junho 30, 2009

Pré-época

Já sei que é sempre o Benfica que ganha a pré-época, com grandes reforços e goleadas a equipas como o Neuchâtel Xamax. Mas perder Lucho González para o Marselha (?!?!?!?) é uma verdadeira goleada de pré-época. Pressinto tempos difíceis para Jesualdo ao tentar montar uma nova equipa. A dos últimos três anos tinha o carimbo Lucho - e não de Bruno Alves ou de Lisandro ou de Quaresma, todos eles importantes mas dispensáveis em caso de necessidade de venda, ao contrário de El Comandante.

Tegucigalpa

Certamente que a confusão que se instalou nas Honduras não vai gerar manifestações, nem concentrações, nem vigílias como as que houve a propósito do Irão. Mas é preciso dizer a verdade: o que aconteceu nas Honduras é um golpe de Estado contra um presidente, contra uma democracia, contra um povo. Enquanto as elites latinoamericanas não perceberem o seu povo e a democracia - Chavez, verdade seja dita, tem compreendido muito bem - os países desta região continuarão a ser o que são. Pobres, super dependentes do exterior e, principalmente, politicamente instáveis. Um regresso ao passado é tudo o que esta região não precisa.
ps: seria possível o consenso da comunidade internacional em relação ao tema caso Bush ainda fosse Presidente?

Pacheco Pereira

O novo programa de Pacheco Pereira da SIC-Notícias tem feito correr muita tinta. Desde logo porque surge a três meses de eleições e porque Pacheco tem um ódio a Sócrates demasiado grande para ficar apenas expresso pelo seu Abrupto. Portanto, toca a ter um espaço só para ele em horário nobre.
Eu vi o programa e achei-o entediante. Não que a ideia não seja boa mas a figura de Pacheco é, toda ela, impeditiva de seguir o programa. Eu sei que ele avisa que ali só se faz opinião. O problema é que a opinião de Pacheco não é parcial, é uma espécie de hooliganismo da opinião em Portugal. Estou curioso para ver se o Ponto Contra Ponto continua depois das eleições.
Muita gente escreveu sobre este tema. Aqui ficam alguns exemplos.
O primeiro é a crónica de Ferreira Fernandes. Na íntegra:
"Pacheco Pereira tem um novo programa, sobre opinião - Ponto Contra Ponto, na SIC Notícias. Um programa de "opinião, opinião, opinião." A minha opinião: nenhuma opinião vale mais, em Portugal, que a de PP. Alguém que lembra a importância da hesitação no discurso televisivo de Vitorino Nemésio (a quem PP dedicou o seu programa) deve ser escutado. É uma luta necessária, a de PP, contra o "demasiado espectáculo e a pouca razão" na Comunicação Social portuguesa. Mais uma razão para o criticar. No primeiro Ponto Contra Ponto, PP abriu as páginas de procura de emprego do Correio da Manhã, de 26/06/2009, para concluir sobre os maus tempos em que vivemos. Fui ver esse CM: havia 52 anúncios de procura de emprego. Há 15 anos, o CM de 27/06/94 (não escolhi o de 26 porque foi domingo) tinha 104 procuras de emprego. Julgo que seria pouco razoável - PP até diria mais: situacionista! - alguém dizer, à luz dos anúncios do CM, que ao fim de nove anos de Governos de Cavaco (1985-1994) havia o dobro de desemprego que temos hoje... Conclusão: em televisão, abanar as páginas de anúncios de um jornal é demasiado espectáculo. Nemésio hesitaria, pensava e não o faria."
[é deliciosa a forma como Ferreira Fernandes reduz Pacheco a PP e não a JPP como ele próprio tanto gosta]
Bruno Sena Martins escreve um texto mais analista e bem imparcial:
Já o Val descreve da melhor forma o grande momento do programa de Pacheco:
"E na abertura do Correio da Manhã esteve o grande acontecimento deste primeiro programa. Porque lhe deu para falar do putedo. Coisa de homem, e de homem na crise de ser homem. Então, anunciou aos telespectadores que vai para aí um putedo que faxavor. Desemprego, hipotecas e putedo, eis o retrato do Portugal de Sócrates visto da Marmeleira. E eu levantei os braços e gritei alarmado, a ponto de ter assustado a vizinha do 4º andar, quando ele disse que tinha sido só por causa da feitura do Ponto Contraponto que reparou no fenómeno de haver tantos anúncios de serviços sexuais nos jornais. É que se o Pacheco não sabia disso até finais de Junho de 2009, eu tenho agora a certeza de vivermos tempos infames onde a liberdade é algo só ao alcance de quem se prestar a fazer um programa de televisão, nem que para isso tenha de juntar mais uns trocos aos seus rendimentos."

Europeu sub21 2009

O Europeu de Sub-21 que acabou ontem na Suécia foi, em geral, um bom torneio. Houve bons jogos, emoção, bons golos e, acima de tudo, bons jogadores. Não se pode dizer que tenha havido grandes revelações. Quem anda atento ao futebol europeu certamente não se surpreendeu pela qualidade destes jogadores. Aqui ficam, para mim, os melhores deste torneio.
Começo pela selecção campeã, a Alemanha. Pode-se dizer que depois de ganhar 4-0 na final a Alemanha é uma justa vencedora deste torneio. Apesar de não ter jogado o melhor futebol na Suécia, os alemães reveleram bastante colectivo e uma muito boa segurança defensiva. Para esta segurança contribuiram os defesas mas também o melhor guarda-redes do torneio. Com apenas um golo sofrido, Manuel Neuer - os portistas conhecem muito bem este rapaz - fez algumas defesas decisivas. Vai ser, dentro de cinco anos, o titular da selecção principal e um dos melhores do mundo. O que o Schalke faz com Neuer, dando-lhe a titularidade desde muito cedo, é um exemplo para vários clubes que têm guarda-redes jovens nos seus plantéis cheios de talento. Uma nota para Ansejo, o segundo melhor guarda-redes do torneio. Se dependesse dele, a Espanha tinha ido à final. O Atlético de Madrid está bem servido.

Ainda na Alemanha surge, talvez, o melhor jogador do torneio. Mesut Ozil, de ascendência turca, é um médio super criativo que joga já a titular no Werder Bremen, onde, este ano, caso não saia para outro clube, pode aproveitar a ausência de Diego para brilhar ainda mais. Ele tem tudo, bom drible, capacidade de remate muito forte, marca bem bolas paradas e tem uma óptima visão de jogo. Na final, só deu Ozil, que foi a pontinha de criatividade que a Alemanha necessitou para vencer este torneio. Uma boa aposta já para o próximo Mundial, já que a selcção principal não tem jogadores assim.


O melhor avançado do torneio chama-se Marcus Berg, sueco, joga no Groningen, foi o melhor marcador do campeonato holandês e, certamente, jogará na próxima época num clube bastante mais forte. Não foi revelação porque já se sabia do valor dele, mas foi confirmação. É alto mas não é tosco, move-se bem e tem faro de golo. Está aqui um diamante para os tubarões do futebol europeu e um bom companheiro para Zlatan na selecção.


A Itália foi às meias-finais e perdeu com a Alemanha, algo injustamente. Os transalpinos não foram muito defensivos e tiveram em dois jogadores a chave para um torneio razoável: Acquafresca e Giovinco. O primeiro é avançado e marcou alguns golos. O segundo é um médio ofensivo mas que pode jogar como segundo avançado, descaindo para as alas. Um ataque com Ozil, Giovinco e Berg seria letal. Giovinco, provável substituto de Del Piero na Juventus, é um criativo nato, com velocidade e garra. Lippi pode muito bem aproveitá-lo já que a selcção principal revelou muitas dificuldades ofensivas na Taça das Confederações.


Como ainda não referi nenhum defesa, e acho por bem fazê-lo, tenho que destacar Boateng, da Alemanha. Este polivalente do Hamburgo é um defesa muito forte, com grande presença no jogo aéreo. Será titular dentro de pouco tempo na selecção principal.



Estranho não ter referido nenhum jogador da Inglaterra. Foram à final, derrotaram nos penaltis a selecção que melhor jogou futebol - a Suécia - e jogaram bem. Mas não houve nenhum jogador que se tenha destacado. Talvez Milner, um bom extremo direito, base do sucesso do Aston Villa este ano. E pouco mais. Tinham uma equipa bastante homogénea. Na final, devido à falta do guarda-redes principal e dos dois avançados, levaram 4-0 da Alemanha. Mesmo assim, um bom trabalho de Stuart Pierce.

junho 29, 2009

Quarta-Feira


O cenário era a magnífica Sala Suggia da Casa da Música. Ontem, estes quatro músicos da foto subiram ao palco para um concerto de jazz misturado com a sonoridade da bossa nova e MPB. Chico Pinheiro, um magnífico guitarrista e compositor, e Brad Mehldau, um pianista também ele muito bom, encarregaram-se da música. A voz estava a cargo de Luciana Alves e de uma holandesa chamada Fleurine, ao que parece bastante reputada nos meios do jazz nova iorquino.

O concerto começou de uma forma maravilhosa, uma versão instrumental de "Samba e Amor" do Chico Buarque. Prometia muito, pensei eu. Depois começou o descalabro e a confusão. Apesar de ter havido momentos brilhantes, o concerto de uma hora e meia foi bastante difícil de seguir porque nem os próprios intérpretes sabiam qual o alinhamento das músicas. Foram bastantes as vezes que Chico Pinheiro perdeu dois a três minutos a afinar a sua guitarra. Fleurine e Luciana só no fim cantaram duas músicas ao mesmo tempo, fazendo com que tivessem sempre a entrar e a sair, às vezes nem elas sabiam quando era a vez delas. Brad Mehldau uma vez esqueceu-se de entrar em palco e os outros músicos perderam mais um pouco tempo a decidir o que iriam tocar.

Chegados ao fim do espectáculo, o público foi, mesmo assim, generoso e pediu que voltassem ao palco. Eles voltaram, duas vezes, mas aqui foi a gota d'água, pelo menos para mim. Visivelmente incomodados por tanta trapalhada, os músicos nem sabiam o que iam tocar no encore, combinando a música já em palco. E deu barraca. A protagonista: Fleurine, a tal holandesa que deve ter muito currículo mas que canta banalmente.

Depois de combinada a música final, Fleurine pergunta "Pode ser "Tristeza não tem fim"?", numa alusão ao verso inicial da música "A Felicidade" do Tom e do Vinicius. E se já é mau ela própria nem saber o nome da música, pior foi quando errou a letra. A holandesa cantou "Pra tudo se acabar na terça-feira" quando todo o mundo sabe que tudo acaba é na quarta-feira, de cinzas. Logo a seguir, Luciana confundiu a letra toda e trocou os versos daquela fantástica música.

É o que dá convidarem cantoras reputadas que, lá por cantarem em português (sofrível) e até fazerem discos sobre a MPB, não quer dizer que encarnem bem a música popular brasileira. Saí da Casa da Música a tentar lembrar-me do início do concerto. O resto foi pobrezinho.

junho 28, 2009

Besugo

"O Benfica é o clube mais afadistado, mais chula, mais azeiteiro de Portugal. Basta haver um clube como o Benfica para toda a gente perceber que há qualquer merda em Portugal que não bate bem. O Benfica é a maior gosma de Portugal e arredores, incluindo as cagarras das Berlengas e das Desertas. Isto é uma impressão minha? Olhem que já é antiga demais para ser apenas uma impressão."
retirado daqui.

Igualdade

Já a assinei há quase um mês mas esqueci-me de a divulgar aqui. Já leva mais de seis mil assinaturas a petição "Movimento pela igualdade no acesso ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo". Se a quiserem ler e assinar, cliquem aqui.

Manifestos e economistas

Manuela Ferreira Leite disse que não havia nenhum economista sensato e respeitável que não concordasse com ela no que respeita às obras públicas e investimento público. Aqui fica uma lista de economistas, e sociólogos e geógrafos e outros, todos respeitáveis - dois deles meus professores - que têm uma visão bastante diferente da líder do PSD:

Manuel Brandão Alves, Economista, Professor Catedrático, ISEG; Carlos Bastien, Economista, Professor Associado, ISEG; Jorge Bateira, Economista, doutorando, Universidade de Manchester; Manuel Branco, Economista, Professor Associado, Universidade de Évora; João Castro Caldas, Engenheiro Agrónomo, Professor Catedrático, Departamento de Economia Agrária e Sociologia Rural do Instituto Superior de Agronomia; José Castro Caldas, Economista, Investigador, Centro de Estudos Sociais; Luis Francisco Carvalho, Economista, Professor Auxiliar, ISCTE-IUL; João Pinto e Castro, Economista e Gestor; Ana Narciso Costa, Economista, Professora Auxiliar, ISCTE-IUL; Pedro Costa, Economista, Professor Auxiliar, ISCTE-IUL; Artur Cristóvão, Professor Catedrático, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Álvaro Domingues, Geógrafo, Professor Associado, Faculdade da Arquitectura da Universidade do Porto; Paulo Areosa Feio, Geógrafo, Dirigente da Administração Pública; Fátima Ferreiro, Professora Auxiliar, Departamento de Economia, ISCTE-IUL; Carlos Figueiredo, Economista; Carlos Fortuna, Sociólogo, Professor Catedrático, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; André Freire, Politólogo, Professor Auxiliar, ISCTE; João Galamba, Economista, doutorando em filosofia, FCSH-UNL; Jorge Gaspar, Geógrafo, Professor Catedrático, Universidade de Lisboa; Isabel Carvalho Guerra, Socióloga, Professora Catedrática; João Guerreiro, Economista, Professor Catedrático, Universidade do Algarve; José Manuel Henriques, Economista, Professor Auxiliar, ISCTE-IUL; Pedro Hespanha, Sociólogo, Professor Associado, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; João Leão, Economista, Professor Auxiliar, ISCTE-IUL; António Simões Lopes, Economista, Professor Catedrático, ISEG; Margarida Chagas Lopes, Economista, Professora Auxiliar, ISEG; Raul Lopes, Economista, Professor Associado, ISCTE-IUL; Francisco Louçã, Economista, Professor Catedrático, ISEG; Ricardo Paes Mamede, Economista, Professor Auxiliar, ISCTE-IUL; Tiago Mata, Historiador e Economista, Universidade de Amesterdão; Manuel Belo Moreira, Engenheiro Agrónomo, Professor Catedrático, Departamento de Economia Agrária e Sociologia Rural, Instituto Superior de Agronomia; Mário Murteira, Economista, Professor Emérito, ISCTE- IUL; Vitor Neves, Economista, Professor Auxiliar, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; José Penedos, Gestor; Tiago Santos Pereira, Investigador, Centro de Estudos Sociais; Adriano Pimpão, Economista, Professor Catedrático, Universidade do Algarve; Alexandre Azevedo Pinto, Economista, Investigador, Faculdade de Economia da Universidade do Porto; Margarida Proença, Economista, Professora Catedrática, Escola de Economia e Gestão, Universidade do Minho; José Reis, Economista, Professor Catedrático, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; João Rodrigues, Economista, doutorando, Universidade de Manchester; José Manuel Rolo, Economista, Investigador, Instituto de Ciências Sociais; António Romão, Economista, Professor Catedrático, ISEG-UTL; Ana Cordeiro Santos, Economista, Investigadora, Centro de Estudos Sociais; Boaventura de Sousa Santos, Sociólogo, Professor Catedrático, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; Carlos Santos, Economista, Professor Auxiliar, Universidade Católica Portuguesa; Pedro Nuno Santos, Economista; Mário Rui Silva, Economista, Professor Associado, Faculdade de Economia do Porto; Pedro Adão e Silva, Politólogo, ISCTE; Nuno Teles, Economista, doutorando, School of Oriental and African Studies, Universidade de Londres; João Tolda, Economista, Professor Auxiliar, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; Jorge Vala, Psicólogo Social, Investigador; Mário Vale, Geógrafo, Professor Associado, Universidade de Lisboa.
O manifesto pode ser lido, por exemplo, aqui ou aqui.

junho 26, 2009

Medina e os economistas

Medina Carreira apareceu mais uma vez na televisão a dialogar com Mário Crespo. Deve ter sido a vigésima entrevista, só neste ano, naquele canal televisivo, fora outras aparições. E mais uma vez disse mais do mesmo. Sempre com aquele discurso sombrio, pessimista, até insultuoso para várias pessoas e classes. Medina é aquele homem que diz "temos uma justiça na miséria", "uma educação que é uma vergonha", etc, etc, mas na prática não propõe nada para resolver. É, tal como Ferreira Leite, um tecnocrata que tem uma visão economicista das coisas. Mas, no fundo, é um taxista bem falante. Ele bem que pediu a Mário Crespo alguém para debater com ele - até Sócrates ele desafiou. Mas, por algum motivo, aparece sempre a falar sozinho.

Esta criatura foi uma daquelas 20 e tal que assinaram um manifesto qualquer contra as grandes obras públicas. Uma daquelas criaturas que não nos soube prevenir da crise. Aliás, muitas delas que autoridade têm para dar conselhos a quem quer que seja? Quase todas tiveram altas responsabilidades na condução da política económica e financeira em Portugal. Pensam que são deuses mas são apenas parte da péssima elite portuguesa. Todos se conhecem, todos se governam, os outros que se lixem.

London Skies


Cinco dias de torneio, cinco dias sem chuva em Wimbledon. A cobertura continua à espera de ser utilizada.

Rei da Pop

Não deixa de ser curioso que, na altura em que morre Jackson, surge um novo preto rei da Pop a nível mundial: Obama.

junho 25, 2009

Leite Derramado

Lê-se muito bem e de rajada. Muito bom mesmo.

Se fosse o FCP...

...teríamos um coro de protestos a dizer que era um escândalo. Mas como é a agremiação dos seis milhões está tudo bem, não há qualquer problema quando o patrocinador principal da Liga de futebol é o mesmo de um clube dessa mesma Liga. Ainda por cima com os valores em jogo.

O grupo parlamentar do PSD

É evidente para todos que aquele grupo parlamentar(GP) do PSD funciona mal. Isso percebe-se na articulação com a liderança do partido. Ferreira Leite e o seu GP nunca se articularam nas críticas e combate a José Sócrates. Isso foi visível na moção de censura do CDS-PP. Uma das perguntas que ontem Ana Lourenço deveria ter feito era se a líder do PSD tinha dado indicações para a votação favorável da moção.
Isto a propósito da integração ou não de Passos Coelho e seus apoiantes nas listas para deputados. Ferreira Leite deverá ter em consideração que, se muita coisa correu mal à oposição que o PSD fez ao Governo, deve-se a uma bancada parlamentar incompetente, escolhida por Santana Lopes. Naquele grupo, Paulo Rangel parece, realmente, um grande político.

Manuela Ferreira Leite

Manuela Ferreira Leite deu ontem a melhor entrevista desde que é líder do PSD. Apesar disso foi uma péssima prestação. Eu explico.
Só se falou de finanças e economia. Eu sei que o problema mais grave do país é esse. Mas e sobre educação? E legislação laboral? E saúde? E agricultura? E Justiça? Nada, nem uma palavra. Se Ferreira Leite consegue dominar números, o resto ela não domina e aí terá que pedir ajuda a muita gente. Nem quero imaginar a líder do PSD a ir quinzenalmente ao Parlamento dar explicaçõe saos deputados sobre estes temas. Seria um forrobodó jeitoso com grandes machetes no Inimigo Público.
Se ela em matéria económica e financeira revela algumas ideias mas aparenta pouca habilidade para decidir no momento - foram várias as vezes em que ela hesitou nas respostas sobre soluções - nas outras matérias será um desastre.
E depois há a frase da entrevista: "esta crise foi um abalozinho". Por muito que tenha tentado desmarcar-se de Sócrates, Ferreira Leite teceu o melhor elogio que podia ter feito ao governo socialista.

junho 24, 2009

Seu João

Hoje é dia de São João. E de Seu João.

junho 22, 2009

Betos

Eu adoro os Contemporâneos!

O Antímio de Azevedo da política portuguesa...

...é Cavaco Silva. O nosso presidente hoje fez mais uma das suas grandes declarações: "seria extremamente negativo o encerramento da AutoEuropa". Ou seja, tal como um meteorologista, Cavaco só diz aos portugueses aquilo que eles sabem sem grandes dificuldades. Mas com uma diferença. Enquanto Antímio de Azevedo anunciava o tempo que ia fazer no dia a seguir, Cavaco anuncia, ao final do dia, o tempo que fez nesse próprio dia. Utilidade zero, é como eu descrevo as palavras de Cavaco.

Berlusconi português

Não se conhecem um canal televisivo chamado "Porto Canal". Supostamente serve para divulgar a cidade do Porto e também a região Norte. Confesso que vejo muito pouco. Sempre que calha passar por lá entro em contacto com pessoas que, para além de terem muito pouco jeito para a televisão, são estupidamente ignorantes e bacocos. Eu, que sou e gosto muito do Norte, e até concordaria com uma televisão com os propósitos desta, sinto-me bastante ofendido com aquela programação. Mas enfim, é o que há.
Acontece que o director deste canal é benfiquista e até candidato à presidência da agremiação desportiva mencionada. Este facto até poderia servir para explicar o insucesso do canal televisivo mas nem vou entrar com esse argumento. O mais engraçado é que, pelos vistos, o tal director é uma espécie de Berlusconi em pequenino.
Por acaso sintonizei, há poucos minutos, no canal referido. Estava no ar uma moça bem engraçada que parecia vinda das Ilhas Maurícias ou do solário mais chique da Avenida Brasil do Porto, era difícil distinguir. O programa chama-se Porto Alive e tem aquele ar modernaço, estão a ver? O que cativou a minha atenção - não, não foi a moçoila - foi a menina ter dito "vamos agora à parte desportiva". Aí parei no Porto Canal por uns minutos.
Eis que entra em cena uma criatura chamada Rémulo Jónatas, supostamente o editor de desporto da estação. E qual o "grande" tema para discussão? A apresentação da candidatura de Bruno Carvalho à presidência do Benfica. Diz o tal editor, e jornalista, sobre o assunto: "a candidatura de Bruno Carvalho veio demonstrar a fragilidade e Vieira"; "Infelizmente, acredito que o Benfica vai recusar a candidatura de Bruno Carvalho por um motivo que encontrem, mesmo que não seja válido"; "O que aconteceu no Benfica foi um golpe de Estado"; "A candidatura de Vieira, tal como Bruno Cravalho afirma, é ilegal tendo em conta os estatutos". Bruno Carvalho, aquele que alugou um avião qualquer, ao qual chamou "Eagle One", para anunciar a sua candidatura - estão a ver o estilo do canal através desta acção, não estão? - quer mesmo ser presidente e, por isso, utiliza a sua televisão para propaganda.
Aquela ameaça de Moniz em se candidatar mexeu comigo. A sério, fiquei preocupado. Alguém que diz "não podemos culpar os erros do Benfica atribuindo culpas a outros" não pode ser presidente do Benfica senão assim lá se ia a minha antipatia por aquela agremiação, coisa que eu gosto muito e tenciono manter. Aí teria que mobilizar os (poucos) meus conhecidos benfiquistas a votar Vieira. Mas com Brunos Carvalhos eu aguento. E bem.

Socratização

Em Portugal eu acho que sou um espécie rara. Ou se odeia Sócrates ou se ama Sócrates. O facto de não haver meio-termo é fundamental para a inexistência de um debate sério na sociedade portuguesa, principalmente vindo da direita.

junho 21, 2009

Wimbledon 2009


É já amanhã que começa. E sem Nadal. Não me surpreende muito esta ausência. Algum dia o espanhol tinha que “rebentar” fisicamente, ele jogava nos limites. Uma grande oportunidade para Federer bater o recorde de Sampras igualado em Roland Garros, há duas semanas atrás e recuperar o número 1 mundial. Dificilmente haverá uma fina como a do ano passado, apesar de haver ainda Murray, Djokovic, Roddick e, quem sabe, Hewitt.
Confesso que este é o torneio que mais gosto. Passei os últimos oito, nove anos a aguardar sempre pelo fim de Junho. Sonhava ver Tim Henman, o meu preferido, ganhar naquela relva, com aqueles volleys mortais que só ele sabia fazer. Atingiu vários quartos de final, duas meias-finais, nunca a final. Ainda hoje não posso ouvir falar de um tal Ivanisevic que, com um maldito wild-card, entrou em Wimbledon e fez o torneio da vida dele, estragando o torneio da vida de Henman.
ps: o ténis português continua em grande para o que estamos habituados. Neuza Silva amanhã joga no Court Central contra Serena - vai ser muito difícil para a...Serena - e Gil e Michelle também estão no quadro principal. O primeiro terá que fazer um jogaço, tal como fez no primeiro set contra Hewitt em Queens, e a segunda terá que gritar muito e estar concentrada ao máximo.

Censuras

Numa semana que seria marcada politicamente pela moção de censura do CDS-PP ao Governo, do que se fala é da postura do primeiro-ministro. Até Manuela Ferreira Leite já veio comentar a “nova” postura de Sócrates. Eu sei que o Verão começou hoje mas é surpreendente que, após uma derrota desastrosa do PS, seja o seu líder a continuar a marcar a agenda política. E com o consentimento dos adversários. A moção de censura foi uma coisa caída do céu para Sócrates: deu-lhe protagonismo, desviou atenções, arrastou o PSD, o tal vitorioso de 7 de Junho, para a sombra de Portas, e ainda conseguiu ver os partidos de esquerda a “bater” na direita. É impossível pedir melhor depois de uma humilhante derrota.

junho 19, 2009

Palhaços (outra vez Rangel)

Não esperava era que, a 18 de Junho, a superstar da direita Paulo Rangel já tivesse dito que voltava rapidamente a Portugal se o PSD fosse governo. É por estas e por outras que eu não gramo estes palhaços! Andaram uma campanha inteira a bater em Elisa Ferreira e Ana Gomes e, agora, vem o cabeça-de-lista, depois de já ter ganho, que até já pode voltar! Rangel é uma anedota.

junho 17, 2009

Hélton, para o ano vais tocar cavaquinho para o banco, ok?


Teerão

É uma boa altura para cantar como o Caetano, face à minha ausência blogosférica, que "já estou para lá de Teerão". Podia ter comentado a moção de censura ridícula do CDS, o facto de Sócrates ter dito que um dos erros que tinha cometido era a falta de apoios à cultura (who cares?), a grande embrulhada no Irão, das declarações à varanda de Valentim ou o instinto matador de Obama. Fica para os próximos dias.

Oquestrada

Falaram-me disto a semana passada - obrigado Diogo! - e fui ouvir. Gostei da amostra. Muito.

Sócrates

É de mim ou Sócrates, na entrevista que está a dar neste momento, está demasiado calmo e compreensivo para o habitual? Efeito Ana Lourenço - sempre muito calma - ou são as europeias ainda na memória?

junho 15, 2009

TGV idiota

Parece que hoje se discute o TGV na Assembleia. A minha posição é simples. Portugal não pode ter um TGV sem ter caminhos-de-ferro em condições em todo país. Se me dissessem "vamos construir o TGV e, ao mesmo tempo, melhorar toda a linha ferroviária nacional" eu diria sim, sim, sim! Mas pensar-se em TGV's é mais que ridículo. É idiota e faz parte daquele pensamento muito socialista que é "queremos estar a par da Europa" mas sempre a par das coisas pouco essenciais. E não sou partidário do argumento "ai, estamos em crise, não se deve fazer isto". Isso é outra idiotice. O único argumento que vale para esta discussão é esta: quem é que em Portugal vai andar de TGV se não há cultura de comboio e se, nos troços em que se vai pôr a funcionar essa maravilha do século XX, já há muita oferta? Ai, os idiotas, os idiotas...

junho 11, 2009

Exemplos

Ontem, no 10 de Junho, António Barreto falou em exemplos. O sociólogo bem pode continuar a pregar aos peixinhos que isto nada muda. O exemplo-mor português é madeirense e vale 93 milhões de euros. Podem soltar os fogos, como disse o nojento Cristiano.
ps: não sei onde Florentino Pérez vai arranjar tanto, mas tanto dinheiro. Já foi Kaká, agora Cristiano, segue-se David Villa...La Liga se calienta!

junho 10, 2009

Lata

Eu sei que começo a parecer um pouco paranóico com Paulo Rangel. Mas acho que continuo a ter razões para isso. Reparem lá nestas declarações do ainda líder parlamentar, ontem, a propósito do veto presidencial sobre a lei dos financiamentos partidários.
"«O PSD nunca pretendeu que estas alterações que motivaram o veto do senhor Presidente da República fossem avante», declarou Paulo Rangel aos jornalistas, no Parlamento.
Segundo Paulo Rangel, o PSD «aceitou apenas isso em última instância, para garantir um consenso unânime, que achou que era uma coisa positiva, mas nunca foi a favor, pelo contrário, até foi contra isso».
O líder parlamentar social-democrata referiu que PSD discordava de «duas matérias» do projecto de lei do financiamento dos partidos aprovado por unanimidade no Parlamento, mas não quis esclarecer quais os artigos a que se referia.
De acordo com o líder parlamentar social-democrata, o Presidente da República pôs em causa no seu veto «aspectos que, essencialmente, houve um partido que fez questão de os colocar, que foi o PCP» e que o PSD aceitou no pressuposto de que não permitiam «uma utilização perversa»".
É preciso ter lata para dizer isto.

Roland Garros - análise do torneio

Finalmente Federer! Nadal e Djokovic falharam a meio do torneio e o suiço aproveitou a oportunidade para ganhar o seu primeiro Grand Slam francês. Assim, igualou Sampras e ganhou o único torneio que faltou ao americano.
Federer fez um torneio emocionante. Não é que tenha jogado o seu melhor ténis de sempre mas psicologicamente este impecável. Contra Tommy Haas esteve a perder por 2-0, contra Del Potro também só ganhou em cinco sets. teria ganho a Nadal na final? É impossível saber. Mas Federer aproveitou muito bem os desastres dos outros para fazer história.
Nadal e Djokovic foram as grandes decepções, principalmente o primeiro. Apesar de ter perdido contra o finalista vencido - Soderling fez o torneio da sua vida - apenas o problema no joelho pode justificar a derrota. O sérvio também pareceu desmotivado depois de a temporada de terra batida ter sido frustrante: jogou muito bem mas nunca conseguiu superar Nadal o que, psicologicamente, poderá ter afectado o desempenho de Novak.
Quanto aos outros jogadores: Del Potro jogou o seu melhor ténis de sempre em terra batida mas esbarrou em Federer; González desperdiçou uma excelente oportunidade de estar numa grande final; os franceses Tsonga e Monfils não conseguiram em casa fazer um grande torneio.
Por fim dizer que na final houve demasiado Federer para Soderling. Com um toque de bola fantástico - imensos amorties - o suíço não deu hipóteses de resposta ao sueco que nos próximos tempos andará muito longe da ribalta, seguramente.
No torneio feminino houve a surpresa Stoser, a australiana que chegou às meias. De resto, o mesmo domínio do leste europeu que já estamos habituados. Isso e finais super desinteressantes. Desta vez Kuznetsova foi quem esteve mais forte psicoligicamente. E Safina continua como número 1 sem vencer um Grand Slam. E esta derrota dificulta as coisas para Wimbledon. O torneio feminino continua um verdadeiro aborrecimento.

Europeias - comentário final

Destas eleições europeias retira-se uma grande conclusão: o PS sofreu uma grande derrota. Comparado com as duas últimas eleições partidárias nacionais, europeias de 2004 e legislativas de 2005, o PS perdeu quase 20% de votos. E perdeu apenas para um lado: para a esquerda. Bloco e CDU tiveram resultados extraordinários apesar do primeiro levar vantagem por ter tido mais um eurodeputado europeu e por ter ficado, pela primeira vez, à frente da CDU. Ou seja, uma grande vitória moral.
Vitória moral teve também o PSD e Manuela Ferreira Leite. Apesar de não terem tido uma votação extraordinária, bem longe disso, a vitória nestas eleições dá uma nova esperança ao PSD e à sua direcção. E se conseguirem "roubar" eleitores ao CDS, apelando ao voto útil, podem ser até a força mais votada nas próximas legislativas. A questão das coligações é um cenário bastante complexo para se equacionar neste momento mas dificilmente o PSD encontrará outro parceiro que não o CDS...ou o PS.
Portanto, não achon que tenha havido muito mérito do PSD. Houve, sim, mérito do BE e também CDU e muito, muito, demérito do PS. Má escolha do cabeça-de-lista, péssima campanha a nível do debate, enfim, tudo correu mal. Já se estava à espera de haver uma penalização ao Governo. Mas as sondagens nunca apontaram uma tamanha penalização. E os votos de protesto foram todos para a esquerda e uns poucos para o CDS. O PSD terá que ter muito cuidado no discurso que fizer nas próximas meses já que não é seguro que os portugueses vejam em Ferreira Leite uma boa alternativa. Quanto ao PS, irá desvalorizar estas europeias, apelará ao voto útil e esperará que o PSD não embale numa onda vitoriosa. Sócrates suspira por boas notícias económicas que não surgem.

junho 09, 2009

Marta Jorge, RTP, Bissau


A única coisa positiva que se pode retirar dos problemas na Guiné-Bissau - atentados presidenciais, assasínios de candidatos, entre outros - é podermos seguir a cobertura televisiva destas notícias na RTP.
(Marta Jorge está bastante desfavorecida nesta imagem. Era a única que havia.)

junho 08, 2009

Rescaldo - duelo MMS vs MEP

Não seria difícil prever este desfecho. O MEP conseguiu mais do dobro dos votos do MMS, tal como tinha antevisto aqui. É justo pela campanha que fizeram. E, a continuar assim, podem ser decisivos nas legislativas.

Rescaldo - as sondagens

Ontem o PSD reclamou contra as sondagens que davam a vitória ao PS e não ao PSD. Mas as sondagens, relativamente ao PSD, acertaram todas no resultado! Ou seja, atribuindo trinta e poucos por cento ao partido de Ferreira Leite. A única coisa que a sondagem não previu foi o grande resultado do PS. Foi de facto histórico, foi de facto muito mau. E o PS não perdeu votos para o PSD. Mas sim para o BE, CDU e, em parte, para o CDS. O PSD é talvez o único partido que se mantém estável. Um aviso para as legislativas.

junho 07, 2009

Noite eleitoral (5)

Depois do aborto, este foi o meu segundo acto eleitoral. Depois do aborto, esta foi a minha segunda vitória. E não votei Rangel...

Noite eleitoral (4)

Rangel ganhou. E, por mim, fico contente. É da maneira que vai para longe porque eu não o posso aturar. O discurso dele revelou tudo o que eu penso dele. Quando no discurso de vitória diz que Sócrates fugiu ao debate no Parlamento, escondendo que na conferência de líderes ele nem estava lá e o seu representante votou favoravelmente à não ida do primeiro-ministro aos debates quinzenais, mostrou de que fibra é feita. Vá para Bruxelas, dê uns passeios por Estrasburgo e não volte.

Noite eleitoral (3) vencedores e derrotados

(ainda antes dos resultados e declarações)
Vencedores (por ordem decrescente): Bloco de Esquerda, Paulo Rangel, Nuno Melo, Ferreira Leite.
Derrotados (por ordem decrescente): José Sócrates, Vital Moreira, PCP, PS, Centros de Sondagens.

Noite eleitoral (2)

O que estas eleições confirmam, e já tinham sido confirmadas com as presidenciais, é que a maioria absoluta do PS foi um acaso, uma oportunidade de ouro bem aproveitada. Dificilmente o PS tem nova maioria absoluta nos próximos 20 anos. E espera-se o caos no pós-legislativas. No pré-legislativas vai haver muito apelo ao voto útil para ser retirado ao Bloco e CDS.

Noite eleitoral

Primeiras reacções:
1- Isto vai ser até ao fim!
2- PSD, caso ganhe, não é uma vitória grande. É apenas uma vitória porque, mesmo assim, não aproveitou o descontentamento com o Governo. E há uma clara derrota do PS. Maioria absoluta já era.
3- PS perde imensos votos para o Bloco.
4 - PSD perde também votos para o CDS.
5- Confirma-se mais uma derrota de Sócrates, depois de Soares e autárquicas.
6- Bloco, se eleger o terceiro deputado, será o vencedor da noite. À espera do MEP.

Sondagens

As sondagens à boca das urnas só referem cinco partidos. Quer dizer que só aqueles cinco vão ter eurodeputados? Veremos...

Euromilhões

Ficam aqui as minhas apostas para os resultados de logo à noite:

PS - 33% a 36%.

PSD - 32% a 35%.

CDU - 8,5% a 11%.

BE - 7,5% a 9,5%.

PP - 5,5% a 7,5%.

MEP - 1,5% a 3,5%.

abstenção - 64% a 72%.

Acabou a reflexão!

Federer, toca a derrotar o sueco.
(adenda 16h26: e pronto, já posso dizer que vi fazer-se história! Finalmente, Roger!)

junho 06, 2009

Continuo em reflexão!

Chico Buarque e Dorival Caymmi, "A vizinha do lado".

(música (bem) lembrada pelo Pedro Barbosa em comentário num dos últimos vídeos)

Estou em reflexão (4)

João Gilberto, "O Pato".

Estou em reflexão! (3)

Caetano Veloso e Gilberto Gil, "Qualquer Coisa".

Estou em reflexão! (2)

Chico Buarque, "Como se fosse a primavera".

Estou em reflexão!

Jorge Palma, "Escuridão"

junho 04, 2009

Discriminação (2)

Na altura revelei aqui a discriminação que a Antena1 teve com as candidaturas dos partidos mais pequenos às eleições europeias, fazendo a estes entrevistas mais pequenas do que aos outros. A minha crítica não se ficou pelo blogue e escrevi ao provedor do ouvinte, Adelino Gomes, dando conta dessa mesma discriminação.
No último programa do provedor (29 de Maio), Adelino Gomes aproveitou a minha crítica para se debruçar sobre este tema. Evidentemente que me deu razão, não considerando haver razão nenhuma para dar menos tempo a uns e mais a outros. Mas o mais engraçado foi a explicação de João Barreiros, director de informação da Antena1. Para este, como tinham pouco tempo para fazer as entrevistas tiveram que realizar algumas no mesmo dia, encurtando umas, alongando outras. Foi, apenas, uma desculpa esfarrapada.
Para ouvir o programa, clicar aqui.

Ilda

Ilda Figueiredo respondeu à altura da insuportável Edite Estrela. Esta disse que Ilda andava "caladinha" quanto ao facto de na comitiva da CDU criticarem as candidatas Elisa Ferreira e Ana Gomes, que serão também candidatas a autarquias este ano, já que a cabeça de lista da CDU será também candidata à Câmara de Gaia.
Ilda disse: "É verdade. Eu sou candidata à Câmara de Gaia, continuando aquilo que eu já sou hoje". Ilda é, actualmente, vereadora da Câmara de Gaia simultaneamente com o cargo de eurodeputada. A grande diferença entre ela e as candidatas socialistas é que Ilda acumulará cargos, coisa que não vem mal nenhum ao mundo, até há vantagens como já referi aqui.
Ana Gomes e Elisa Ferreira ou querem o lugar luxuoso de Estrasburgo ou o poder autárquico. As cidades de Sintra e Porto ficam, assim, para segundo plano porque não parece que as socialistas venham a exercer o cargo de vereadoras.

Delito de Opinião

No post anterior citei um membro de blogue Delito de Opinião. Mas, sobre eleições europeias, é impossível deixar de citar o melhor blogger destas eleições, o Pedro Correia. Está a fazer um trabalho fantástico, leu os programas todos dos partidos e fez os seus comentários. Eu, mais os meus textos sobre Europeias, sou apenas um aprendiz. Mas nas suas análises confirma-se muito do que aqui se tem dito. Este é o link com todos os seus textos sobre estas eleições. A ler, sem falta, até domingo.

MMS e MEP (2)


Vou voltar a uma tema que já me referi aqui. Por uma simples razão: parece-me ser um dos temas mais interessantes desta campanha, a entrada deste dois novos partidos e a sua comparação.

MMS e MEP não têm uma ideologia comum. Aliás, o MMS - ou será melhor dizer Eduardo Correia? - é contra a divisão esquerda/direita enquanto o MEP diz-se situar ao centro. Ambos apostam no cansaço relativamente aos outros partidos mas as estratégias de comunicação são diferentes. Basta ver os tempos de antena ou consultar os sites que se percebe que, por um lado, o MMS aposta praticamente na descredibilização dos partidos do poder e nos problemas do país, oferecendo poucas soluções. Por outro lado, o MEP, que também se mostra descontente com os actuais partidos, aposta claramente na palavra "esperança" para chegar aos eleitores, fazendo propostas muito concretas, com um discurso positivo e construtivo.


O facto de voltar a este assunto é simples: nos últimos dias cruzei-me com as campanhas dos dois partidos. E a diferença é abismal. Já expliquei aqui que a escolha de Laurinda Alves é muito melhor que a de Carlos Gomes. Mas, no contacto com os portugueses, o MEP ganha por goleada. A comitiva do MMS é apenas Carlos Gomes e Eduardo Correia, o líder do partido, mais dois ou três apoiantes. Nada mais. Têm uns panfletos pequeninos, não têm grandes símbolos logo a sua identificação rápida é muito difícil. A prova disso foi o Jamor, no último domingo, dia da final da Taça. No final do jogo, a sair do estádio, deparo-me com um Carlos Gomes de t-shirt e calções de praia a distribuir uns papéis. Ele e mais uma criatura qualquer. Ninguém prestava atenção, Carlos Gomes nem interagia com as pessoas. Fraco, muito fraco.


Já o MEP é visível à distância. Aquele verde é forte, têm uma camioneta enorme, bandeiras que não passam despercebidas a ninguém, ou seja, para partido novo é fantástico ver esta estrutura montada. Vê-se que apostam forte nesta eleições e isso percebe-se nos panfletos que recebi: querem eleger dois a quatro deputados já nas próximas legislativas. Se continuarem com esta dinâmica, podem a aspirar a muito.


Interessante é também o envolvimento dos presidentes deste dois partidos. Não foram (e bem) escolhidos para cabeças-de-lista mas o seu envolvimento é distinto. Se Rui Marques está sempre presente mas parece não querer tirar protagonismo a Laurinda Alves, já Eduardo Correia assume-se como o chefe da campanha. Estive num debate organizado pela Associação de Estudantes do ISCTE e pelo Núcleo de Alunos de Ciência Política em que Eduardo Correia participou e a sua prepotência e desejo de protagonismo vieram ao de cima. Não apresentaram propostas, não mostraram um discurso construtivo. Estava mais preocupado com a imagem, "coloquem-me bem à frente, por favor, para as pessoas me verem muito bem", ouvi da boca dele. Para além de ter levado a sua claque - alunos seus no ISCTE - que, a cada intervenção sua, aplaudiam como se estivéssemos perante um grande vulto da política portuguesa.


Estes elogios que fiz ao MEP não os faço como eleitor. Não me identifico nada com as suas propostas muito menos com a sua cabeça-de-lista. Mas isso não me impede de dizer que o MEP é a grande surpresa desta campanha. Dificilmente elegerão algum deputado. Mas estou a torcer para que tenham um bom resultado e duvido que fiquem atrás do MMS, podendo ser o MEP a sexta força política mais votada, o que acontecer, tal como Cristina Ferreira disse, "te[rei] que rever algumas ideias-feitas que tenho sobre os portugueses". Era um excelente prémio para esta campanha. Já o MMS, aposto que desaparecerá dentro de dois anos, máximo. Muita parra, pouca uva.


junho 02, 2009

Europeias - vitórias e derrotas


O que significa vitória e derrota para os principais partidos nas eleições de 7 de Junho?


PS - Vitória é claramente ter mais deputados que o PSD. Ficar com o mesmo número, mesmo que à frente percentualmente, poderá não ser considerado uma grande conquista. Derrota é ficar atrás, percentualmente ou nominalmente, do PSD.


PSD - Vitória será ter o mesmo número de eurodeputados do PS, mesmo ficando atrás percentualmente. Significa que não estão longe, apesar de haver quem considere que, no actual contexto de contestação ao Governo, ficar atrás em número de votos é uma grande derrota. Não concordo porque as sondagens feitas nos últimos dois anos sempre posicionaram o PSD muito longe do PS. Ficar com um número maior de deputados do PS será uma enorme vitória. Derrota será ter menos deputados e ficar a mais de 7/8% dos votos do PS.


CDU - Vitória será ter três deputados eleitos, ficar em terceiro lugar, ficar à frente do Bloco, por ordem de importância. Mesmo que mantenham o mesmo número de deputados (2) que dará para ficar em terceiro, se não ficarem à frente do Bloco será uma derrota. Derrota, grande, será elegerem apenas Ilda Figueiredo, o que parece improvável.


CDS-PP - Aplica-se o mesmo que à CDU menos no que respeita ao BE. Não há propriamente um duelo que existe entre Bloco e CDS por isso caso Nuno Melo e a sua lista consigam eleger dois deputados, já será um bom resultado. Ficarem com o terceiro lugar será fantástico para Paulo Portas. Derrota pressupõe elegerem apenas um deputado e, percentualmente, abaixo dos 6%.


BE - Para um partido que tem apenas um eurodeputado, duplicar essa representação será já uma vitória. Mas o Bloco quer mais e ficar à frente da CDU será ainda melhor para este partido. Então se acontecer este cenário com Rui Tavares eleito poder-se-á falar numa clara vitória. Derota é, apenas, a não eleição de Marisa Matias, a nº2 da lista.


(quanto às outras candidaturas, vitória será eleger um deputado e derrotas não existem, a não ser que consigam apenas os votos dos familiares e amigos. Destaque para a luta entre MMS e MEP. Quem ficar atrás poderá considerar-se derrotado e, à frente, vitorioso nesta pequena guerra.)

Essien


Esta é uma das (boas) fotos que Essien, jogador do Chelsea, captou durante os festejos da sua equipa. Para isso usou uma das máquinas que estava por trás da baliza. O dono da máquina era um repórter do Times. Ver aqui a (boa) reportagem e mais fotos de Essien.

junho 01, 2009

É o financiamento, estúpido!

No sábado passado, o Expresso noticiou que Cavaco, entre 2001 e 2003, tinha feito uns negócios com umas acções da SLN, do senhor Oliveira e Costa. Segundo o mesmo jornal, tudo foi legal mas, o que importa aqui, é o silêncio do PR em relação a tudo isto. Miguel Abrantes sintetiza bem o que é necessário esclarecer deste processo neste texto.
Para além disso, neste caso o mais interessante foi ainda ver representantes de partidos como o Bloco e o PCP defenderam Cavaco, afirmando que tudo isto é normal e que não há caso nenhum - a mesma coisa fizeram PSD e CDS, como seria de esperar. Não é normal Bloco e PCP reagirem assim a um caso destes. O timing para não abrir um possível conflito com o PR é oportuno: todos os partidos estão à espera, rezando às escondidas, que Cavaco não vete a lei do financiamento.