteligente, tem bastantes problemas de aprendizagem mas os professores continuam a passá-lo como se nada fosse, como se não saber quanto é 2x7 ou conjugar o verbo estudar no pretérito mais-que-perfeito fossem apenas pormenores. E poderia dar muitos mais exemplos antigos. Assim, o facilitismo não é de agora, não é culpa deste ministério, deste governo, desta ministra. É sim de todo o sistema que vigora há anos e que, apesar de algumas tentativas, esta ministra não conseguiu mudar.
Mas o ponto que mais me interessa nesta notícia prende-se com o número de disciplinas do aluno em causa que corresponde ao aluno normal do ensino básico. Se há muitos problemas na educação, o elevado número de disciplinas IRRELEVANTES é o maior, no meu entender, e não tem havido combate ao mesmo.
A notícia aponta para 14(!!!!!!) disciplinas. Para além das básicas Português, Matemática, Ciências Naturais, Fisico-Química, História, Geografia, Inglês, Francês/Espanhol, sobram as "complementares", chamemos assim: Educação Física, Educação Visual, Formação Cívica, Estudo Acompanhado, Área de Projecto e Educação Tecnológica.
Eu que frequentei o ensino básico há relativamente pouco tempo - 6 anos - sei como as coisas funcionam. Na minha altura não tinha estas catorze disciplinas. Tinha doze. Porém, disciplinas como História, Geografia, Ciências, as línguas estrangeiras e Fisico-Químicas tinham uma carga horária de 90+45minutos. Actualmente, estas disciplinas têm um carga horária de 45+45minutos*. As aulas de 45 minutos não rendem nada, como todos os que já as vivenciaram admitem. Então como querem que um aluno aprenda alguma coisa se tem pouquíssimo tempo para obter conhecimentos e muitíssimo tempo ocupado com disciplinas ridículas e idiotas? Ainda por cima, o aproveitamento por parte dos alunos dessas disciplinas é baixíssimo, variando de professor para professor já que é este que "faz" a disciplina.
Se no meu tempo os meus professores mal conseguiam cumprir o programa da disciplina, e refiro-me a disciplinas importantes, até ao fim, imagino agora a agonia dos mesmos. E, assim, continua-se a formar cada vez pior os mais novos. Não peço que se tenha que decorar as pontes, os rios e as serras como antigamente. Mas um pouco mais de conhecimentos, daqueles a sério, ajudaria de certeza.
*a carga horária pode ser também de apenas uma aula de 90 minutos, consoante a política da escola. Referi aquela porque é, dos casos que conheço, a mais seguida.

julho 15, 2009

Razões para não gostar de Jesualdo (2)


É difícil criticar o trabalho de Jesualdo a nível táctico. O seu 4-3-3 é dos melhores que já vi. Com um lateral muito ofensivo, um trinco bem posicionado à frente dos centrais, sem número 10 dando total liberdade aos três homens da frente mas também, à vez, a um dos médios para entrar em zonas de finalização, na maior parte das vezes era Meireles. O problema táctico de Jesualdo é não ter um sistema táctico substituto. Mesmo que quisesse manter o 4-3-3, Jesualdo não pode pôr Bollati no lugar de Paulo Assunção - como muitas vezes fez, sem sucesso - exigindo ao primeiro que jogue como o segundo quando os dois têm características muito diferentes. O mesmo se passou com Tomás Costa no último ano. Jesualdo, quando faltava Lucho, tentava fazer de Tomás um Lucho careca quando Tomás não tem nem a precisão de passe, nem a experiência, nem a qualidade de pensar o jogo de Lucho. Os únicos jogos em Tomás Costa jogou bem foi a falso extremo direito, na Luz e em Alvalade. Num possível 4-4-2, Tomás encaixaria muito bem no lado direito do meio-campo.
Portanto, apesar de ser muito bom o seu 4-3-3, Jesualdo apresenta deficiência quando têm que gerir o plantel pois não tem um sistema alternativo. E é sobre gestão de plantel que me vou debruçar, para a semana, em mais um texto sobre os defeitos de Jesualdo.

Não dá para reprovar nos exames médicos?

julho 12, 2009

Elisa Ferreira




Só espero é que a terceira derrota humilhante que o PS Porto vai sofrer sirva para eliminar os cancros lá existentes.

Académicos

Se quiserem ler uma entrevista irritante, façam o favor de seguir este link. A jornalista é Maria João Avillez, a mulher mais insuportável da comunicação social a seguir à Fátima Campos Ferreira. O entrevistado é o sociólogo Manuel Villaverde Cabral. Este, que até aqui há uns meses estava escondido num daqueles gabinetes dos académicos lisboetas a investigar, sempre a investigar, relançou a sua carreira quando foi substituir a Fernanda Câncio naquele programa da TVI. Se a sua escolha tinha revelado muito, a entrevista em questão diz muito deste sociólogo. Por muito bom trabalho que a criatura faça na sua área de investigação, Villaverde Cabral corresponde, na íntegra, ao protótipo do académico português: investiga, estuda, reflecte, dá umas entrevistas e participa numas tertúlias. Mas tudo isto não resulta em nada de significativo para, sei lá, melhorar o país que estes académicos tanto detestam. A meio da entrevista ele diz que o seu maior combate é a reestruturação do sistema politico-partidário português. Sim senhora, também concordo. Mas do que este senhor não se lembra, ou não se quer lembrar, é que metade do país está-se marimbando para o sistema politico-partidário. Por isso é muito lindo reflectir, mas quando não se quer conhecer o país a coisa torna-se mais difícil.
Não sei por que é que os jornais continuam a dar voz a estas múmias dos gabinetes das universidades. Aqui há uns dias a entrevistada foi Filomena Mónica, que é outro caso paradigmático do tal académico português. Ela, nesta entrevista, admitiu que só sai de casa uma vez por semana o que é estranho para quem se está sempre a vangloriar de ser uma grande figura intelectual do país. Então como é que ela conhece o país?
Estes académicos são bastante idiotas. E ainda têm a lata de, por vezes, dizer mal ou pretender mudar o sistema dos professores dos ensinos básico e secundário quando são estes últimos que, realmente, contribuem - mesmo que mal, na sua maioria - para a educação em Portugal das novas gerações. Os académicos, as tais elites, são um cancro da nossa sociedade, por muito que eles gostem de ver o cancro noutros lados.
ps: reparem só nesta pérola de Villaverde Cabral: "Não sei se o Presidente da República não é vítima do calendário eleitoral. Mas é com certeza vítima dos nossos maus hábitos políticos... sendo ele mesmo, desde há muitos anos, um membro activo e importante desse nosso sistema." Esta criatura não deve ter vivido em Portugal entre 1995 e 2006, anos em que Cavao quase não disse nada sobre o país.

julho 11, 2009

julho 10, 2009

Touradas


A única razão para acompanhar as corridas de touros na RTP - como a que está a acontecer neste momento - chama-se Helena Coelho. Os flash interviews mais interessantes da televisão portuguesa, sem dúvida.

julho 09, 2009

Wimbledon 2009 - notas soltas

1- Federer fez história e é o grande protagonista do torneio. Numa final épica, conseguiu nervos de aço e não claudicar como no ano anterior. E mostrou que está preparado para continuar a ganhar. Agora sem pressão de bater Sampras.

2- Roddick é, sem dúvida, o segundo protagonista deste torneio. Apesar de já ter um Grand Slam conquistado, este foi o torneio da sua vida, onde jogou o seu melhor ténis de sempre. Veremos como reage à derrota na final. Destaque para a forma como eliminou Murray e Hewitt, em dois dos melhores jogos do torneio.

3- Haas e Hewitt foram as surpresas. Eu tinha um pressentimento quanto ao bom torneio do australiano - será que vai voltar a ser regular? - mas o alemão surpreendeu mesmo muito. Depois de quase ter eliminado Federer nos quartos de final em Paris, Haas chegou co facilidade às meias-finais, jogando lindamente. A experiência e pouca pressão ajudaram muito. Poderá ser alguém a ter em conta para os próximos dois anos de Grand Slams.

4- Foi quase que um inglês chegava à final. Murray bem se esforçou mas fica para o ano.

5- Djokovic prossegue a sua decepcionante carreira desportiva. Depois de muito prometer continua a fazer péssimos resulatdos. Pensava-se que, ao ganhar em 2008 o Australian Open, o sérvio iria começar uma caminhada triunfal rumo ao número 1 mundial. Ele tem todas as características para isso, falta-lhe apenas cabeça.

Razões para não gostar de Jesualdo (1)

Paulo Machado. Um grande valor formado no FCPorto que Jesualdo não quer aproveitar. Principalmente quando tem um jogador no plantel chamado Guarín, três vezes pior que Paulo Machado.

[começa aqui uma série, longa, de textos em que aponto várias razões porque não gosto de Jesualdo. Sei que é difícil contestar alguém que ganhou três vezes o título nacional mas eu, como nunca gostei do treinador, estou à vontade. Apesar do bom trabalho que tem feito acho que ele poderia ter feito um muito bom ou mesmo excelente trabalho não fossem bastantes erros e falhas.]

Avaliações

O que esta entrevista prova é que Manuel Pinho nunca será avaliado pelo seu trabalho no Ministério mas sim pelos cornos e pelas gaffes.

Exames Nacionais

Quem já fez exames nacionais sabe que são uma farsa. Os maus alunos são beneficiados e os maus prejudicados. Acontece isto sistematicamente, em quase todas as disciplinas. As razões são várias: critérios de correcção, os próprios professores correctores, a própria estrutura do exame.
Lembro-me perfeitamente do meu exame de Português do 12ºano, ainda o saudoso Português A onde, de facto, os alunos de Humanidades entravam em contacto com vários autores portugueses - agora todos os alunos aprendem meia-dúzia de coisas e já é suficiente para esses grandes gurus dos programas lectivos. Nesse exame, metade da minha turma tinha tido um corrector. A outra metade, outro. Nessas duas metades havia, em ambas, alunos médios, alunos bons e alunos maus. O que é que aconteceu: a primeira metade da turma teve notas acima de 15 - mesmo alunos com média de 9 ao longo dos três (!!!) anos de secundário - e a outra metade não teve notas acima de 15, mesmo tendo alunos com média de secundário acima de 16. Justíssimo, não acham? Não sei qual é o critério para se ser corrector mas sei que, a nível do secundário, são os professores a pedirem essa função e recebem bastante bem por isso. Não deveria haver uma prova para saber se os professores sabem ou não corrigir?
Este é apenas um pequeníssimo exemplo do que se passa com os exames nacionais. Tudo o que se ouve na comunicação social é apenas ruído. Eu sou favorável a exames nacionais. Mas não a estes. E atenção, os exames nacionais são apenas o espelho dos problemas do ensino em Portugal: programas, cargas horárias lectivas, avaliação de professores...

julho 07, 2009

Victor Fernandez


Numa altura em que Lucho e Lisandro saem do Porto, ao fim de quatro grandes épocas, é importante reconhecer o mérito (esquecido) de Victor Fernandez. Foi ele que comprou os dois argentinos, a meio da época, abrindo uma nova era no FCPorto: a era dos argentinos que tem tido o sucesso que se sabe, com alguns falhanços, obviamente. Mesmo assim Fernandez teve olho e fez o que já se fazia em Espanha há muito tempo, que é apostar no mercado argentino. E também teve o mérito de não os trazer quando os contratou já que seriam mais dois jogadores para queimar nessa época terrível (2004/2005).

Pena Fernandez ser tão mau a ler o jogo do banco - acho que nunca vi tanta azelhice a fazer substituições, nem o Fernando Santos. De resto, foi um treinador super importante para o clube, como se pode comprovar com estas últimas vendas. Gracias!

Desafios e ignorância

Manuel Alegre voltou a usar da palavra. Desta vez para concordar com Sócrates sobre a não acumulação de candidaturas a legislativas e autárquicas e desafiar - notem - Ana Gomes e Elisa Ferreira a escolher de entre duas, uma: ou renunciam ao mandato europeu ou renunciam à candidatura autárquica.
Mas o mais engraçado disto tudo é ele defender que a proibição das duplas candidaturas é "uma questão de transparência para que os eleitores saibam em quem estão a votar". Quero informar o Deputado Alegre que grande parte dos deputados actuais deputados nacionais o actuais companheiros de trabalho do político-poeta - foram eleitos sem que o eleitorado saiba em quem vota. Ou será que, nas legislativas, uma pessoa põe a cruzinha nos nomes dos deputados ou põe no nome do partido, partido esse que escolhe a seu belo prazer quem é ou não é deputado? E será que não há inúmeros suplentes das listas às legislativas que quase exercem o mandato de outros na sua totalidade? Onde está a transparência, Deputado Alegre?

julho 05, 2009

15


Quebrado o recorde, podes ir para casa, ser pai, voltar de vez em quando para ganhares um ou outro torneio importante. Está feito o que muitos há um ano achavam impossível: Federer é o melhor de sempre.

Honduras

Tenho andado algo distraído do mundo das notícias e, por isso, fiz uma pesquisa rápida no Google News. Confirmei o que suspeitava. Quase nada, para não dizer zero, de referências noticiosas sobre algum posicionamento do Governo português, e também do seu chefe de Estado, em relação ao que se passa nas Honduras. Para além do mais, este ano Portugal é o "líder" da Comunidade Ibero-Americana, organizando e acolhendo a sua cimeira no Estoril, em Novembro. Os media parecem também não saber disto pois já teriam feito alguma pergunta. É o estado da coisa.
Ou seja, Portugal lidera, ainda que informalmente, uma comunidade de 2o e tal países, nos quais se integra as Honduras, e está, para usar a terminologia de Vilarinho, se cagando no assunto. Isto é não perceber o potecial da América Latina no futuro. Deixem a Espanha tratar disso que nós vamos a reboque, parece ser a estratégia.

Duplas

Depois do PSD, agora é o PS a impedir duplas candidaturas nas legislativas e autárquicas. Todo o mundo parece apreciar a decisão, que já devia ser assim há muito tempo, que os deputados são uns malandros que não fazem nada, que a Manela é que se lembrou disto e é a maior, que assim é que se constrói um Parlamento digno...Em suma, pouca gente, ou quase nenhuma, está contra esta decisão, todos a acham democrática e benéfica para o nosso sistema político - as únicas vozes que ouvi contra isto foram membros do PS apenas dizendo que já se devia ter sabido disto há mais tempo.
Pois eu sou completamente contra esta decisão. Não apenas por feitio mas por convicção. É apenas uma proposta populista, travestida de rigorosa e democrática porque, para o povo, um deputado ou político é um ser corrupto ou malandro. Como tal, nada melhor do que parecer muito correcto e democrático dando sinais de se querer alterar, um pouco, o sistema político. Completamente errado. Esta medida não vai alterar nada de nada. Aliás, vai piorar.
A maior parte dos deputados faz trabalho invisível. Ser deputado implica conhecer as regiões e os problemas a nível nacional. Por alguma razão são eleitos por círculos distritais. Assim, se agora tínhamos deputados que acumulavam cargos mas que na Assembleia, no tal trabalho invisível, poderiam contribuir com um maior conhecimento do país, agora o que vamos ter na Assembleia, nas duas maiores bancadas, é apenas um conjunto de deputados que não conhece o país.
Estou curiosíssimo para conhecer as listas. Será que os deputados são mesmo das regiões a que concorrem? Vivem lá? Conhecem os problemas das pessoas? Duvido muito. E, para além disso, grande parte destes deputados que não acumulará cargos políticos, acumulará outros cargos, bem mais interessantes para eles, como escritórios de advogados, empresas bem sucedidas, um sem-número de actividades muito nobres, como todos sabemos.
Eu sei que o actual sistema não é o melhor. Já aqui uma vez expliquei o que se passa em França. Lá, a maior parte dos deputados são presidentes de câmara. Lá, o Parlamento funciona dois ou três dias por semana, o suficiente para se cumprir as tarefas essenciais. Lá, trabalha-se. Aqui, discute-se. É urgente uma reforma do Parlamento, aliada ao sistema eleitoral. Mas andar a erguer bandeiras como a não acumulação de cargos é simplesmente populismo.

julho 03, 2009

Capitão


Depois da saída de Lucho para o Marselha, da retirada de Pedro Emanuel e da provável saída de Bruno Alves só vejo uma possibilidade séria para capitão.

Jerónimo e os deputados

O líder do PCP disse que "É bom que se diga que as próximas eleições não vão eleger nem um primeiro-ministro nem um Governo, mas 230 deputados". Pois é, mas depois de eleitos ele faz o que quer deles. Luísa Mesquita que o diga. Já sei que é a política interna do PCP e que os candidatos sabem ao que vão. Mas seria também bom Jerónimo de Sousa informar os seus eleitores sobre as rotações parlamentares do seu partido.

Jaime Gama

O momento que descrevi aqui ontem já está no YouTube. Deliciem-se com a irritação (compreensiva) de Jaime Gama. "Estou", "Não está, não", "Estou", "Não está, não!!!".

Nem parece alemão

Tommy Haas, depois da desistência de Llodra, resolveu fazer isto. Haas é mesmo um gajo porreiro. E joga bem.

julho 02, 2009

Le Tour 2009 - o regresso de Armstrong e os outros favoritos


Esta imagem faz parte do meu imaginário desportivo preferido. Tenho em Armstrong um dos meus ídolos preferidos no desporto mundial. As tardes de Julho daqueles sete anos foram fantásticas e dificilmente aparecerá, brevemente, alguém que consiga fazer o que Lance fazia. Não falo dos sete títulos seguidos. Falo da postura e da qualidade. O modo como ele encarava as corridas, os ataques - e foram tantos...- tudo em Armstrong era perfeito.

O Tour - uma das minhas cinco provas favoritas do ano desportivo - este ano tem a particularidade de voltar a ter Lance. Com quase 38 anos, a lenda quer voltar a mostrar aos franceses que não ganhou aquilo por coincidência mas sim por mérito. Dificilmente ganhará já que a concorrência, para além de fortíssima, é experiente. E convenhamos: Lance, por muito que ele queria parecer, não é o mesmo. Mesmo assim é com grande expectativa que eu encaro este Tour e seria fantástico vê-lo de amarelo, não digo nos Campos Elísios, mas num qualquer momento desta prova. Mas não haverá só Lance na Grand Boucle.

O americano está integrado na equipa mais forte do Tour 2009. A Astana conta, para além de Lance, com Contador - o melhor da actualidade e principal favorito - e ainda Leipheimer, Kloden e Popovych que serão cruciais para ajudarem os seus dois líderes a fazer uma grande corrida. Mas aqui é que está o problema da Astana: ter Contador e Armstrong, que nem grandes amigos são, pode ser prejudicial se ambos estiverem fortes. Mas basta um mau dia de um na montanha para ceder logo a liderança ao outro. Destaque para Paulinho, que será igualmente importante para ajudar a equipa a ganhar por equipas.

Os outros favoritos são óbvios. Carlos Sastre, vencedor no ano passado, mudou de equipa e tem a Cérvelo a trabalhar inteiramente para ele. Haussler, Marchante e Gustov terão que estar à altura na montanha para levar Sastre pelo menos ao pódio. O espanhol fez um bom Giro, no qual não apostou forte, e está pronto a mostrar que a vitória do ano passado não foi apenas por não haver Contador. Para Armstrong, Sastre é o favorito.

Outro grande favorito é o gigante russo Dennis Menchov. Vencedor do Giro em Maio, de uma super calculista, esta táctica poder-lhe-á ser favorável já que os holofotes não estarão sobre ele. Lidera uma equipa não tão forte como as outras dos principais adversários e isso pode será o ponto fraco para o russo. Mas em Itália ele provou que, mesmo sem a sua equipa, conseguiu ganhar. A ter em conta.

A SaxoBank, ex-CSC, é a nível colectivo uma das mais fortes e quererá, por certo, algum destaque. Seja na geral por equipas, na montanha, ou mesmo na geral individual. Falta saber até que ponto os manos Schleck, principalmente o Andy, estarão preparados para lutar em todas as etapas de montanha. Mas uma equipa com os Schleck, Cancellara, Voigt ou O'Grady não pode ser esquecida.

Falta uma grande candidato, poderei até dizer eterno. Cadel Evans, o australiano da Silence. A grande Dauphiné Liberé que fez - ficou em segundo atrás de Valverde que não participa - deixou-me boquiaberto e acho que está pronto para atacar a camisola amarela. O facto de haver muitas atenções em Contador e Armstrong favorece todos os outros candidatos, principalmente Evans. Ter perdido Dekkor, dias antes do início da prova devido a controlo positivo de EPO, foi um revés. Dekkor seria uma grande ajuda.

Não haverá muitos mais favoritos. Pozzato, Arroyo, Pelizzotti, Rogers ou Bruseghin são apenas outsiders. Poderão fazer uma ou duas grandes etapas mas duvida-se que consigam fazer um grande Tour. Mesmo assim não se pode ignorá-los. Uma breve referência para Rui Costa, colega de Arroyo na Caisse d'Epargne. Ele e Paulinho são os únicos portugueses. Poderá supreender Rui Costa já que está a fazer uma boa época.

Quanto aos perfil das etapas, o facto de haver três contra-relógios será decisivo. Os dois individuais, principalmente o da última semana, mais o de equipas, são etapas que, devido ao seu perfil, podem retirar alguns ciclistas da corrida. O do Mónaco, na primeira etapa de 15km, será um bom teste. De resto haverá 7 etapas de alta montanha e todas bastante consecutivas o que torna tudo mais aliciante. Nas etapas planas espera-se festival Cavendish. Serão três semanas cheias de emoção.

Momentos

O segundo melhor momento do debate do estado da Nação - a seguir à tourada de Manuel Pinho - foi quando Jaime Gama manda calar Paulo Rangel. Teve sorte o novo player do PSD. Se não fosse Pinho, os telejornais tinham aberto com uma declaração fortíssima do presidente da Assembleia. Até este, sempre muito calmo, não agientou mais o populismo rangeliano. O novo deputadp europeu pediu uma interpelação à mesa para fazer dela um ataque ao Governo, e aos berros. E foi quase no mesmo modo, mas com grande convicção, que Jaime Gama pôs fim à festa. Aguardo vídeo também para se ver o quase "beicinho" de Rangel. Muito bom.

Valium Pinho

Ontem à noite estava a ver a entrevista de Manuel Pinho na SIC Notícias. Não vi o grande momento em que ele rasga uma folha ilustrando a política de Ferreira Leite mas vi outras passagens em que se notava que ele reagia um pouco nervoso e intempestivo às perguntas do entrevistador. Nessa altura comentei com um amigo que via o programa comigo: "este homem, antes de aparecer em público, precisa tomar um Valium para se acalmar senão dá para o torto".
Hoje aconteceu o que aconteceu. Aguardo, com expectativa, um vídeo no YouTube com os melhores momentos de Pinho enquanto ministro. E há tanto para fazer um best-of Pinho.
ps: o acontecimento de hoje na Assembleia confirmou uma coisa: o Bloco é o melhor partido que está na Assembleia. Goste-se ou não, a forma como conseguiram, rapidamente, fazer circular as imagens pela Assembleia mostra a preparação e o cuidado com que encaram todos estes acontecimentos. Não é só berros, não é anti-poder. Para continuar a ter em conta.

Feitiços

Quando parecia que o caso PT seria um grande trunfo de Ferreira Leite, eis que o feitiço se vira contra o feiticeiro.

O estado da Nação

O estado da Nação: andar sempre a reflectir sobre o estado da Nação e nada fazer para o modificar. O que se vai passar amanhã na Assembleia será apenas tagarelice política. Interessante para análise política. Irrelevante para o país.